SEM GRILHETAS NEM SENSURA

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PORTAL DE AGOSTINHO DA SILVA

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O FILOSOFO DE PORTUGAL

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O INÍCIO E O FIM DO IMPÉRIO ROMANO


Reino de Roma ou monarquia romana  (em latim: Regnum Romanum, "Reino de Roma", ou Reges Romae, "Reis de Roma') é a expressão utilizada por convenção para definir o Estado monárquico romano desde a sua origem até à queda da realeza em 509 a.C. que, mais precisamente, vai desde o momento lendário de sua fundação em 21 de Abril de 753 a.C. até ao final da monarquia em 509 a.C., quando o último rei,  Tarquínio, o Soberbo  (último dos reis Tarquínios), foi expulso e instaurada a República Romana. A documentação desse período é precária, e até mesmo o nome dos reis são desconhecidos, citando-se apenas os reis lendários, apresentados nas obras de Virgílio (Eneida) e Tito Lívio (Ab Urbe condita libri).

As origens da monarquia são imprecisas, se bem, parece claro, que foi a primeira forma de governo da cidade, um dado que parece confirmar a arqueologia e a linguística.
Durante esse período o rei “Rex” acumulava as funções executiva, judicial e religiosa embora com os seus poderes  limitados na área legislativa, já que o Senado, ou Conselho de Anciãos, tinha o direito de veto e sanção das leis apresentadas pelo rei. A ratificação dessas leis era feita pela Assembleia ou Cúria, composta de todos os cidadãos em idade militar. Na fase final da realeza, a partir do fim do século VII a.C., Roma conheceu um período de domínio etrusco, um aglomerado de povos que viveram na península Itálica na região a sul do rio Arno e a Norte do rio Tibre, mais ou menos equivalente à actual Toscana, com partes no Lácio e na Úmbria, que coincidiu com o início de sua expansão comercial.

O surgimento do Império vem como consequência da expansão crescente da Republica de Roma durante os séculos II e III a.C.. Nesse período a população sob o domínio de Roma aumentou de 4 milhões para 60 milhões, mostrando como teve o seu poder ampliado, de 1.5% da população mundial, para 25%.

Nos últimos anos do século II a.C., Gaius Marius (157 aC - 86 aC) transforma o exército romano num exército profissional, no qual a lealdade dos soldados de uma legião é declarada ao general que a lidera e não à sua pátria. Isso, combinado com numerosas batalhas que Roma travou nos finais da República que favoreceu o surgimento de uma série de líderes militares tais como Pompeu (Cnaeus Pompeius Magnus; Picenum, 29 de Setembro de 106 a.C.— Egipto, 29 de Setembro de 48 a.C.) e Júlio César, (Gaius Iulius Caesar ; 13 de Julho, 100 a.C. – 15 de Março de 44 a.C.) que, dispondo da força à sua disposição, começam a utilizá-la como meio de obter ou reforçar o seu poder político.

As instituições republicanas encontravam-se em crise desde o princípio do século I a.C., quando Lucius (Lucius Cornelius Sulla; 138 a.C. - 78 a.C.) quebrou todas as regras constitucionais ao tomar a cidade de Roma com o seu exército, em 82 a.C., tornando-se ditador vitalício.
Esta série de acontecimentos culminou no Primeiro Triunvirato, acordo secreto entre César, Pompeu e Crasso (Marcus Licinius Crassus Dives; 115 a.C. -  53 a.C., vencedor do lendário Spartacus). Tendo este Triunvirato sido desfeito após a derrota de Crasso em 53 a.C., restavam dois líderes influentes, César e Pompeu; estando Pompeu no lado do Senado, este declara César inimigo de Roma, ao que César responde, atravessando o Rubicão e iniciando a Guerra Civil.

Vencido Pompeu, torna-se efectivamente a primeira pessoa a governar Roma, desde o tempo da Monarquia.

O seu assassinato pouco tempo depois, nos idos de Março 44 a.C., às mãos dos conspiradores liderados pelo seu filho adoptivo Brutus (Decimus Junius Brutus Albinus; 81 a.C. - 43 a.C.) e Cássio (Gaius Cassius Longinus; 85 a.C. - Outubro de 42 a.C.), termina esta primeira experiência de governo do estado romano, surgindo o Segundo Triunvirato, entre Octávio (Gaius Iulius Caesar Octavianus Augustus; 23 de Setembro de 63 a.C. - 19 de Agosto de 14 d.C.), sobrinho-neto de Júlio César, Marco António (vide Cleópatra) e Lépido, gerando uma nova guerra civil destacando-se Octávio como vencedor, voltando Roma a ser governada por uma única pessoa com poderes efectivos.

O reinado de César Augusto foi um período de prosperidade e expansão. A nova estrutura política criada por Augusto designa-se por principado, sendo o chefe do império designado por “princeps civium”, o primeiro dos cidadãos, e ao mesmo tempo “princeps senatus”, o primeiro do Senado.
Augusto era também comandante-chefe do exército e decidia a guerra ou a paz e autonomeou-se tribuno por toda a vida. Augusto não era realmente dotado para a estratégia, mas tinha bons generais de confiança, como Agripa, que anexou oficialmente o Egipto, que já estava sob domínio romano havia 40 anos, a Península Ibérica, e outros territórios, onde permaneceram por 400 anos.

O império de Augusto era vasto e heterogéneo, com várias línguas e povos. O grego era a língua mais falada nos territórios orientais, e o latim nos ocidentais, porém progredindo como idioma da época. Augusto passou a tratar todos os habitantes do império como iguais e visitou várias zonas para verificar quais os problemas de cada província, assim estas floresceram e atingiram o máximo do seu desenvolvimento.

Com Trajano (Marcus Ulpius Traianus, nasceu em Itálica, actual Santiponce, na Bética, no sul da Hispânia, perto da actual Sevilha a 18 de Setembro de 53 d.C. - 9 de Agosto 117) Foi imperador romano de 98 a 117 sob o seu reinado o Império Romano atingiu a sua máxima extensão.

Em geral, a expressão queda do Império Romano refere-se ao fim do Império Romano do Ocidente, ocorrido em 476 d.C., com a tomada de Roma pelos hérulos que foi um povo germânico, originário do sul da Escandinávia, uma vez que a parte Oriental do Império, que posteriormente os historiadores denominariam Império Bizantino, continuou a existir por quase mil anos, até 1453, quando ocorreu a Queda de Constantinopla.
A queda do Império Romano do Ocidente foi causada por uma série de factores, entre os quais as invasões bárbaras que causaram a derrocada final do Estado, dando-se assim inicio à IDADE MÉDIA.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

CARLOS MAGNO

IMPERADOR DO OCIDENTE

(N.?, 742 – F. Aix-la-Chapelle, 814)
Durante o reinado de Carlos Magno (768-814), a Europa experimentou um notável desenvolvimento cultural que se tornou conhecido sob o nome de “Renascimento Carolíngio”. Rei dos Francos e imperador do Ocidente. É o filho mais velho de Pepino, o Breve, que quando morre em 768 reparte os seus reinos entre os dois filhos: Carlos Magno e Carlomano. Ao primeiro correspondem a Austrásia, Nèustria e Aquitânia Ocidental e, ao segundo, Borgonha, Provença, Aquitânia Oriental, Gótia, Alamânia, Turíngia e Hesse. Os dois irmãos não se dão bem; quando morre Carlomano, Carlos Magno fica como único rei.

               Os factos que merecem destaque no reinado de Carlos Magno são de índole militar e religiosa. Os primeiros feitos de armas importantes de Carlos Magno são as expedições a Itália, contra Desidério,  duque da Toscânia, também conhecido como Didier da Ístria  (710 - 786), último rei lombardo que reinou desde 756 e cuja filha, Desiderata, repudia por ter casado em 768 como segunda esposa de Carlos Magno.  Contando com o apoio do Papa Adriano I, Carlos Magno faz uma primeira expedição em 773. Desidério vê-se bloqueado em Pavia e rende-se 774; o monarca italiano retira-se para um convento e Carlos Magno assume o título de rei da Lombardia. Em três sucessivas expedições (anos de 776, 780 e 786), Carlos Magno conquista o reino e submete o ducado de Benevento.
   
                As guerras de Carlos Magno em Espanha têm mais interesse literário que político ou bélico. Aproveita as rivalidades entre os reis árabes, em 778 cruza os Pirenéus e ataca Pamplona. Ao regressar desta expedição, Roldano, conde da Bretanha, que comanda a retaguarda da expedição, é atacado e vencido em Roncesvales pelos Vascões. Posteriormente, as tropas francas fazem incursões contra as Baleares (799) e contra Barcelona (801).
   
                As guerras contra os Saxões são intermináveis. A primeira expedição data de 772. Ostefália e Vestefália submetem-se em 775. Em 777 começam os primeiros baptismos de saxões. Carlos Magno chega até ao rio Elba em 780. Em 781 organiza Saxe e, em 782, começam as sublevações. Carlos Magno emprega então métodos de repressão sumamente rigorosos: segundo a tradição, próximo de Verdun faz degolar quatro mil e quinhentos saxões. A insurreição então generaliza-se. Carlos Magno e os seus comandos insistem e, em 785, Widukindo submete-se e recebe o baptismo em Attigny. Contudo, os levantamentos sucedem-se. Em 804 Carlos Magno passa o Elba.

Após os saxões tem que combater os bávaros. O seu chefe é Tassilo (ou Tassilão III), primo de Carlos Magno. Em 787, o rei franco toma Augsburgo, e Tassilo humilha-se perante o seu vencedor. Mas volta a levantar-se; vencido de novo, retira-se para o Mosteiro de Jumièges. Os Ávaros continuam uma sangrenta guerra contra Carlos Magno; estão instalados nas planícies húngaras. A campanha de 791 é terrível. Em 796 o seu chefe, Tudun, submete-se e é baptizado em Aquisgrano. Volta a rebelar-se e é definitivamente vencido em 804.
                                                                                                                                                                          
                Em todas estas lutas Carlos Magno está sempre apoiado pelo papa Adriano I e, à morte deste (795), pelo seu sucessor, Leão III. No dia de Natal do ano de 799, Leão III coroa Carlos Magno imperador na Basílica de S. Pedro. Carlos Magno quer ser único imperador, mas o imperador de Constantinopla não está disposto a deixar arrebatar as suas prerrogativas. Constantinopla está demasiado longe para fazer a guerra ao seu imperador e, além dos Venezianos, únicos donos de uma frota capaz de transportar as tropas francas, já praticam a sua hábil política de não se comprometerem. O mais que Carlos Magno consegue, por mediação do papado, é que Constantinopla o reconheça como imperador, e vice-versa.
   
                Também trava relações com Harun al-Rashid, califa de Bagdade. A primeira embaixada de Carlos Magno data de 797. Destas relações procedem os primeiros estabelecimentos francos na Terra Santa, onde Carlos Magno faz fundar mosteiros e um hospital de peregrinos. A embaixada de Harun al-Rashid leva a Carlos Magno um elefante, um relógio mecânico e as chaves do Santo Sepulcro.
  
                Ao falar do governo de Carlos Magno há que esquecer por completo qualquer ideia moderna a ele respeitante.

 Na realidade Carlos Magno não governa nem administra. Limita-se a exercer uma supremacia militar e religiosa. Por exemplo, após esmagar os Saxões, tê-los forçado a baptizarem-se e tê-los aparentemente dominado, faz redigir os seus usos e costumes em presença dos seus delegados, e estes costumes convertem-se em leis. Actua assim em todo o lado. A sociedade organiza-se e administra-se por si mesma sob o comando de múltiplos poderes locais constituídos em virtude do desenvolvimento das famílias. Tal é a origem do feudalismo. Os representantes vitalícios de Carlos Magno são os bispos e os condes, e o cargo destes últimos é hereditário. Assim, Carlos Magno cede às necessidades da organização social, recomenda ao filho não privar ninguém da sua «honra» sem motivos sérios. Também dispunha dos missi dominici (enviados do senhor), mas, dadas as dificuldades das comunicações, a sua actividade é certamente embrionária. Não é surpreendente a rapidez com que se desfaz o trabalho do grande imperador; a sua obra é superficial, o seu poder é o de um mero chefe militar.
   
                O reinado de Carlos Magno caracteriza-se por uma espécie de renascimento das letras e das artes por causa do enérgico impulso do imperador. Alcuíno de York é o director da escola instalada no próprio palácio de Carlos Magno. A partir dali Alcuíno exerce uma grande influência sobre o movimento teológico, científico e literário da época.

sábado, 31 de julho de 2010

BREVE HISTÓRIA DA CIDADE DO PORTO


A origem de PORTUS-CALE
A área ocupada hoje pelo Porto foi cenário de vida humana desde o Paleolítico superior. Não existe ainda consenso onde surgiu o núcleo da antiga cidade inserindo-se aqui o problema da discussão de Cale e Portucale. Cale (Calem), aparece no Itinerário de Antonino (séc. II. d.C.). Para Sousa Machado, Cale será apenas o ponto de passagem entre as duas margens do Douro e terá o sentido de abrigo, isto é, de porto. A Cale os romanos juntaram portus (Portuscale, Portucale), segundo o mesmo autor, Cale, como povoação arcaica pré-romana não terá existido. Mendes Correia,   situa Cale no morro do Corpo da Guarda, na área mais tarde designada Cividade, como local de povoamento pré-romano que precede o Porto. Perto do morro de Pena Ventosa, onde se levanta a Sé, teria segundo este autor, igualmente uma ascendência pré-romana.   Portucale ficaria ainda junto do Douro na zona ribeirinha.

 Existindo ainda outras opiniões, parece ser consenso admitir a importância do morro de Pena Ventosa na origem da cidade no período pré-romano, na romanização e posteriormente, (tese mais tradicional). Imensas descobertas arqueológicas permitem atribuir relevo especial ao morro de Pena Ventosa. Aí, certamente o lugar da antiga Cale e, por isso, a origem do Porto.

 A confirmar estará a origem da própria palavra, à qual têm sido atribuídos muitos sentidos, mas que no seu étimo ( Cal, Kal ) significa pedra, rocha, lugar elevado e rochoso, Portuscale   ( do nome romano Portus + Cale), Portucale era de principio o Porto de Cale, que ficava naturalmente, junto do Douro, na foz do rio da Vila. Alguns séculos mais tarde, (documentalmente desde o 1º quartel do séc. XII, mas na prática já antes) a cidade passou a designar-se por Portus, Porto com o 1º elemento do nome, caindo a parte final.

De verdade histórica indiscutível, é a existência de dois muros defensivos no Porto, ambos medievais: A muralha dita sueva (cerca velha) e a muralha  fernandina  (cerca nova), das quais existem ainda hoje vestígios. Situam-se nos mais recuados séculos da idade média a época em que se ergueu a primeira muralha em volta da cidade no modesto povoado castrense no alto do morro da Pena Ventosa. Atribui-se aos Reis Suevos, a construção dessa primitiva cerca e terá sido sobre os alicerces dessa fortificação sueva, arrasada pelo chefe mouro Almançor em 825, que o Gascão Moninho Viegas, (trisavô de Egas Moniz), ajudado pelos cristãos, no tempo da Reconquista, mandaria reconstruir os muros do burgo.  Na acção da reconquista do território aos mouros, conhecida como Presúria do Porto, (no ano de 868), foi importante o papel do Conde de Vimara  Peres, considerado pelos historiadores o " restaurador da cidade de Portucale e fundador da terra portucalense", recordado desde 1968, na estátua equestre erguida junto à catedral portucalense.

 Designada também  "Castelo do Porto" em muitos documentos antigos, a cerca velha, data pois, da Alta Idade Média e existia ainda em 1120, aquando da doação do Burgo Portucalense ao Bispo D. Hugo. De facto, no documento de doação de D. Teresa, referem-se territórios "extra muros", que integravam, para além do Castelo propriamente dito, o couto  doado ao primeiro bispo da diocese definitivamente restaurada. Esta cerca primitiva, erguia-se no morro da Pena Ventosa, à volta da Sé e de algumas construções que formavam o núcleo do primeiro burgo portucalense.
No  tempo de D. Afonso Henriques foi o Bispo D. Pedro Pitões que recebeu junto à Sé os cruzados nórdicos que, em 1147, entraram na barra do Douro, convencendo-os a auxiliarem o Rei Português na conquista de Lisboa. 
Em 1330, o Porto era uma cidade importante e grande; era ponto obrigatório da actividade mercantil.           
Em meados do século XIV, torna-se premente construir uma nova muralha no Porto, de modo a proteger a cidade em pleno crescimento de todas as arremetidas inimigas.  
Até ao final da Idade Média o Porto foi local de disputas entre bispos e cónegos, clero contra frades franciscanos, bispos contra reis, burgueses contra bispos, burgueses contra fidalgos. Esta última disputa fez com que fidalgo que quisesse vir ao Porto só pudesse permanecer na cidade um máximo de três dias.            
Em 1355, o infante D. Pedro e o rei D. Afonso IV, devido aos acontecimentos que envolveram Inês de Castro, iniciam uma guerra que vai ser travada no Porto. A população, fiel ao rei, consegue resistir à investida de D. Pedro. Tornava-se imperioso amuralhar a cidade.
           
Esta decisão foi tomada pelo rei pois a obra era tão exigente e cara que só ele poderia patrociná-la. Foi mobilizada toda a população. As zonas limítrofes do Porto também colaboraram no empreendimento.      
Foi então D. Afonso IV o verdadeiro autor do amuralhar da cidade. No entanto, o rei não viu acabar a sua obra. Esta terminou em 1370, volvidos cerca de quarenta anos de trabalho anónimo, já no reinado de D. Fernando. No total a muralha preenchia 44,5 hectares, cinco portas defendidas por torres, inúmeros postigos e cubelos, conciliando na perfeição interesses civis e militares.

O Porto medieval é labiríntico, de ruas estreitas e tortuosas. Todavia, prosperava, graças ao comércio com os países do Norte, e da vontade e firmeza da sua população. Aquando a crise de 1383-1385, o Porto esteve incondicionalmente ao lado do Mestre de Avis. São muitas as ligações do fundador da dinastia de Avis ao Porto, aqui se casou em 1387 com D. Filipa de Lencastre, aqui nasceu sete anos mais tarde o Infante D. Henrique.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

SOROR MARIANA ALCOFORADO

Freira nascida em Beja, que como autora de cartas apaixonadas e famosas pela naturalidade mereceu a admiração de autores como Racine, Stendhal e Rilke.
Com onze anos, é obrigada a entrar para o convento franciscano de Nossa Senhora da Conceição, em Beja, contra a sua vontade, mas para cumprir a irrevogável decisão do pai, que assim decidiu, para protegê-la do brutal conflito provocado pela guerra com Espanha. Ali permaneceu, mas sempre esperando pelo dia em que poderia regressar ao seio da família e à liberdade da vida real.

Após a chegada de um regimento francês, à cidade, que fora ajudar Portugal na luta contra a Espanha, nas guerras da Restauração, ela conheceu um oficial da cavalaria, o Capitão Noël Bouton, futuro conde de Saint-Léger, mais tarde marquês de Chamilly.
 Então com vinte anos, o instinto físico de Mariana falou mais forte e ela deixou-se dominar por uma incontrolada paixão que a fez introduzi-lo secretamente na sua cela durante várias noites seguidas. Descobertos, a notícia dessa relação rapidamente se difundiu causando escândalo e o oficial foi mandado de volta à França. Destruída, ela passou a escrever-lhe, sem resposta, cartas extraordinariamente belas e apaixonadas.
 Faleceu na Cidade de Beja. A sua correspondência destinada a Bouton, as famosas “Lettres portugaises” (1669), um conjunto de cinco cartas, foram publicadas em Paris por Claude Barbin, avaliadas entre as mais comovedoras do género. Antecipando o movimento romântico, chamaram a atenção de La Bruyère, Saint-Simon e, mais tarde de Saint-Beuve e outros autores.
Nova publicação foi editada de Colónia (1678), uma a colectânea traduzida para o francês por Gabriel Lavergne de Guilleragues. A ele caberia por inteiro, segundo críticos modernos, a autoria da obra.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

OS JUDEUS EM PORTUGAL


Pesquisas históricas indicam que a presença judaica em Portugal remonta ao século VI antes da era cristã, sendo anterior à formação do reino de Portugal. No século XII, sob o comando de D.Afonso Henriques, Portugal torna-se uma nação e surgem as primeiras comunidades judaicas em Lisboa, no Porto, Santarém e Beja.
Durante o reinado de Afonso Henriques, os judeus viveram momentos de tranquilidade e prosperidade, possuindo também um sistema comunitário autónomo no qual o Grão Rabino era indicado pelo rei.
  
Neste período, o Grão Rabino, Yahia Ben Yahia, foi escolhido ministro das Finanças, sendo também responsável pela colecta de impostos no reino. A tradição implantada por Afonso Henriques, de escolher judeus para a área financeira e de manter um bom relacionamento com as comunidades judaicas, é seguida por seus sucessores.
No entanto, para os judeus, a era de prosperidade e de participação na vida política e económica no reino termina no início do século XV, com o aparecimento de um anti-judaísmo local e com a influência cada vez maior da Inquisição espanhola.
  
Por trás da deterioração da situação das comunidades judaicas estão as pressões da Igreja, o surgimento da burguesia e, por último, a aliança da Espanha com Portugal, fortalecida através do casamento de D. Manuel I com Isabel de Aragão e Castela ou D. Isabel de Trastâmara y Trastâmara, viúva do filho de D. João II e filha dos reis católicos Fernando II de Aragão e Isabel de Castela. D. Isabel morreu de parto em Saragoça, ao dar à luz.

 A sua morte, em 1498, durante o parto do seu filho, levou a que D. Manuel, numa política de aproximação entre as duas casas reais peninsulares, se viesse a consorciar com a sua irmã Maria em 30 de Agosto de 1500, tendo aí iniciado uma ligação dinástica com a Espanha tão profunda que, em última análise, estará na origem dos acontecimentos de 1580.

Como na Espanha, a prosperidade dos judeus em Portugal, despertou a inveja dos seus vizinhos, impondo-lhes, entre outras punições, maiores impostos.
Para a Igreja, a conversão dos judeus e o fim do judaísmo são as únicas maneiras de afirmar definitivamente a identidade messiânica de Jesus. (Presunção judaica) Para a burguesia, o fim dos judeus significa a possibilidade de conquistar uma posição privilegiada na vida económica da nação. Para os reis católicos, representa a extensão da Inquisição espanhola em solo português, perseguindo aqueles que conseguiram fugir do decreto de 1492, que determinou a expulsão de todos os judeus da Espanha.

Por trás da deterioração da situação das comunidades judaicas estão as pressões da Igreja, o surgimento da burguesia e, por último, a aliança da Espanha com Portugal, fortalecida através do casamento de Manuel I com Isabel, filha dos reis católicos Fernando e Isabel. 
A maioria dos judeus, que fugira da Espanha justamente para evitar a conversão, decide então, sair de Portugal. O Rei, no entanto, diante da possibilidade de evasão do capital financeiro do país, juntamente com a população judaica, publica um novo decreto, que proíbe a partida de Portugal e força os judeus a se converterem.

Segundo o relato de Cecil Roth, no seu livro "Uma História dos Marranos", crianças foram arrancadas do colo dos seus pais e entregues a famílias cristãs, para viverem em locais muito distantes dos seus familiares. Para alguns judeus era preferível a morte do que o baptismo dos filhos.
Diante dessas medidas, não restaram muitas opções aos judeus portugueses. Enquanto uma parcela das comunidades judaicas locais aceita o seu destino e assume totalmente a nova religião, chamados “Cristãos Novos” outra segue os novos preceitos apenas aparentemente, mantendo secretamente os seus rituais e tradições, implacavelmente perseguidos pela Inquisição. São justamente os descendentes dessas gerações que hoje, 500 anos após o decreto de expulsão e a conversão forçada, começam gradativamente a buscar e a assumir sua herança judaica.


Porquê o anti-semitismo?  
 
Desde a crucificação de Jesus da Nazaré - um judeu - que o mundo ocidental ficou anti-semita. Mesmo os que não acreditaram ou acreditam na divindade de Jesus, não compreendem nem aceitarão nunca o ódio que os seus compatriotas lhe votaram e que levou ao seu sacrifício na cruz.  
Foi na verdade uma crueldade imperdoável! Foi o sacrifício de um justo inocente. Tudo por um fundamentalismo religioso que hoje, utilizado por outros, tornou os perseguidores em perseguidos.  
E Porquê? O próprio Pilatos, como conta Eça de Queirós, na Relíquia, não lhe encontrou nenhuma falta, nenhum crime… Nem sequer trepou ao muro do vizinho para o espreitar - como dizia o romano.  
Ainda tentou salvá-lo, aproveitando o costume da Páscoa e libertando um prisioneiro, mas os judeus preferiram a libertação de Barrabás, um criminoso ou “um terrorista”, nos tempos de hoje e que o sangue do justo caísse sobre as suas cabeças e a dos seus descendentes, disseram.  
  
O procurador romano lavou as mãos, e mandou-o crucificar. Para o romano era mais judeu menos judeu, pois estes só causavam problemas a Tibério com as suas revoltas provocadas pelos seus extremismos religiosos.  
Matar um judeu, um gaulês ou um lusitano, nada significava para Roma.  Pouco mais tarde, para aplacar uma rebelião judaica, Tito, em 70 dC., destrói Jerusalém e arrasa o Templo.

Os judeus sempre foram empreendedores e dotados de conhecimentos excepcionais para a época (assim como hoje); naquele tempo, em plena Idade Média cuja população era totalmente analfabeta e cujo conhecimento estava nos mosteiros e conventos, os judeus eram letrados, diplomatas, conselheiros reais, administradores, médicos, matemáticos, astrónomos, comerciantes e banqueiros e, embora a maior parte da população judaica fosse composta de pessoas com profissões bem mais modestas, a saber, alfaiates, sapateiros, tecelões, pastores e pequenos comerciantes, grande parte de todo esse saber e conhecimentos foram perdidos por Portugal, com a fuga forçada dos judeus.

Para os judeus portugueses, o Programa de Lisboa foi a gota de água final. Iniciava-se uma nova diáspora judaica, tendo, alguns, rumado para o Norte da Europa, onde fundaram comunidades nos Países Baixos, em especial na Holanda e também na Alemanha. Outros dirigiram-se para o sul da França (Bordéus e Biarritz,) e até mesmo para a Inglaterra, onde a Inquisição praticamente deixou de ter expressão autoritária. Alguns judeus preferiram retornar ao Médio Oriente, tendo sido bem recebidos pelos turcos otomanos.

Os judeus portugueses também chegaram com os holandeses à Capitania luso-brasileira de Nova Lusitânia, Pernambuco, e consecutivamente a toda região setentrional do Nordeste brasileiro, outrora conquistado aos portugueses pela Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais, entre os anos de 1630 a 1654, onde, em especial, se estabeleceram no Recife.