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PORTAL DE AGOSTINHO DA SILVA

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O FILOSOFO DE PORTUGAL

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

BOUDICA A RAINHA GUERREIRA

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Boudica ou Boudicca foi uma rainha celta que liderou a revolta dos icenos, contra a invasão romana entre 60 e 61 dC.
Foi uma tribo bretã que habitou a área que corresponderá ao actual condado de Norfolk  (Inglaterra), entre os séculos I a.C. e I d.C.
Os Cenimagnos que se renderam a Júlio César durante a sua segunda expedição à Bretanha em 54 a.C., poderiam ter sido parte dessa tribo de icenos.

Juntamente com outras tribos, como os trinovantes, Boudica, comandou um numeroso exército contra as forças romanas que ocupavam a Grã-Bretanha, durante o império de Nero (54 a 68 d.C.)
O historiador Dião Cássio escreve sobre Boudica:

"Boudica era alta, terrível de olhar e abençoada com uma voz poderosa. Uma cascata de cabelos vermelhos que alcançavam os joelhos; usava um colar dourado composto de ornamentos, uma veste multi-colorida e sobre esta um casaco grosso preso por um broche. Carregava uma lança comprida para assustar todos os que lhe deitassem os olhos."

Dião Cássio relata ainda que ela cometeu todo o tipo de atrocidades em nome de uma deusa chamada Andraste, que seria a equivalente britânica de Vitória, em Latim “Victoria” era, na mitologia romana, a personificação da deusa da vitória e que corresponde à deusa grega Nice, em grego “Νίκη, Níkē ou Nike  "Vitória". O próprio nome “Boudica” poderá significar "vitória".

Há provas arqueológicas da sua existência, representadas por torques com desenhos para serem usados nos pulsos, em torno do pescoço ou nos ombros. Assinalava que quem os usava pertencia à nobreza.

Os icenos começaram a cunhar moeda por volta do ano 10 a.C., criando uma adaptação especial do desenho gaulês “cara de cavalo”, mas em algumas moedas anteriores, sobretudo da zona próxima a Norwich, o cavalo foi substituído por um javali. O primeiro nome registado, que aparece nas moedas é o de um tal “Antédios” por volta de 10 a.C., seguindo nomes abreviados como AESU e SAEMU.

A chamada Estrada “Icena”, um antigo caminho, que une a Ânglia Oriental com Chilterns foi denominada assim em honra deste povo.  
Boudica era casada com o Rei dos icenos que tinha feito um acordo com os romanos tornando-se aliado de Roma.

Com a sua morte Boudica assumiu a liderança do povo, contudo, os romanos ignoraram o acordo e o procurador Cato Deciano apropriou-se abusivamente de toda a herança do rei falecido; quando os icenos protestaram contra tal abuso, por intermédio da sua rainha viúva, Boudica, Cato Deciano ordenou às suas tropas para sufocar o protesto. Estas abusaram no emprego da força, açoitando a rainha e violando as filhas. Ela ficou indignada com o tratamento dado pelos romanos e iniciou uma revolta, unindo os povos próximos da sua cidade para lutarem pela libertação do jugo romano. Tomaram e massacraram algumas cidades que estavam sob controlo do império romano.

Depois de algumas perdas, o exército romano reorganizou-se e atraiu os rebeldes liderados por Boudica, em maior número mas estrategicamente para um terreno adequado as tácticas militares romanas, comandados pelo governador da Britânia, Caio Suetónio Paulino que conseguiu derrota-los. A revolta comandada por Boudica foi uma das mais violentas contra o império romano.

OS CELTAS:

domingo, 26 de setembro de 2010

OS BÓRGIAS


Alexandre VI, nascido a 1 de Janeiro de 1431 em Xàtiva, um Município de Espanha na província de Valência, - hoje comunidade autónoma da Comunidade Valenciana - faleceu em Roma a 18 de Agosto de 1503, subitamente, suspeitando-se que tenha sido envenenado por arsénico, adicionado à sua comida durante um banquete, o que provocou o enegrecimento do cadáver e o inchaço dentro do caixão, levando a que alguns assistentes tenham inserido o corpo num caixão maior. O seu funeral foi breve e sem grandes comemorações, tendo sido sepultado com o seguinte epígrafe "Aqui Jaz Alexandre VI, que foi papa", repousa na igreja de Santa Maria em Monserrato - Espanha. Foi papa de 10 de Agosto 1492 até à data da sua morte. Quando chegou a Itália, adoptou o nome de Rodrigo Bórgia, estudou direito em Bolonha. Com a nomeação do seu tio Alfonso de Borgia, para o papado como Calisto III, foi sucessivamente elevado a cargos de mais qualidade: bispo, cardeal e vice-chanceler da Igreja. Serviu a Cúria Romana durante cinco pontificados, adquirindo experiência administrativa, influência e riqueza, mas não grande poder. A partir de 1470 ligou-se a Giovanna (Vanozza) Cattanei, de quem nasceram os seus filhos bastardos; teve ainda por amante Giulia Farnese, mulher de Orsino Orsini.

Em 1494 sofreu uma tentativa de deposição, por causa de simonia e corrupção, da parte de prelados à frente dos quais aparecia o cardeal Della Rovere, futuro Papa Júlio II. Resistiu, mas continuou a praticar actos imorais, apesar da condenação que lhe dirigiam, entre outros, o padre Girolamo Savonarola.
As negociações ibéricas iriam determinar o famoso Tratado de Tordesilhas de 7 de Junho de 1494 que confirmaria a divisão do mundo entre Portugal e Espanha e seria contestado por outros monarcas, dos quais o mais famoso foi Francisco I de Angoulème, rei da França.

O pontificado de Rodrigo Bórgia foi um paradigma de corrupção papal ocasionada pela invasão secular dentro da Igreja, mais tarde foi tido como desculpa para a separação dos protestantes. Alexandre VI foi, sem dúvida, um papa corrupto, pouco dado às virtudes cristãs. Teve pelo menos sete filhos, entre os quais César Bórgia, Duque de Valentinois que abandona a carreira eclesiástica, para a qual tinha pouco gosto, utilizando como justificativa o assassinato do irmão João, o qual deveria substituir nos assuntos temporais. João era capitão das forças militares do papado.

César Bórgia, feito Duque Valentino em 1498 pelo rei Luís XII de França, “o Pai do Povo”  que queria um papa aliado. César Bórgia tornou-se modelo para o livro “O Príncipe”, de Maquiavel; foi apontado como amante da sua irmã Lucrécia Bórgia, embora tal informação não possua grandes confirmações. Calculista e violento, dotado de uma força física invulgar. Consta que de um só golpe de espada conseguia degolar um boi. César tentou, com o apoio do pai, constituir um principado na Romanha, uma região histórica da Itália setentrional que actualmente é parte da região da Emília-Romana.

Lucrécia Bórgia, nasceu em Subiaco, comuna italiana da região do Lácio, a 18 de Abril de 1480. Vanozza Cattanei, sua mãe, também teve de Rodrigo Bórgia os seguintes filhos:
César (1475) Giovanni (1477) e Geofredo (1481-1483). Os primeiros anos de vida da menina Lucrécia foram passados na casa da sua mãe nas imediações de Roma, na chamada Piazza Pizzo di Merlo, em absoluta paz familiar. Ela tinha um pai que a adorava, uma mãe dedicada, dois irmãos que brigavam pela sua atenção, e outro para mimar. Já nesta época, começaram a surgir as primeiras desavenças entre Giovanni Bórgia e César Bórgia. Tudo começou pela disputa que os dois travavam pela preferência da pequena irmã, e pelos ciúmes que César nutria devido à preferência que o seu pai dava a Giovanni. Quando completou nove anos, Lucrécia foi separada dos seus irmãos: Giovanni seguiu para a Espanha; César viu-se obrigado por Rodrigo a entrar para a vida religiosa, mesmo sem a menor vocação; e a própria Lucrécia foi despachada para a casa de Adriana de Mila, dama da nobreza e viúva, a fim de receber uma educação erudita ao lado da rigorosa senhora.

Adriana era a mãe de Orsino Orsini, garoto com a mesma idade de Lucrécia e recém-casado com uma jovem beldade de 14 anos chamada, Giulia Farnese. Giulia, apesar de casada, logo se tornou amante do ainda cardeal Rodrigo Bórgia, pai de Lucrécia, e a família do marido da garota era totalmente conivente com isso. Afinal, Rodrigo era um dos homens mais poderosos da Itália e um Papa em potencial. Giulia e Lucrécia logo se tornaram grandes amigas: compartilhavam de tudo, desde os mais preciosos segredos até às confidências de sedução. Foi aí o grande erro de Rodrigo quanto à criação de Lucrécia. Ela esteve sob a influência mundana de Giulia Farnese por muitos anos. Em apenas quatro anos, Lucrécia evoluiu de uma frágil menina para uma estonteante mulher.

Lucrécia casa-se com Giovanni Sforza em 12 de Junho de 1493; ela tinha 13 anos e ele 26. Sforza recebeu como dote 15 milhões de ducados, uma fortuna naquele tempo. Todos os seus irmãos estiveram presentes na cerimónia. Desde que eles haviam saído da casa de Vanozza, em 1489, que os irmãos Bórgia não se encontravam. César, agora cardeal, e Giovanni, duque de Gandia, brigavam mais do que nunca. Não apenas por causa da atenção da irmã ou do pai, mas sim porque qual deles teria mais mulheres e mais riquezas. Porém, na boda, o maior espanto de todos não foi César, Giovanni e muito menos Geofredo; foi Lucrécia, a noiva, que havia mudado tanto física quanto psicologicamente. Da menininha que era em 1489, agora era precocemente uma mulher fatal que já tinha desejos carnais activos. O seu corpo não aparentava, nem de longe, os seus treze anos e já mostrava belas formas capazes de chamar a atenção de qualquer homem. Lucrécia tinha cabelos cor de ouro e olhos de um azul cintilantes. Foi dita como a mais bela mulher de toda a Roma. Os encantos da garota seduziram todos os presentes, mas não o duro e áspero noivo.

Foi documentado que Giovanni Sforza permaneceu indiferente a Lucrécia durante todas as festividades, e que nem sequer dançou com a noiva no banquete. Porém, isso não fez a Lucrécia a mínima diferença. Se ela tinha um marido que não estava disposto a dançar, tinha irmãos que estavam e muito.
Lucrécia permaneceu por todo o banquete acompanhada ora de César, hora de Giovanni Bórgia. Quando como marido e mulher se foram deitar, no quarto nupcial, os dois irmãos acompanharam-na e leram para ela poemas de amor. Começaram aí as primeiras acusações de incesto na família Bórgia. Porém, ao menos desta vez, admite-se que isso não prova algum relacionamento além do fraternal enlace entre Lucrécia e os irmãos, já que recitar poemas de amor para a noiva era um costume italiano muito usual no século XV.
O casamento não se consuma, pois a noiva era considerada muito jovem. Por incrível que isso pareça, Lucrécia mantém-se virgem e intacta até à primeira noite que esteve com o marido por volta de 1495. Os dois anos que separaram o casamento da consumação, marido e mulher passaram-nos totalmente afastados, Giovanni Sforza governando Pésaro e Lucrécia fruindo das orgias nos aposentos do seu pai e dos seus irmãos, no Vaticano.

Neste meio tempo, Alexandre, o papa, dispensa Giulia Farnese de ser sua amante favorita e expulsa-a do Vaticano; assim Lucrécia fica sem a amiga. Porém, ela já arranjara outra no mesmo nível de frivolidade: a nova esposa do irmão de Giulia, Geofredo,  Sanchia de Aragão, filha bastarda do rei de Nápoles. Sanchia, além de servir a Geofredo como esposa, frequentava também a cama de outro Bórgia, Giovanni, e talvez também a de César.
Em 1495, Giovanni Sforza levou Lucrécia consigo para Pésaro. Sanchia de Aragão acompanhou o casal, a fim de se afastar por algum tempo do Vaticano para abafar seus escândalos públicos. O mesmo também acontecia com Lucrecia Bórgia, já que os boatos sobre o seu incesto aumentavam cada vez mais. O próprio Sforza acusou a mulher para o seu tio Ludovico, o Mouro, casado com Beatriz de Sforza, de ela manter constantes relações sexuais com os irmãos e, por vezes, com o próprio pai. Essas acusações não devem ser levadas a rigor, já que foram feitas na época em que lhe convinha acusar Lucrécia.
Quando Sforza retornou ao Vaticano com Lucrécia, um plano de César e Giovanni Bórgia, encoberto pelo Papa Alexandre, planeava matar o próprio Giovanni Sforza para que a irmã pudesse casar-se com um noivo muito mais vantajoso: o duque de Biscegli, irmão de Sanchia de Aragão. Lucrécia descobriu o plano escutando a conversa por trás da porta, e tomou uma atitude heróica, que deixou o pai e os irmãos decepcionados: avisou Sforza do que o esperava, e aconselhou-o a fugir. Ela própria fez as malas ao marido à pressa e encobriu-lhe a fuga.
Ao perceber que a sua irmã havia ajudado Giovanni Sforza a fugir, César trancou-se no seu quarto com Lucrécia. Conta-se que ela gritava dizendo que estava altamente decepcionada e escandalizada com a crueldade do pai e dos irmãos, e que desejava afastar-se deles para sempre.

Um pouco menos exaltada, ela pediu ao seu pai que a deixasse passar uma temporada no Convento de San Sisto, em Termas de Caracalla. Ela partiu, enquanto os seus irmãos e Alexandre VI planeavam a anulação do casamento, de Lucrécia com Sforza, baseando-se na hipótese dele ser impotente, apesar da sua primeira esposa ter morrido em consequência de parto, alegando que o casamento nunca havia sido consumado.
Em 14 de Julho de 1497, César leva o irmão Giovanni a cear a casa da mãe, Vanozza Cattanei. Giovanni Bórgia parte antes de a ceia terminar, alegando um encontro amoroso com uma das suas amantes; reaparece apenas dias depois, morto no Rio Tibre, degolado e com grandes feridas por todo o corpo.

As investigações dos emissários de Alexandre VI começaram e todas as provas apontavam apenas um assassino: César Bórgia. Além dos seus criados terem sido vistos nas imediações do local no horário do acontecimento, ele era a pessoa que mais tinha motivos para assassinar o irmão  Giovanni Bórgia: a inveja por ele ser duque de Gandia, já que, sendo o mais velho, teoricamente César teria esse direito; a preferência que o pai sempre deu a Giovanni; o ciúme doentio que ele sentia por Lucrécia ser mais próxima a Giovanni, aos olhos dele, já que ela sempre declarou que César era o seu irmão favorito. Ao perceber que o seu próprio filho era o responsável, o papa ordenou que as investigações terminassem, antes que o escândalo fosse ainda maior. Logo após a morte de Giovanni Bórgia, outra polémica familiar ocorria: a gravidez de Lucrécia, apesar de esta estar enclausurada num convento.

A paternidade da criança é amplamente discutida até aos dias de hoje. Existem teses de que o próprio César Bórgia tenha engravidado a irmã, e outros dizem que o responsável foi um belo jovem espanhol chamado Pedro Calderón que era da criadagem do papa Alexandre e era o incumbido de transportar a correspondência entre pai e filha. O certo é que, por algum tempo, ele realmente foi amante de Lucrécia Bórgia, mas não há como provar se ele a engravidou. 
Foi documentado que ao descobrir o romance entre a sua irmã e Pedro Calderón, César, desvairado de raiva e de ciúme, esfaqueou-o, porém o rapaz conseguiu chegar aos aposentos do papa e sujou a sua batina com sangue. Pedro Calderón escapou desta vez, mas a sorte não lhe sorriria novamente. Pouco depois, ele seguiu o destino de Giovanni Bórgia e surgiu morto no Rio Tibre. E o assassino foi também o mesmo de Giovanni: César Bórgia.
Em princípios de 1498, grávida de seis meses, Lucrécia seguiu até ao Vaticano para atestar a sua “virgindade” e assim poder anular o seu casamento com Giovanni Sforza. Ela conseguiu convencer os jurados, usando vários saiotes para esconder o seu estado, "Virgo intacta sum", declarou ela.

Lucrécia deu à luz um menino numa data indeterminada de Abril de 1498, que chamou de Giovanni. Porém, ele ficou conhecido apenas como "o Infante Romano"(Infans Romanus), e nada mais. A paternidade foi reconhecida por César Bórgia, agora que já havia largado a batina. Lucrécia preparava-se para casar novamente, desta vez com Afonso de Aragão, Duque de Bisceglie e príncipe de Salerno, filho do Rei Afonso II de Nápoles e de uma sua amante, Truzia Gazzela. Em 17 de Junho de 1498, Lucrécia Bórgia desposa Afonso de Biscegli numa cerimónia pomposa no Vaticano. Lucrécia tinha 18 anos, e Afonso 17. Ele, na realidade não tinha a mínima vontade de se casar com uma Bórgia, pois tinha escutado boatos de que a sua futura esposa era uma cruel envenenadora, que guardava veneno mortal dentro de um anel, uma mulher frívola que era "filha, mulher e nora" de seu pai. Porém, ao conhecer Lucrécia e verificar que ela era realmente bonita e aparentemente inofensiva, ele logo se apaixonou perdidamente.
No ano seguinte, Alexandre VI deu à filha Lucrécia a fortaleza de Nepi e as regiões de Spoleto e Foligno para que ela governasse. Lucrécia pela primeira vez mostrou, a quem quisesse ver, que não era apenas bonita, mas também muito inteligente e perspicaz. Afinal, ela era instruída, sabia falar fluentemente várias línguas, além do seu italiano, falava e escrevia francês, espanhol, latim e um pouco de grego. Governou os lugares com eficiência, justiça e piedade.

César Bórgia põe em acção mais um de seus planos malignos e sangrentos: o de matar o próprio Afonso de Biscegli. Lucrécia estava grávida agora, e César conseguiu convencer a irmã e o cunhado a ir ela ter a criança em Roma, que nasceu e foi chamado de Roderigo. Em Julho de 1500, pouco depois da chegada do casal, Afonso foi surpreendido por um grupo de homens fortemente armados esperando-o na Praça de São Pedro. Ele foi apunhalado, mas conseguiu fugir até os aposentos de Lucrécia, onde caiu gravemente no chão. Socorrido imediatamente pela mulher, que sabia exactamente quem era o mandante do crime e que o tentaria novamente; Afonso de Biscegli recuperava. Lucrécia e a sua cunhada, Sanchia de Aragão, cuidavam de Biscegli e, com medo de envenenamento, elas próprias faziam a comida do duque. Porém numa noite de descuido de Lucrécia e Sanchia, César e um criado Michelotto Corella, um primo dos Bórgia, homem de confiança do papa e de César, entraram sorrateiramente nos aposentos de Biscegli e enforcaram-no. Foi dito que quando saíram do quarto, César se deparou com Lucrécia do lado de fora. Ela gritou de horror.

Lucrécia Bórgia passou à história como a culpada deste assassinato. Dizia-se que Biscegli foi vítima de um de seus venenos, apesar de a acusação não ter fundamento algum, apenas na história pitoresca de Victor Hugo.
Lucrécia, após a sua controversa regência, recolheu-se à fortaleza de Nepi com seus os filhos Roderigo e Giovanni ("Infante Romano"), enquanto o seu pai e irmão planeiam mais um casamento chave para ela. Desta vez o novo alvo da família Bórgia era o filho do poderoso duque de Ferrara, o jovem Afonso d´Este. O casamento foi confirmado, e realizado em 30 de Dezembro de 1501, sem a presença do noivo, em cerimónia simples no Vaticano. Em 2 de Fevereiro do ano seguinte, Lucrécia entra triunfalmente em Ferrara. Como dote, foi pago aos d'Este 200.000 ducados, apesar da proposta inicial do noivo ter sido de 300.000. Comparando aos 15 milhões de ducados pagos a Giovanni Sforza, o primeiro marido de Lucrécia, alguns anos antes, a diferença era formidável. Mas há uma explicação muito simples. Lucrécia Bórgia, na época era uma menina de treze anos, não tinha nenhuma mácula em seu nome. Mas agora, aos olhos de toda a Europa, ela era envenenadora e incestuosa.

Lucrécia finalmente livrar-se-ia da sombra dos seus parentes infames, nunca mais tornaria a ver Alexandre VI, mas não se livraria do irmão César por enquanto. Lucrécia tinha 22 anos e Afonso d´Este 25. Como o duque de Biscegli, Afonso d´Este também não estava lá muito desejoso de se casar com uma Bórgia. Mas também ele acabou por sucumbir aos encantos da jovem.
Em 1503, o papa Alexandre morreu, e com a eleição do papa Júlio II, César viu os seus planos totalmente arruinados. César casou-se com a princesa Charlotte de França, ganhou o título de duque de Valentinois, e entrou para a história como “O Duque Valentino”.

Foi imortalizado por Maquiavel na sua obra-prima, “O Príncipe”, que tomava César Bórgia como o exemplo de bom governante e habilidade política. César foi morto em 1507, lutando pela França, numa emboscada em Espanha.
Aos 39 anos de idade, Lucrécia está prestes a enfrentar outro parto. Prevendo a sua morte, enviou uma carta ao papa Leão X pedindo-lhe a bênção especial. Cercada de amor familiar, em 24 de Junho de 1519, morre Lucrécia Bórgia em Ferrara, após uma longa febre pós-parto. A bênção papal não veio a tempo, mas Leão X escreveu ao viúvo que lamentava muito a morte da "boa duquesa", de quem o "inesquecível amigo César falava com tanto carinho". Foi sepultada no convento de Corpus Domini, do qual ela foi protectora em vida, em Ferrara, vestida com um hábito de freira.