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PORTAL DE AGOSTINHO DA SILVA

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O FILOSOFO DE PORTUGAL

sábado, 16 de julho de 2011

OS PRIMÓRDIOS DO CRISTIANISMO (vídeo)


Os Pergaminhos ou Manuscritos do Mar Morto formam uma colecção de cerca de 930 documentos descobertos entre 1947 e 1956 em onze cavernas próximo de Qumran, uma fortaleza situada a noroeste do Mar Morto, em Israel, que em tempos históricos foi uma parte da Judeia. Estes documentos foram escritos entre o século III a.C. e o primeiro século depois de Cristo, em Hebraico, Aramaico e grego. A maior parte desses documentos consiste em pergaminhos, sendo uma pequena parcela de papiros e, um deles, gravado em cobre. Os manuscritos do Mar Morto foram classificados em três grupos: escritos bíblicos e comentários, textos apócrifos e literatura de Qumram, Khirbet Qumran, “ruína da mancha cinzenta”.


Os textos são importantes por serem mil anos mais antigos do que os registos do Velho Testamento conhecidos até então e por oferecerem uma vasta documentação inédita sobre o período em que foram escritos, revelando aspectos desconhecidos do contexto político e religioso nos tempos do nascimento do Cristianismo e do judaísmo rabínico. Os pergaminhos contêm pelo menos um fragmento de todos os livros das escrituras hebraicas, excepto o livro do Livro de Ester que é um dos livros históricos do antigo testamento da Bíblia, vem depois do Livro de Neemias e antes do Livro de Jó.
O Livro de Neemias ou II de Esdras é um livro da Bíblia hebraica e do Antigo Testamento da Bíblia cristã, vem depois do Livro de Esdras e antes do Livro de Ester, tido historicamente como uma continuação do Livro de Esdras, e por vezes chamado até mesmo se "o segundo livro de Esdras".


Os Pergaminhos do Mar Morto, além de fragmentos bíblicos, contêm regras da comunidade, escritos apócrifos, filactérios, calendários e outros documentos. A autoria desses documentos é até hoje desconhecida mas, com base em referências cruzadas com outros documentos históricos, ela é atribuída aos essénios.
Os essénios constituíam um grupo ou seita judaica ascética que teve a sua existência desde cerca do ano 150 a.C. até ao ano 70 d.C.; estavam relacionados com outros grupos religiosos e políticos, como os saduceus seita ou partido de que é ainda difícil determinar a origem, sabendo-se que existiu nos últimos dois séculos do Segundo Templo, em completa discórdia com os fariseus.


O nome essénio provém do termo sírio asaya, e do aramaico (língua de Jesus) essaya ou essenoí, todos com o significado de médico, passa por orum judaico, do grego therapeutés (terapeuta). Aramaico é a designação que recebem os diferentes dialectos de um idioma com alfabeto próprio e com uma história com mais de três mil anos, utilizado por povos que habitavam o Médio Oriente; foi a língua administrativa e religiosa de diversos impérios da Antiguidade, além de ser o idioma original de muitas partes dos livros bíblicos de Daniel e Esdras, assim como do Talmude.
Pertencendo à família das línguas afro-asiáticas, é classificada no subgrupo das línguas semíticas, à qual também pertencem o árabe e o hebraico.


Durante o domínio da Dinastia Hasmonéa do Reino Hasmoneu de Israel (140 - 37 a.C.), os essénios foram perseguidos e retiraram-se, por isso, para o deserto, vivendo em comunidade e em estrito cumprimento da lei mosaica – Moisés - Os Dez Mandamentos -  bem como da dos Profetas. Na Bíblia não há menção sobre eles. Sabe-se algo a seu respeito por Flávio Josefo (historiador oficial judeu) e por Fílon de Alexandria (filósofo judeu). Flávio Josefo relata a divisão dos judeus do Segundo Templo em três grupos principais: Saduceus, Fariseus e Essénios.


O Segundo Templo foi o templo que o povo judeu construiu após o regresso a Jerusalém, findo o Cativeiro na Babilónia, no mesmo local onde o Templo de Salomão existira antes de ser destruído e que se manteve erigido entre 515 a.C. e 70 DC, tendo sido, durante este período, o centro de culto e adoração do Judaísmo.
Cativeiro Babilónico é o nome geralmente usado para designar a deportação em massa e exílio dos judeus do antigo Reino de Judá para a Babilónia por Nabucodonosor II.


Os essénios eram um grupo de separatistas, a partir do qual alguns membros formaram uma comunidade monástica ascética que se isolou no deserto. A crise que desencadeou esse isolamento do judaísmo ocorreu quando os príncipes Macabeus no poder, Jonathan e Simão, usurparam o ofício do Sumo-sacerdote, consternando os judeus conservadores. Alguns não podiam tolerar a situação e denunciaram os novos governantes. O historiador Josefo refere, na ocasião, a existência de cerca de 4000 membros do grupo, espalhados por aldeias e povoações rurais.


Era característica incondicional dos judeus essénios, dividiam-se em grupos de 12 com um lider chamado "mestre da justiça"; vestirem-se sempre de branco; acreditarem em milagres pela mão, milagres físicos e bênção com as mãos; abolirem a propriedade privada; serem todos vegetarianos; não se casarem; tomarem banho antes das refeições; comerem só o que era sujeito a rígidas regras de purificação. Eram chamados de nazarenos por causa do voto nazarita (do hebr. nezir, «consagrado» +-ita).
Eles proclamavam-se "a nova aliança" de Deus com Israel, mais tarde este mesmo termo aparece na literatura cristã como no "novo testamento" e também em grande parte nas práticas judaicas e essénicas.


Os essénios não tinham amos nem escravos. A hierarquia estabelecia-se de acordo com graus de pureza espiritual dos irmãos; os sacerdotes que ocupassem o topo da ordem, um conceito amplo que pode ser definido como uma opção de vida ou de conduta ética, moral, espiritual, social, sexual, gastronómica e humana.
Dentre as comunidades, tornou-se conhecida a de Qumran, pelos manuscritos em pergaminhos que levam o seu nome, também chamados Pergaminhos do Mar Morto ou Manuscritos do Mar Morto.


Segundo Christian David Ginsburg (historiador polaco das escrituras - 1831/1914), os essénios foram os precursores do Cristianismo, pois a maior parte dos ensinamentos de Jesus, o idealismo ético, a pureza espiritual, remetem ao ideal essénio de vida espiritual. A prática de banhar-se com frequência é fruto do ritual da Tevilah (baptismo), onde o Judeu mergulha, em certas ocasiões para se purificar, num micvê, uma piscina especial de água, com um tamanho específico cuja água deve vir de uma fonte natural: chuva ou nascente.


quarta-feira, 13 de julho de 2011

TRIESTE O SÍMBOLO VIVO DA HISTÓRIA


Trieste é uma cidade do nordeste da Itália, no Mar Adriático que é uma parte do mar Mediterrâneo, um golfo muito alongado fechado ao norte que banha o norte e o leste da Itália e o oeste da península balcânica; comuna italiana da região do Friuli-Venezia Giulia, província de Trieste, com cerca de 209.520 habitantes. Estende-se por uma área de 84,49km², tendo uma densidade populacional de 2.479,8 hab/km². Faz fronteira com as comunas italianas de Duino-Aurisina, Monrupino, Muggia, San Dorligo della Vallee Sgonico e com a Eslovénia .


Trieste foi uma importante cidade do Império Austro-Húngaro, do qual era o principal porto marítimo.
Em tempos antigos (século II a.C.), Trieste tornou-se colónia romana com o nome de Tergeste, prosperou sob o domínio romano e, depois da queda do Império Romano do Ocidente, ficou sob o controle de Bizâncio até 788, quando passou ao controle dos francos.


No século XII tornou-se uma cidade livre e depois de séculos de batalhas contra a rival Veneza, Trieste pôs-se sob a protecção (1382) do duque da Áustria conservando porém uma certa autonomia até ao século XVII.
No ano de 1719 tornou-se porto franco e, como única saída para o mar do Império Austríaco, Trieste foi objecto de investimento e desenvolvimento tornando-se, em 1867, capital da região do Litoral Adriático do império. Apesar do seu estado privilegiado de único porto comercial da Cisleitana e principal porto da Áustria-Hungria, Trieste manteve sempre em primeiro plano, nos séculos, os elos culturais e linguísticos com a Itália; de facto, embora o alemão fosse a língua oficial da burocracia, o italiano, ou melhor o dialecto triestino, que no curso do século XVIII substituiu o antigo dialecto friulano, idioma da família reto-românicas falado na região do Friuli-Venezia Giulia, uma região da Itália dividida em quatro províncias:


Udine, Pordenone, Gorizia e Trieste, onde permaneceu sempre a língua falada pela maioria dos habitantes.
Trieste foi, junto com Trento, o centro do irredentismo, movimento que buscava a anexação à Itália de todas aquelas terras habitadas há séculos por populações de cultura italiana ou itálica, mas que ainda não faziam parte da Itália da época (terras irredentas”). Trieste, Gorizia, Ístria e Dalmácia, viviam, e vivem ainda hoje, como também outras populações étnicas de eslovenos e croatas. Em 1918, depois da Primeira Guerra Mundial, Trieste e a sua província foram anexadas à Itália com grande alegria e festa da população italiana ainda que aquele momento coincida com a perda de importância da cidade que, de segunda cidade e porto mais importante de um império, se torna uma das tantas cidades medianamente importantes da Itália. Começaram, então, para a população eslovena e croata, tentativas de nacionalização e de absorção cultural pela parte italiana. Nasceu assim nesta terra o assim chamado "Fascismo de fronteira", precursor daquilo que seria depois o fascismo a nível nacional.


No período que vai do Armistício com a Itália, assinado em 3 de Setembro de 1943 e a declaração publica, cinco dias depois, durante a Segunda Guerra Mundial, entre a Itália e as forças armadas Aliadas, que foram, então, ocupando o extremo sul do país, sem o que implicaria a  capitulação da Itália, é também conhecido na Itália como o Armistizio di Cassibile a partir do local em que foi assinado ou o Armistizio dell' 8 Settembre . Na realidade, não era exactamente uma trégua, mas uma genuína rendição incondicional pós-guerra. Trieste foi o centro de uma série de vinganças que marcaram profundamente a história da cidade e da região circundante que suscitam ainda hoje acesos debates. Durante a ocupação nazi a Risiera di San Sabba - hoje Monumento Nacional - utilizada como campo de prisioneiros e de passagem para os deportados para a Alemanha e Polónia e campos de detenção e eliminação de partigiani italianos e eslavos, dissidentes políticos e judeus.


A Risiera foi único campo de concentração na Itália e na Europa Meridional, munido de forno crematório, posto em funcionamento em 4 de Abril de 1944. Na era triestina a primeira mensageira partigiana da Itália deportada para Auschwitz foi Ondina Peteani.
Em 30 de Abril de 1945 insurgiu-se o Comité de Libertação Nacional CLN de Trieste, apenas um dia antes da chegada das forças jugoslavas de Tito. As tropas alemãs resistiram até à tarde de 2 de Maio, rendendo-se somente quando chegaram à cidade os primeiros soldados neozelandeses. O exército jugoslavo manteve o controle de Trieste até o dia 12 de Junho (os quarenta dias de Trieste), durante os quais ocorreram execuções sumárias.


Não apenas os cadáveres mas também os vivos eram atirados nas foibe, cavidades cársticas, tipo de relevo geológico caracterizado pela corrosão das rochas, que leva ao aparecimento de uma série de características físicas, tais como cavernas, vales secos, vales cegos, cones cársticos, paredões rochosos expostos, etc. O relevo cárstico ocorre predominantemente em terrenos constituídos de rocha calcária, mas também pode ocorrer em outros tipos de rochas carbonáticas, como o mármore e rochas dolomíticas, abundantes na região, para que ali morressem de fome.
Posteriormente os Aliados assumiram o controle da cidade.


As reivindicações jugoslavas e italianas bem como a importância do porto de Trieste para os Aliados foram o motivo em 1947, sob a égide da ONU, a instituição do "Território Livre de Trieste" (TLT), na prática um Estado em si. Pela impossibilidade de nomear um Governador escolhido com o acordo entre anglo-americanos e soviéticos, o TLT permaneceu dividido em duas zonas de ocupação militar: a Zona A administrada pelos Aliados e a Zona B administrada pelos jugoslavos. Esta situação continuou até 1954 quando o problema foi resolvido simplesmente dividindo o território livre de Trieste segundo as duas zonas já designadas: assim, a Jugoslávia chega até aos montes da periferia da cidade. Tal situação provisória só foi definitivamente resolvida em 1975, com o Tratado de Osimo entre a Itália e a então República Socialista Federal da Jugoslávia.


Alguns movimentos locais relembram porém que os artigos do Tratado de Paz, firmado e ratificado pela Itália e por 21 nações envolvidas no Tratado de Paris (1947), que instituíram o TLT, de jure jamais foram revogados. Recentemente, respondendo a uma das suas petições, o Secretariado das Nações Unidas confirmou por escrito que até agora qualquer país membro da ONU poderia requerer à mesa a ordem do dia com a designação do Governador do Território Livre.


terça-feira, 5 de julho de 2011

VITÓRIA PÍRRICA



Vitória pírrica ou vitória de Pirro é uma frase utilizada para expressar uma vitória obtida a alto preço, potencialmente acarretadora de prejuízos irreparáveis.
A expressão recebeu o nome do rei Pirro do Épiro, nome de uma das 13 periferias da Grécia, localizada no sudoeste da península balcânica cuja capital é Ioannina.


O exército de Pirro havia sofrido perdas irreparáveis após derrotar os romanos na Batalha de Heracleia, travada no ano 280 a.C. entre os romanos, chefiados pelo cônsul Públio Valério Levino, e as forças aliadas dos gregos do Épiro, Tarento, Túrios, Metaponto e Heracleia, e na Batalha de Ásculo, em 279 a.C., teve como adversários os Romanos, sob o comando de Publius Decius Mus, contra os Tarentinos, Oscos,  Samnitas e Epirotas, também sob o comando do rei Pirro.

Esta batalha ocorreu na sequência do conflito entre Tarento e Roma pelo controlo da Magna Grécia, denominação que recebia o sul da península Itálica, região colonizada na Antiguidade pelos gregos. Num sentido mais amplo, inclui também a ilha da Sicília, onde também se verificou o fenómeno de colonização grega. O nome deriva do latim Magna Graecia (em grego, Megale Hellas), "Grande Grécia", porque para os colonos, que vinham de uma Grécia caracterizada pelo seu relevo montanhoso e pelo excesso populacional, as terras da Itália pareciam estender-se infinitamente.


As Guerras Pírricas começaram como um conflito de pouca importância entre Roma e a cidade de Tarento pela violação de um tratado marítimo, cometida pelos romanos. Para complicar a análise histórica do conflito, Pirro também se envolveu nos conflitos políticos internos da Sicília, assim como na luta que mantinha esta ilha contra o domínio cartaginês. Linguisticamente, as Guerras Pírricas são a origem da expressão "vitória de Pirro", um termo para uma vitória conseguida com muito esforço e sacrifício.


Pirro (318-272 a.C.) em grego - Πυρρος - "cor de fogo", "ruivo"; em latim, Pyrrhus, foi rei do Épiro e da Macedónia, tendo ficado famoso por ter sido um dos principais opositores de Roma. Pirro era filho de Eácida do Épiro, e pai de Alexandre II do Épiro, com a sua esposa Lanassa, filha do tirano Agátocles rei da Sicília (304-289 A.C.). Lanassa abandonou Pirro em 291 aC. Por causa dos seus hábitos polígamos.


A infância e juventude de Pirro foram bastante atribuladas. Tinha apenas dois anos de idade quando o seu pai foi destronado. Mais tarde, aos 17 anos de idade, os Epirotas chamaram-no para governar, mas Pirro acabou por ser destronado. Nas guerras entre os diádocos, após a divisão do Império de Alexandre III, tomou parte pelo seu cunhado Demétrio I da Macedónia e lutou a seu lado na Batalha de Ipso (301 a.C.).


Mais tarde, tornou-se refém de Ptolomeu I do Egipto, num acordo entre este e Demétrio. Pirro casou com Antígona, sua primeira esposa, filha de Ptolomeu I. Em 297 a.C. e restaurou o seu reino no Épiro. De seguida, declarou guerra a Demétrio, seu antigo aliado. Em 286 a.C. depôs o seu cunhado e tomou o controlo do reino da Macedónia. Dois anos depois, porém, o seu ex-aliado Lisímaco expulsou-o da Macedónia.


Quando regressou, à Itália e à Grécia, Pirro, travou uma batalha inconclusiva em Beneventum (275 a.C.), na Itália do Sul. Desta vez, não se tratou de uma vitória pírrica.
Pirro abandonou a campanha em Itália e regressou ao Épiro. Apesar da sua campanha no ocidente ter desbastado grande parte do seu exército e da sua riqueza, Pirro lançou-se à guerra: atacou o rei Antígono II Gónatas, vencendo-o facilmente, apossando-se do trono Macedónico.


Em 272 a.C., Cleónimo, um Espartano de sangue real, mas odiado em Esparta, pediu a Pirro que atacasse a cidade e o pusesse no poder. Pirro concordou com o plano, mas tencionava ficar com o controlo do Peloponeso. Inesperadamente, Esparta ofereceu tal resistência que abalou a sua tentativa de assalto. Logo a seguir, surgiu a oportunidade de Pirro intervir numa disputa cívica em Argos. Entrando na cidade com o seu exército, às escondidas, Pirro acabou por ser apanhado numa confusa batalha mesmo nas ruas estreitas da cidade.


Durante a confusão, uma velha que observava do telhado atirou uma telha sobre Pirro, que caiu atordoado, permitindo que um soldado Argivo o matasse (algumas fontes dizem que Pirro foi envenenado por um servo).
Por ter sido um homem impressionantemente belicoso e um líder infatigável, embora não tivesse sido um rei propriamente sábio, Pirro foi considerado um dos melhores generais militares do seu tempo.


Aníbal considerou-o o segundo melhor, a seguir a Alexandre Magno. Pirro era também conhecido por ser muito benevolente. Como general, as maiores fraquezas políticas de Pirro eram a falta de concentração e apetência para esbanjar dinheiro; grande parte dos seus soldados eram dispendiosos mercenários.
O seu nome tornou-se famoso pela expressão "Vitória Pírrica", quando da vitória na Batalha de Ásculo. Quando lhe deram os parabéns pela vitória conseguida a muito custo, diz-se que respondeu com estas palavras: "Mais uma vitória como esta, e estou perdido."
Pirro escreveu ainda Memórias e vários livros sobre a arte da guerra. Os escritos perderam-se, mas sabe-se que foram usados por Aníbal e elogiados por Cícero, este vítima do segundo triunvirato ao mando de Marco António.

As últimas palavras estóicas de Cícero:
"Não há nada correcto no que estás a fazer, soldado, mas tenta matar-me correctamente."

domingo, 3 de julho de 2011

LA GUERRA DE LA OREJA (vídeo)



A chamada Guerra da orelha de Jenkins ou Guerra do Asiento foi um conflito bélico que durou nove anos, de 1739 a 1748, em que se enfrentaram as frotas e tropas coloniais da Grã-Bretanha e Espanha com auxílio da França que enviou uma frota de guerra, destacadas na área do mar das Caraíbas.
A partir de 1742, a contenda transformou-se num episódio da Guerra da Sucessão Austríaca, cujo teatro americano finalizaria com a derrota inglesa e o retorno ao statu quo anterior à guerra. A acção mais significativa da guerra foi o Sítio de Cartagena das Índias de 1741, em que foi derrotada uma frota britânica de 186 navios e quase 27.000 homens pelas mãos de uma guarnição espanhola composta por 3.500 homens e 6 navios de linha.


A história não voltaria a ver uma batalha anfíbia de tal magnitude até ao Desembarque da Normandia, mais de dois séculos depois.
O curioso nome com o qual é conhecido, na historiografia inglesa, este episódio deve-se ao aprisionamento por um buque espanhol de um navio contrabandista inglês, capitaneado pelo inglês Robert Jenkins, em 1731.
Segundo o testemunho de Jenkins, que compareceu na Câmara dos Comuns em 1738, como parte de uma campanha belicista por parte da oposição parlamentar contra o primeiro-ministro Walpole, o capitão espanhol, Julio León Fandiño, que aprisionou a nave, cortou a orelha de Jenkins ao mesmo tempo que lhe dizia, segundo o testemunho do inglês: «Vê e diz ao teu rei que lhe farei o mesmo».


Na sua audiência, Jenkins denunciou o caso com a orelha na mão, e Walpole viu-se obrigado, com relutância, a declarar guerra contra a Espanha em 23 de Outubro de 1739.
Além do contrabando, havia ainda barcos britânicos dedicados à pirataria. Boa parte do contínuo assédio da Frota das Índias recaía sobre a tradicional acção de corsários ingleses no Mar das Caraíbas, que remontava aos tempos de Francis Drake. As cifras de barcos capturados por ambos diferem enormemente e são portanto muito difíceis de determinar: até Setembro de 1741 os ingleses contam de 231 buques espanhóis capturados frente a 331 barcos britânicos abordados pelos espanhóis; segundo estes, as cifras respectivas seriam de só 25 frente a 186. Em qualquer caso, é de se notar que, naquele tempo, as abordagens espanholas com êxito, eram mais frequentes que as dos britânicos. 


Entre 1727 e 1732 transcorreu um período especialmente tenso nas relações bilaterais, ao que seguiu um período de distensão entre 1732 e 1737, graças aos esforços em tal sentido do primeiro-ministro britânico - whig - partido liberal no Reino Unido, sir Robert Walpole e do Ministério da Marinha espanhol, ao que se uniu a colaboração entre ambos os países na Guerra da Sucessão da Polónia. Não obstante, os problemas seguiram sem se resolver, com o consequente incremento da irritação na opinião pública britânica. Na primeira metade do século XVIII começa a consolidar-se o sistema parlamentarista britânico, com a aparição dos primeiros jornais periódicos.


A oposição a Walpole, não só dos tories (partido conservador), mas também de um número significativo de whigs descontentes, aproveitou este feito para acossar Walpole (conhecedor do balanço de forças e, por conseguinte, contrário à guerra contra a Espanha), começando uma campanha a favor da guerra. Nesse contexto produziu-se a audiência de Robert Jenkins na Câmara dos Comuns em 1738, um contrabandista britânico cujo barco, o Rebecca, tinha sido apresado em Abril de 1731 por um guarda-costas espanhol, confiscando-lhe a carga. Segundo o testemunho de Jenkins, o capitão espanhol, Julio León Fandiño, que apresou a nave, cortou-lhe uma orelha ao mesmo tempo que lhe dizia: «Ve y dile a tu rey que lo mismo le haré si a lo mismo se atreve». Em sua audiência ante a câmara, Jenkins apoiou o seu testemunho mostrando a orelha amputada.


segunda-feira, 27 de junho de 2011

O IMPÉRIO MONGOL (vídeo)



Os Mongóis são um povo pertencente à família da língua altaica, tal como os Turcos e os Manchus, cujo local de origem se situa em torno do lago Baical situado no sul da Sibéria, Rússia, entre Oblast de Irkutsk no noroeste, e Buryatia no sudeste, perto de Irkutsk, com 636 km de comprimento e 80 km de largura, é o maior lago de água doce da Ásia, o maior em volume de água do mundo, o mais antigo (25 milhões de anos) e o mais profundo da terra, com 1680 metros de profundidade.


Os Mongóis ficaram conhecidos pela sua habilidade como arqueiros e cavaleiros, tendo forçado a construção da Grande Muralha da China por terem posto em causa a segurança do Império Chinês durante o século III a.C. Sabe-se que em meados do século XII existiam dois tipos de tribos mongóis: as do Norte, que viviam na taiga, em russo тайга́, também conhecida por floresta de coníferas siberiana, dedicavam-se à caça; e as do Sul, que habitavam a estepe das imediações do deserto de Gobi, em tribos nómadas, dedicavam-se à pastorícia.


Terá sido sob o comando de Temudjin, mais tarde Gengis Khan, o "cã dos cãs" (c. 1155/67 - 1227), que estes últimos vão-se reunir numa confederação (1206) cujo objectivo, ditado pelo "céu eterno", era a conquista do mundo em busca da paz. A conquista iniciou-se com a rendição dos nómadas Tangutos (1209) do Reino dos Si-Hia situado na região do Ordos e no Kan-Su, de etnia Tibetana e de religião Búdica, seguindo-se depois Pequim, em 1215. Voltando-se para Ocidente, os mongóis, neutralizam os estados da Ásia Central, entre os quais o sultanato turco de Khorezm (1221).


A sua fúria destruidora atacou também locais como Samarcanda, Balkh ou Bucara, chegando à Geórgia e ao Cáucaso (1221-22). Quando o seu líder morreu, Gengis Khan, em 1227, o Império Mongol estendia-se do mar Cáspio ao Norte da Índia à Manchúria.
A fulgurante ascensão do Império Mongol, que conseguiu a maior conquista territorial de todos os tempos, é em parte explicável pela sua organização exemplar a nível militar e administrativo.


Possuíam uma chancelaria imperial organizada e um serviço de correio que ligava os diferentes pontos do império, mesmo os mais distantes. Por outra parte, regiam-se por uma política de tolerância religiosa, estabelecida na Yasa, a grande lei mongol. As bases do império assentavam numa organização centralizada, passando cada população conquistada para o poder do chefe militar que o tinha feito.
A sucessão foi entregue a Ogedei, Ugedey ou Ugodei; foi o terceiro filho de Genghis Khan com a sua principal mulher, Borte Ujin.


Ogedei em 1229 sucedeu-o como o supremo governante do Império Mongol, o Khan, governando até à sua morte, em Dezembro de 1241. Muito embora Gengis Khan tenha dividido o império antes de morrer em apanágios ou cantos, que entregou aos seus quatro filhos (a). Ogedei sistematizou a política conquistadora fixando a capital do império em Karacorum. Partiu para a conquista do Médio Oriente, finalizando a submissão da Pérsia (1231) e destruindo o reino Tunguse do Norte da China (1234).


Mandou para ocidente Batu Khan, seu sobrinho, que, à frente de um exército de 150 mil homens, invadiu a Rússia, apoderando-se de Kiev ao bater as tropas do arquiduque Vladimiro (Dezembro 1240), tendo anteriormente submetido os búlgaros do Volga e aterrorizado todo o Nordeste da Rússia. Avançou sobre a Hungria chegando quase às portas de Viena. Esta invasão seria no entanto suspensa devido à notícia da morte de Ogedei, fazendo com que as tropas regressassem à Mongólia.


O período que se seguiu à morte do grande Khan foi de instabilidade política, tendo a regência sido assegurada por Toregene, viúva de Ogedei. Em 1246, tomou posse o seu filho, Guyuk que morreu passado dois anos passando a regência para as mãos da viúva, Oghul Qaimish. O reinado foi depois entregue a Mangu Khan (1251-1259), neto de Gengis Khan. O Império Mongol atingiu a sua máxima dimensão sob o seu reinado.


A ocidente, o seu irmão Hulagu, governador da Pérsia, conquistava o Iraque e a Síria, tomou Bagdade (1258), onde recebeu o apoio dos muçulmanos xiitas ao depor o califado abássida (sunita). O seu outro irmão encaminhou-se para a China, onde subjugou o império Song. A morte de Mongu Khan será decisiva no avanço mongol sobre a Europa pois foi o exército de Hulagu vencido pelos Mamelucos quando avançava para o Egipto, tendo que abandonar a Síria. No Século 13 o Tibete foi conquistado pelo império Mongol.


Foi durante esta mesma época que a Europa, através das movimentações do Rei de França, Filipe o Belo, de Eduardo I de Inglaterra e do papa Nicolau IV, tentou uma aliança com os Mongóis com vista a derrubar o Islão. Contudo, e devido à morte repentina de Mongka, as conversações não frutificaram.
O poder foi depois entregue a Kublai Khan (1260-1294), que teve que enfrentar a revolta do seu irmão Arik Boge, que se proclamara Khan em Karacorum.


Ao fim de cinco anos, Kublai derrotou o irmão e voltou-se definitivamente para a China, o que provocou a revolta dos Mongóis das estepes (1267), só definitivamente dominada por Tamerlão em 1301. O reinado de Kublai Khan pautou-se também por prosperidade económica uma vez que foi possível estabelecer contactos comerciais graças às regras precisas do direito internacional e comercial de Yasa.
A partir do reinado de Tamerlão o equilíbrio do Império Mongol foi seriamente afectado por conflitos entre a administração central e os canatos (ulus).


Por outro lado, cresceram os conflitos pelo abandono da tradicional neutralidade religiosa, havendo quem adoptasse a religião dos povos submetidos. Exemplo disso foi a conversão de Gengis Khan ao budismo, a conversão ao Islão do canato iraniano e a simpatia com a ortodoxia russa da Horda de Ouro. Ao misturarem-se com estes povos, os mongóis diluíram-se, pois representavam apenas 1% da população do império perdendo-se o sentido de comunidade que sempre havia sido a base da sua solidariedade e unidade imperial. Ao mesmo tempo, um período de fortes secas sucessivas acentuou o declínio político e económico de um povo que dependia dos cavalos como meio de locomoção, resultando no progressivo desaparecimento do poder mongol.


(a) Um estudo realizado em 2002 concluiu que 8% da população da região anteriormente ocupada pelo Império Mongol, uma área entre o oceano Pacífico e o Mar Cáspio, o que corresponde a 0,5% da população mundial, podem ser descendentes de Gengis Khan. Um outro estudo de 2007 afirma que 34,8% dos actuais mongóis são descendentes de Gengis Khan.