Corria o ano de 1759. Ainda na ressaca do terramoto que destruíra Lisboa quatro anos antes, em ambiente de crise política e económica, D. José I, rei de Portugal foi vítima de um atentado levado a cabo por indivíduos emboscados, numa noite de Setembro, quando regressava ao Campo Real depois de um encontro com a sua amante, a marquesa de Távora, Mariana Teresa de Távora, nora dos marqueses velhos.
Após um primeiro momento de hesitação e perplexidade, o rei encarrega Sebastião José Carvalho e Melo (Marquês de Pombal) de proceder á constituição de um tribunal que descubra, prenda e julgue os responsáveis pelo crime. Foi o pretexto para acabar de vez com a velha nobreza que resistia à euforia iluminista que entretanto se preparava para modificar definitivamente a forma de fazer política na Europa. Trinta anos depois, a Revolução Francesa era a expressão mais radical das novas ideias.
As famílias do duque de Aveiro e do marquês de Távora foram acusadas de crime de lesa-majestade através de um processo espúrio, construído sobre provas cuja intencionalidade política era evidente. O destino foi a morte na maior execução colectiva a que Portugal alguma vez assistiu.
A História não esqueceu.
Se politicamente eram responsáveis pela oposição ao espírito de reforma, judicialmente eram inocentes e o horror do cadafalso para inocentes marcou o nosso destino colectivo. Talvez tivesse sido essa má consciência que fez de Portugal o primeiro reino europeu a abolir a pena de morte.
Ainda hoje, pese embora a reabilitação dos Távoras, essa mancha de ignomínia e tragédia está presente na memória dos homens.