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PORTAL DE AGOSTINHO DA SILVA

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O FILOSOFO DE PORTUGAL

sábado, 3 de julho de 2010

PORTUGAL DO DOMÍNIO FILIPINO À RESTAURAÇÃO

Clicar no título p/v. VÍDEO



No dia 4 de Agosto de 1578 nos campos de Alcácer Quibir, jazia D. Sebastião; com ele o projecto de difusão da fé católica e o resgate do passado épico português descrito por Camões. A sua morte foi o começo da crise dinástica portuguesa, que culminou na união dos tronos peninsulares.

D. Sebastião, na sua infelicidade pessoal, não era mais do que o acidente dinástico de que a família conscientemente fora preparada. Esta junção das coroas peninsulares poderia ter acontecido antes. Veio a ser desencadeado de um modo dramático, pela imprudência de um jovem que ninguém soubera deter e que o Rei de Espanha tão habilmente soube controlar.
   
Como D. Sebastião não possuía herdeiros directos, o trono português ficou sob a regência de seu tio-avô, o Cardeal D. Henrique, aclamado rei no dia 28 de Agosto de 1578. As duas grandes preocupações na gestão do Cardeal Rei foram: O resgate de milhares de cativos aprisionados em África e a nomeação de um sucessor legal que pudesse evitar ao país uma guerra civil.
  
O quadro de crise política agravava-se com a desocupação do trono; vários pretendentes passaram a disputar a coroa de Portugal:
D. Catarina de Médicis, rainha da França, que se dizia descendente do antigo rei D. João III;

D. Catarina, Duquesa de Bragança e sobrinha do Cardeal D. Henrique (a que reunia maiores direitos);

Manuel Felisberto, Duque de Sabóia e D. António Prior do Crato, ambos sobrinhos do Cardeal Rei;

Alberto de Parma e Filipe II, Rei de Espanha, bisnetos de D. Manuel I, O Venturoso.

A disputa acirrou-se entre D. Catarina de Bragança (mantendo-se a sucessão na linhagem masculina – D. Duarte), o Prior do Crato (filho bastardo do infante D. Luís) e Filipe II, o mais perigoso e poderoso dos pretendentes.
Buscando uma solução para tal problema, D. Henrique decidiu convocar as Cortes. "Pressionado de três lados, odiando D. António, inclinando-se para D. Catarina mas, receoso da força de Filipe II, resolveu por fim convocar as Cortes (1579-80). Acabou D. Henrique por nomear cinco governadores para constituírem uma regência interina: o Arcebispo de Lisboa e quatro nobres, dois deles com cargos governativos, mas morreu tuberculoso em 31 de Janeiro de 1580, deixando um problema de difícil solução.
A escolha seria feita pelo país, reunido em Cortes, o que fatalmente daria lugar às corrupções e manejos de todas as assembleias.
D. António gozava de certa popularidade, pois o povo rejeitava a ideia de um soberano espanhol, vendo no Prior do Crato o único candidato capaz de desafiar o poderio de Filipe II. A duquesa de Bragança contava com o apoio dos nobres e clérigos (D. Henrique), mas actuou com prudência; Filipe II soube articular diplomaticamente as relações políticas e económicas com a nobreza, o clero e a burguesia, obtendo dos mesmos uma forte aliança: nobreza e clero venderam-se porque se achavam geralmente desprovidos de fundos; ao mesmo tempo receavam motins populares chefiados por D. António... Para a grande burguesia, também, a União Ibérica só traria um fortalecimento do sistema financeiro do Estado, e portanto uma protecção... Significaria igualmente a abertura dos novos mercados e a supressão das barreiras alfandegárias.

Após a morte do Cardeal Rei, as Cortes continuaram reunidas.
Nos finais de Junho de 1580, Filipe II invadiu Portugal com um forte exército para assegurar a sua coroação. Não quis submeter-se a um julgamento de direito, que o punha à partida, em igualdade com os outros pretendentes. Considerava-se, sem dúvida o legítimo herdeiro. A sentença final dos governadores, reconhecendo-o herdeiro, acabou por ser proferida em Castro Marim a 17 de Julho.
Em contrapartida, D. António organizou uma resistência, na qual foi aclamado Rei pelo povo em Lisboa, Santarém, Setúbal e outros lugares. Mas, na batalha de Alcântara (25 de Agosto), as tropas espanholas derrotaram o improvisado exército revoltoso, pacificando o país em dois meses. Filipe II reuniu as Cortes em Tomar (Abril de 1581), onde foi solenemente jurado e aclamado rei de Portugal com o título de Filipe I.

A união das duas Coroas peninsulares possibilitou a constituição de um grande império Ibérico que durou sessenta anos. Portugal manteria a autonomia administrativa e os seus domínios continuariam separados das possessões espanholas. Ao ser unido pessoalmente a Felipe II de Espanha, como reino e Coroa, Portugal conservou com efeito, a sua autonomia aparente. Filipe II foi forçado, na verdade, a jurar nas cortes de Tomar de 1581, embora com sabor amargo, a conservação dos Foros, liberdades, privilégios do Reino. No entanto, esse quadro perdurou por pouco tempo, pois o poder administrativo castelhano gradualmente incumbiu-se por anular a autonomia lusitana, através da centralização do poder administrativo em torno de Castela.
Filipe II havia prometido manter todos os direitos e regalias dos portugueses. Depressa se esqueceu dos seus compromissos.
O juramento de Filipe II nas Cortes de Tomar tinha como principal determinação a nomeação de portugueses ou pessoas ligadas à família Real para encabeçar os altos cargos, como o Vice-reinado.
A não residência prolongada em Portugal de Filipe II, obrigou a colocar o poder supremo em mãos de Vice-reis ou governadores. Com isso, para fins práticos, criava-se um Conselho de Portugal composto por seis membros (representantes da nobreza e do alto Clero) todos portugueses, responsáveis em auxiliar o Vice-rei na tarefa administrativa.
Em 1583, Filipe II nomeou Vice-rei o seu sobrinho, Cardeal Arquiduque Alberto de Áustria, que representou o alter-ego do rei. Diga-se também que o Cardeal Alberto governou com mãos de ferro, como aliás o exigiam a necessidade de pôr fim à agitação interna e o alerta constante contra o inimigo exterior.

Além desse conselho, o vice-rei devia reunir-se com o Conselho de Estado (espécie de ministério), no qual se regulava a administração da justiça, os assuntos de defesa, os negócios ultramarinos e as audiências a conceder ao povo. Desse modo, conclui-se que internamente o poder régio era decorativo, pois o poder político estava ligado a uma rede de poderes, ou seja, uma poliarquia. Convivendo com o poder régio, justapondo-se, havia com efeito corpos políticos dotados de autonomia.
Nesse primeiro instante, a grande preocupação de Filipe II era estruturar o funcionalismo burocrático português, por intermédio do equilíbrio entre as forças políticas centrais e locais. Com o término da gestão do Cardeal Arquiduque, o soberano espanhol recorreu a uma fórmula colectiva de governo. Não confiando suficientemente em ninguém para nomear governador de Portugal, o monarca preferiu a forma colectiva, escolhendo cinco governadores para constituírem um conselho de regência. Essa estratégia oscilante entre o poder colectivo e individual será largamente utilizada ao longo do processo de União Ibérica, como forma de enfraquecer ou fortalecer a autoridade representativa.
Com a morte de Filipe II em 1598, ascendeu ao trono seu filho Filipe III, (segundo de Portugal) que logo demonstrou total desinteresse em relação às questões políticas do Estado Português. Fraco de espírito, totalmente desinteressado dos negócios do Estado, verdadeira antítese do pai, Felipe III nunca governou por si próprio, entregando o poder real nas mãos de favoritos.

Iniciando um projecto de centralização política e administrativa em torno de Castela, Filipe III nomeia para Vice-rei de Portugal o espanhol Conde de Salinas, contrariando o juramento do seu pai nas Cortes de Tomar. Tal medida reduziria gradativamente a autonomia política de Portugal, significando o antecedente da política de Filipe IV para a provincialização do reino.  
Em 1600, o Rei enviava a Portugal uma comissão de três membros (todos castelhanos) com o fim de fiscalizar a Casa da Índia e as finanças em geral. Em seguida, nomearam-se ministros castelhanos para o Conselho de Portugal e o Conselho da Fazenda, em manifesta violação do “acordo” de 1581". Essa medida, bem como o aumento dos impostos sobre a classe média em geral, caracterizaram um governo extremamente impopular.
Em 1621 faleceu Filipe III e sucedeu-lhe seu filho Filipe IV (terceiro de Portugal).

No seu governo agravou-se a impressão de que os reis castelhanos não observavam nos seus deveres para com Portugal. Rompendo o seu pacto com a nação. Esse facto explica-se pelo plano de reformas estabelecidas pelo primeiro-ministro, Duque de Olivares, que visava ao fortalecimento da centralização interna para corrigir abusos e evita-los no futuro: todos os detentores de património da Coroa tiveram de submeter os seus títulos à confirmação régia como forma de conter a corrupção.

No contexto da política externa, a Espanha mergulhava na Guerra dos Trinta Anos, e sofria as consequências decorrentes dos fracassos militares contra a Holanda e a França, o que acarretou uma grande crise económica. O cenário de crise externa reflectiu-se internamente, pois Olivares decretou um aumento da carga tributária em Portugal como forma de sanar os problemas vigentes no território espanhol. Com a centralização, pretendia o Conde Duque superar exactamente aquelas dificuldades financeiras e militares. Tal aumento tributário observou-se na criação do imposto Real de Água estendido por todo país; na sobrecarga fiscal sobre o sal e o açúcar; na duplicação da sisa; na aplicação do imposto “Meia Anata”, que obrigava ao pagamento de metade da importância dos ordenados, no prazo de dois anos, sobre os ofícios e cargos públicos.  
No entanto, as medidas tomadas por Olivares agravaram ainda mais os descontentamentos e revoltas entre as classes sociais.
Essas revoltas eram a expressão da oposição à política de centralização que eliminava privilégios consagrados pelo tempo num mundo que se constituía social e politicamente com base na distribuição de privilégios. Não obstante, o quadro de descontentamento social fez eclodir em Portugal os movimentos anti-fiscais, como por exemplo o ocorrido na Revolta de Évora. Os levantamentos anti-fiscais têm uma profunda expressão ao tempo do domínio filipino, sobretudo entre 1629 à 1638, constituindo um dos aspectos mais relevantes da oposição política.
A excessiva taxação tributária fazia parte do projecto de centralização política de Portugal, no qual Olivares pretendia “provincializar” o Reino Português. O Reino ia deixando de ser uma monarquia associada para se tornar província. A situação tornava-se crítica, pois, todos deram conta dos perigos em que Olivares incorria ao forçar a centralização, e quão depressa era necessária a insurreição.
O monopólio ibérico estabelecido pela União das Coroas peninsulares não impediu a aceleração da decadência do reino português, arrastado nas sucessivas e desastrosas guerras que a Espanha sustentava na Europa contra a Inglaterra de Isabel I (em que ocorreu a destruição da Invencível Armada luso-espanhola), a França de Richelieu (Guerra dos Trinta anos) e a Holanda (estava a lutar pela independência do domínio Espanhol). Consequentemente, as maiores desgraças recaíram sobre os domínios portugueses que estavam sob "tutela" de Castela.

É justamente no âmbito dos conflitos externos travados entre Espanha e os países em questão que se desenrolou a insurreição Portuguesa em relação ao domínio castelhano, cujo rastilho foi a “Guerra dos Trinta Anos”.  
Esse conflito fez com que a Espanha atravessasse graves dificuldades económicas.

Para o reino já empobrecido por vexatórios tributos e pela saída de tantos dos seus filhos, representava um golpe tremendo. A centralização política em torno de Castela e o banimento da representação portuguesa (nobreza) no cenário político fizeram eclodir a RESTAURAÇÃO do domínio português em 1 de Dezembro de 1640.  

quinta-feira, 1 de julho de 2010

RECORDANDO JACQUES YVES COUSTEAU

CLICAR NO TÍTULO ACIMA.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jacques-Yves_Cousteau

NOTA: Não existem palavras suficientes nem textos que possam ser acrescentados para esclarecer algo mais sobre Jacques Cousteau e o seu barco, o Calypso; tudo o que existe sobre esta personalidade é só por si bastante esclarecedora. À gente só resta recordar a sua dedicação ao Mundo Submarino "O Mundo do Silêncio", de todos os Mares e Oceanos e o seu legado à humanidade. 

quarta-feira, 30 de junho de 2010

ACORDO ORTOGRÁFICO (video)

ESTE ACORDO, QUE SÓ VAI FUNCIONAR FASEADO EM 2012, PARA MIM VAI SER LETRA MORTA...!
PONTO FINAL PARÁGRAFO.
Só nos resta uma esperança é que, nas eleições legislativas, o PSD que vai ganhar, ponha um ponto final a este "Aborto".
Resta-nos duas observações: 
Alguém no Brasil saberá ler Saramago sem adaptação ao "Brasileiro"? 
Nunca um brasileiro comprará livros editados em Portugal, porque não os compreende!

terça-feira, 29 de junho de 2010

A QUESTÃO DA DIMENSÃO DO BRASIL.

O Brasil existiria hoje com toda a sua dimensão, como o quinto país maior do mundo se Portugal não tivesse obtido do Papa, no Tratado de Tordesilhas o alargamento do meridiano em 370 léguas para Oeste das ilhas de Cabo Verde?; se a língua Portuguesa não tivesse sido imposta pelo Marques de Pombal?; se o D. Pedro I no seu “Grito de Ipiranga” não tivesse declarado a sua independência, “no dia do fico”?; e se Napoleão não tivesse sido vencido no mar e em terra?. 
O Brasil teria hoje toda a sua dimensão ou teria o seu território dividido por vários países como foi todo o território de expressão castelhana?
RECORDANDO A HISTÓRIA:
Em Maio, a cisão entre D. Pedro e as Cortes aprofundou-se: o Regente determinou que qualquer decreto das Cortes só poderia ser executado mediante o "Cumpra-se" assinado por ele, o que equivalia a conferir plena soberania ao Brasil. A medida teve imediato apoio: quando dos festejos pelo aniversário de João VI de Portugal, a 13 de Maio, o Senado da Câmara do Rio de Janeiro pediu ao Príncipe Regente que aceitasse para si e para seus descendentes o título de "Defensor Perpétuo do Brasil".
Neste contexto, houve uma investida militar da Divisão Auxiliadora, estacionada no Rio de Janeiro, sob o comando do Tenente-general Jorge de Avilez, que acabou sendo expulso do Brasil com as suas tropas.
Os liberais radicais mantinham-se activos: por iniciativa de Gonçalves Ledo, uma representação foi dirigida a D. Pedro para expor a conveniência de se convocar uma Assembleia Constituinte. O Príncipe decretou a convocação em 13 de Junho de 1822. A pressão popular levaria a convocação adiante, dando continuidade ao processo.
José Bonifácio resistiu à ideia de convocar a Constituinte, mas foi obrigado a aceitá-la. Procurou descaracterizá-la, propondo a eleição indirecta, que acabou prevalecendo contra a vontade dos liberais radicais, que defendiam a eleição directa. Embora os conservadores tenham obtido o controlo da situação e o texto da convocação da “Constituinte” apresentasse declarações favoráveis à permanência da união entre Brasil e Portugal, as Cortes de Lisboa insistiam: o Príncipe Regente deveria retornar imediatamente. Em resposta, o Príncipe Regente decidiu desobedecer às ordens das Cortes e permanecer no Brasil, pronunciando a célebre frase "Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto. Digam ao povo que fico!". O episódio tornou-se conhecido como "Dia do Fico". Foi este “Fico” que deu ao Brasil o sentimento de união que venceu os sentimentos separatistas de então.

domingo, 27 de junho de 2010

OS TEMPLÁRIOS – OS MONGES SOLDADOS

A Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão.
Conquistada pelos cristãos na Primeira Cruzada, em 1098, Jerusalém estava de novo cercada pelos árabes em 1116. Os nobres franceses Hugues de Payens e Geoffroi de Saint-Omer juraram, na Igreja do Santo Sepulcro (o templo dos cristãos), viver em perpétua pobreza e defender os peregrinos que vinham à Terra Santa.
Nascia a Ordem dos Cavaleiros Pobres de Cristo, renomeada, em 1119, Ordem dos Cavaleiros do Templo - a Ordem dos Templários,
Na época, várias organizações católicas congregavam devotos sob regimento próprio. A dos Templários, entretanto, era diferente: Os seus membros eram monges guerreiros. As normas da Ordem eram secretas e só conhecidas, na totalidade, pelo comandante em chefe (o grão-mestre) e pelo Papa.
Desde o início, os templários foram desobrigados de obedecer aos reis. Podiam, assim, ter interesses próprios. Ao entrar na companhia, o novato conhecia só uma parte das regras que a guiavam e, à medida que era promovido, sempre em batalha, tinha acesso a mais conhecimentos, reservados aos graus hierárquicos superiores.
Os ritos de iniciação marcavam as promoções. Foi essa estrutura que permitiu, mais tarde, à Ordem de Cristo manter secretos os conhecimentos de navegação no Atlântico.
Enquanto as cruzadas empolgaram a Europa, os templários receberam milhares de propriedades por doação ou herança e desenvolveram intensa actividade económica. Nos seus feudos, introduziram métodos racionais de produção e foram os primeiros a criar linhagens de cavalos em estábulos limpos.
Uma rede de postos bancários logo se espalhou por vários países. Peregrinos a caminho da Terra Santa depositavam os seus bens no ponto de partida e ganhavam uma carta de crédito com o direito de retirar o equivalente em moeda local em qualquer estabelecimento templário, estava inventado o cheque. Devido às suas habilidades com o manejo de riquezas e bens, somado a honestidade comprovada, foram os mesmos encarregados de gerir as fortunas de vários nobres. Daí para gerirem as finanças dos Reis, como as de Filipe IV de França,  cognominado o Belo.
Mas a exuberância dos Templários gerou inveja. Enquanto houve cruzadas, os templários exibiram orgulhosamente o manto branco com a cruz vermelha, a mesma que depois as naus portuguesas usariam. Com a queda da Cidade Santa, em 1244, e a expulsão das tropas cristãs da Palestina, em 1291, a mística dissipou-se e a oposição monárquica tornou-se explícita.
Nas décadas seguintes, a confraria seria vítima de articulações palacianas, fomentada pela cobiça do rei de França, que visava apossar-se dos bens dos Templários e não lhes pagar a dívida, o que efectivamente ocorreu, a 13 de Outubro de 1307, facto que provavelmente esteve na origem da superstição das sextas-feiras dia 13 serem dias aziagos, tendo sido a mesma extinta em toda a Europa; com a excepção de Portugal, onde D. Dinis, com a habilidade que lhe era peculiar, a consegue transformar, com a autorização do Papa, na  nova Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo  (1321).
O Castelo de Tomar, Almourol,  Idanha,  Monsanto,  Pombal e Zêzere foram reconstruídos e ocupados pela Ordem dos Templários com o novo nome de Ordem de Jesus Cristo.
No dia 8 de Março de 1500, em Lisboa, terminada a missa dominical, o Rei D. Manuel I sobe ao altar edificado no cais da Torre de Belém, toma a bandeira da Ordem de Cristo e entrega-a a Pedro Álvares Cabral.
O capitão vai içá-la na principal nave da frota que partirá daí a pouco para a Índia. Era uma esquadra respeitável, a maior já montada em Portugal, com treze navios e 1 500 homens. Além do tamanho, tinha outro detalhe incomum.
O comandante não possuía a menor experiência como navegador. Cabral só estava no comando da esquadra porque era cavaleiro da Ordem de Cristo e, como tal, tinha duas missões: criar uma feitoria na Índia e, no caminho, tomar posse de uma terra já conhecida, o Brasil.
A presença de Cabral à frente do empreendimento era indispensável, porque só a Ordem de Cristo, uma companhia religiosa militar autónoma do Estado e herdeira da misteriosa Ordem dos Templários, tinha autorização papal para ocupar tal como nas cruzadas os territórios tomados dos infiéis (no caso brasileiro, os índios).
No dia 26 de Abril de 1500, quatro dias depois de avistar a costa brasileira, o cavaleiro Pedro Álvares Cabral cumpriu a primeira parte da sua tarefa. Levantou onde hoje é Porto Seguro a bandeira da Ordem e mandou rezar a primeira missa no novo território. O futuro país estava sendo formalmente incorporado às propriedades da organização.
O escrivão Pero Vaz de Caminha, que reparava em tudo, escreveu para o rei sobre a solenidade: "Ali estava com o capitão a bandeira da Ordem de Cristo, com a qual saíra de Belém, e que sempre esteve alta." Para o monarca português, a primazia da Ordem era conveniente.
É que atrás das descobertas dos novos cruzados vinham as riquezas que faziam a grandeza e a glória do reino de Portugal, tornando assim a pequena nação ibérica num império espalhado pelos quatro cantos do planeta.
Portugal que na época era um reino pobre. As nações ricas eram, Veneza, Alemanha (dividida em pequenos principados) e Flandres (hoje dividida entre Holanda e Bélgica), buscava meios de aumentar suas fontes de riquezas, a fim de sair da condição precária que vivia com as suas finanças, e vislumbrou que dominado o caminho da Índia pelo mar poderia comercializar as suas especiarias.
Para a consecução desse intento foi importantíssima a participação da Ordem de Cristo, pois, os mesmos também tinham o objectivo de circunvagar a África e daí chegar à Índia, uma vez que os caminhos por terra estavam dominados pelos muçulmanos, quando, em 1416 o Infante D. Henrique, 3º filho do Rei D. João I, tornou-se Grão-Mestre.
Assim, acharam que era hora de por em execução o desejo, tanto da Ordem como do reino de chegar à Índia, a ideia pareceu uma loucura, pois não havia conhecimento de navegação em mar aberto.
Mas sabia-se que os Templários possuiam o conhecimento necessário para alcançarem o objectivo de chegar a Índia e também tomar posse das novas terras além-mar. Essa empreitada recebeu o aval do Papa Martinho V, que em 1418, na Bula Papal “Sane Charissimus”, deu um carácter de cruzada ao empreendimento, as terras tomadas dos infiéis passariam à Ordem de Cristo, que teria sobre elas o poder temporal, de administração civil e religiosa, isto é, o controle religioso e a cobrança de impostos eclesiásticos.
Entre o lançamento oficial da empreitada e a conquista do objectivo último decorreria um longo tempo, precisamente 80 anos. Apenas em 1498, o cavaleiro Vasco da Gama conseguiria chegar à Índia. Morto em 1460, D. Henrique não assistiu ao triunfo da sua cruzada. Mas chegou a ver como, no rasto dela, Portugal ia-se tornando a maior potência marítima da Terra.
A Ordem de Cristo controlou o conhecimento das rotas e o acesso às tecnologias de navegação enquanto pôde. Mas com o ouro descoberto na Guiné, em 1461, o monopólio da pilotagem passa a ser cada vez mais desafiado.
A partir de então, multiplicaram-se os contratos com comerciantes e as cessões de domínio ao Rei, para exploração das regiões descobertas. Aos poucos, a sabedoria secreta guardada em Tomar foi sendo passada para mercadores de Lisboa, Flandres e Espanha. Portugal naquela época fervilhava de espiões, especialmente espanhóis e italianos, que procuravam os preciosos mapas ocultados pelos cruzados.
Enquanto o tesouro de dados marítimos esteve sob a sua guarda, a estrutura secreta da Ordem garantiu a exclusividade para os portugueses. Em Tomar e em Lagos, os navegadores progrediam na hierarquia apenas depois que a sua lealdade era comprovada, se possível em batalha.
Só então eles podiam ler os relatórios reservados de pilotos que já haviam percorrido regiões desconhecidas e ver preciosidades como as tábuas de declinação magnética, que permitiam calcular a diferença entre o Pólo Norte geográfico e o Pólo Norte magnético que aparecia nas bússolas.
E, à medida que as conquistas avançavam no Atlântico, eram feitos novos mapas de navegação astronómica, que forneciam orientação pelas estrelas do Hemisfério Sul, a que também unicamente os iniciados tinham acesso. 
Mas o sucesso atraía a competição. A Espanha, tradicional adversária, também fazia política no Vaticano para minar os monopólios da Ordem, em acção combinada com seu crescente poderio militar. Em 1480, depois de vencer Portugal numa guerra de dois anos na fronteira, os Reis Fernando, de Leão, e Isabel, de Castela, começaram a interessar-se pelas terras dalém mar.
Com a viagem vitoriosa de Colombo à América, em 1492, o papa Alexandre VI, um espanhol de Valência, reconheceu em duas bulas, as “Inter Caetera”, o direito de posse dos espanhóis sobre o que o navegante genovês havia descoberto. E rejeitou as reclamações de D. João II de que as novas terras pertenceriam a Portugal. O Rei não se conformou e ameaçou com outra guerra.
A controvérsia induziu os dois países a negociarem, frente a frente, na Espanha, em 1494, um tratado para dividir o vasto novo mundo que todos pressentiam: o Tratado de Tordesilhas.
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