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PORTAL DE AGOSTINHO DA SILVA

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O FILOSOFO DE PORTUGAL

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A MESOPOTÂMIA NO INÍCIO DA HISTÓRIA

A Mesopotâmia, nome grego “mesopotamia” que significa "entre rios" (meso + pótamos - Rio), é uma região de interesse histórico e geográfico mundial. Trata-se de um planalto de origem vulcânica localizado no Médio Oriente, delimitado entre os vales dos rios Tigre e Eufrates, ocupado pelo actual território do Iraque e terras próximas. Os rios desembocam no Golfo Pérsico e a região toda é rodeada por desertos.
Inserida na área do Crescente Fértil - de Lua crescente, precisamente por ter o formato de uma Lua crescente e de ter um solo fértil - é uma região do Médio Oriente excelente para a agricultura, num local onde a maior parte das terras vizinhas eram muito áridas para qualquer cultivo. A Mesopotâmia tem duas regiões geográficas distintas: ao Norte a Alta Mesopotâmia ou Assíria, uma região bastante montanhosa, desértica, desolada, com escassas pastagens, e ao Sul a Baixa Mesopotâmia ou Caldeia, muito fértil em função do regime dos rios, que nascem nas montanhas da Arménia e desaguam separadamente no Golfo Pérsico.

Foi o berço das primeiras civilizações, nomeadamente a civilização suméria e a babilónica. Mesopotâmia foi o nome que os Gregos e, depois, os Romanos atribuíram à região. O Norte, também denominado Alta Mesopotâmia, corresponde à Síria e ao Sudeste da actual Turquia. O Sul, ou Baixa Mesopotâmia, engloba o Iraque. O território ocupado pela actual Mossul e pela Suméria, bem como por Akkad e Babilónia, distribuia-se a sul da Assíria. A zona da Alta Mesopotâmia, uma região profundamente agrícola, apresenta Tell Hassuna como a mais antiga aldeia conhecida, localizada a poucos quilómetros de Mossul.

Os materiais arqueológicos aí exumados são datáveis de cerca de 5000 anos a. C., revelando que as comunidades humanas aí fixadas, que praticavam já a domesticação animal, viviam em casas de barro, de planta rectangular, produzindo utensílios diversos, tais como rocas, projécteis, adereços femininos em barro cozido, enxadas, arado, foices e moinhos líticos. A este período, designado por hassunense, sucedeu o samarrense e, posteriormente, o halafiano, com cerâmicas mais evoluídas. Nos momentos seguintes a Mesopotâmia vai assistir a um desfilar significativo de povos e sucessões hegemónicas.

Primeiro os Sumérios, depois Akkad e o seu império, os Gútios, o império de Ur, o Império Babilónico, os Hurritas e Mitani, os Assírios e, por fim, o Império Neobabilónico. Um dos desenvolvimentos mais importantes na história humana - a emergência das primeiras cidades - teve lugar na Mesopotâmia meridional no quarto milénio a. C., em finais do período Uruk. As primeiras cidades foram o resultado do culminar do aumento das populações e das potencialidades da agricultura que tinham ocorrido desde a adopção da exploração agrícola. Mas, para além do aumento do número de habitantes, as alterações radicais na sociedade, na religião, na política, na experiência intelectual e, sem dúvida, em quase todos os aspectos da vida também contribuíram para o seu desenvolvimento. A vida na árida planície dependia da irrigação, da agricultura e dos contactos comerciais com o exterior e podem ter sido estes requisitos que eventualmente produziram não somente uma administração peculiar e uma técnica organizacional, mas também excedentes económicos suficientes para suportar uma população concentrada em grandes aglomerados. Estes factores, juntamente com a autoridade centralizadora necessária para criar e manter os sistemas de canais, estão directamente associados com o aparecimento das primeiras cidades.

Durante quase todo o terceiro milénio um número de cidades-estados coexistiram e foram finalmente unificadas por Sargão de Acad, em 2300 a.C.. Cada cidade estava sob a protecção de um Deus particular, que "habitava" um magnífico templo com o seu numeroso séquito humano. Estes servidores também desempenhavam um papel económico, já que o templo detinha uma grande parte da terra da cidade. As chuvas eram escassas e imprevisíveis nesta região da Mesopotâmia; as inundações dos rios ocorriam bastante tarde no ano para se poder planear a estação. As colheitas - cevada, sésamo e alhos - eram regadas por um sistema artificial de canais. Carneiros, ovelhas, porcos e restante gado eram também uma fonte de rendimento, permitindo a extracção de lã, que depois era redistribuída em rações aos artesãos.

Foi o crescimento da complexidade da contabilidade do templo que deu origem aos primeiros documentos escritos: as primeiras tabuinhas com pictogramas de Uruk datam de cerca de 3100 a. C. Gradualmente a escrita silábica desenvolve-se - as primeiras obras de literatura datam aproximadamente de 2500 a. C. No entanto, a maior parte da população permaneceu iletrada; a destreza escrita manteve-se nas mãos dos escribas para os quais existiam escolas nos templos. É devido à prática da cópia de documentos nesses estabelecimentos que devemos o nosso conhecimento das tradições destas cidades. É pouco o conhecimento que temos da organização da vida secular nestas primeiras cidades. Existiam certamente escravos e existiam reis dinásticos em meados do terceiro milénio - muitos aparecem nomeados num documento tardio chamado Lista dos Reis Sumérios.

As cidades-estados estavam habitualmente em situações de rivalidade umas com as outras devido aos direitos da terra e da água, resultando em ataques em que levavam tributos e se faziam prisioneiros. As relações também podiam ser amigáveis, com os governantes a presentearem-se ocasionalmente. As fortunas dos Estados individuais aumentavam e diminuíam, mas Nippur e Kish sempre tiveram um domínio cultural. No Sul, a rica cidade de Ur, juntamente com Lagash, dominavam a região. O urbanismo rapidamente se expandiu para lá do seu local de origem, sendo acompanhado pelo rápido crescimento populacional e da agricultura, originando as cidades do vale do Nilo e da planície do Indo. Em dois mil anos, a cidade era um dado adquirido em muitas partes da Eurásia, marcando um passo importante para o mundo moderno.

Os vestígios arqueológicos são limitados e por isso não se pode definir como a organização política e social que dava dentro de algumas dessas primeiras cidades. Uma das fontes de referência para o estudo da Mesopotâmia, não é nenhum dos documentos encontrados nas escavações na região mas sim na bíblia. Nela se fazem referências às cidades de Ur, Nínive, cujo nome significava "bela" e Babilónia . Muitas das histórias presentes no Antigo Testamento são possivelmente derivadas de tradições dessa região como, por exemplo, o dilúvio. Os autores da Antiguidade como Heródoto, Beroso, Estrabão e Eusébio também fazem referências à Mesopotâmia. Por isso ao estudar a Mesopotâmia deve-se atentar para a construção de uma proto-história baseada em evidências fragmentadas e esparsas, já que as escavações só se iniciaram a partir do século XIX, e ainda hoje muitas lacunas estão expostas.

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