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PORTAL DE AGOSTINHO DA SILVA

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O FILOSOFO DE PORTUGAL

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

VLAD III, O EMPALADOR E A LENDA DE DRÁCULA (video)



Vlad III, Príncipe da Valáquia, nasceu em Sighişoara, no ano de 1431 e faleceu em Bucareste no mês de Dezembro de 1476, conhecido como Vlad, o empalador, em romeno: Vlad Ţepeş, ou Drácula, foi príncipe da Valáquia por três vezes, governando a região em 1448, de 1456 a 1462 e em 1476.
O seu sobrenome romeno, Drácula, também Draculea e Drakulya, usado para designar Vlad em diversos documentos, significa "filho do dragão", e refere-se ao seu pai,  Vlad Dracul, que recebeu este apelido dos seus súbditos após ter-se juntado à Ordem do Dragão,  uma ordem religiosa criada pelo sacro imperador romano germânico de Sigismundo do Luxemburgo, também dito Sigismundo da Germânia no ano de 1431. 

Dracul, que vem do latim draco "dragão", que significa "diabo" no romeno actual.
O seu apelido depois da morte, de Ţepeş "Empalador" teve origem no seu hábito de matar os inimigos através do empalamento, uma prática popularizada por diversos panfletos medievais na Transilvânia. Em turco era conhecido como Kazıklı Voyvoda ou Kazıklı Bey, ou "Príncipe Empalador".
Bey ou beg é um título nobiliárquico de origem turca, adoptado por diferentes governantes dentro dos territórios dos antigos Impérios Seljúcida e Otomano. Um Beylik era um território governado por um bey que foi o título dos monarcas na Tunísia.

Historicamente Vlad é mais conhecido pela sua política de independência em relação ao Império Otomano,  cujo expansionismo sofreu a sua resistência, e pelas punições excessivamente cruéis que impunha a seus prisioneiros.  É lembrado por toda a região como um cavaleiro cristão que lutou contra o expansionismo islâmico na Europa, e é ainda hoje um herói popular na Roménia e na República da Moldávia.
No mesmo tempo que Vlad III se tornou famoso pelo seu sadismo, era respeitado pelos seus cidadãos como guerreiro, pela sua ferocidade contra os turcos, e como governante que não tolerava o crime entre a sua gente. Durante o seu reinado, ergueu grandes mosteiros.

Fora da Roménia, o voivoda é célebre pelas atrocidades contra os seus inimigos e que teriam sido a inspiração para o conde Drácula, vampiro de Drácula do romance de  1897 do escritor irlandês Bram Stoker.
Após a invasão da Valáquia pela Hungria, em 1447 Vlad II e o seu filho mais velho Mircea foram assassinados. Em 1456, Vlad Tepes retornou à região e retomou o controlo das terras, assumindo novamente o trono de Valáquia. Esse retorno tardio de Vlad III teria confundido os moradores da região, que pensaram ser Vlad II que tinha retornando anos depois da sua morte. Isso teria ajudado a criar a lenda de sua imortalidade.

Em 1462, Vlad Tepes perdeu o trono para o seu irmão Radu, que se havia aliado aos turcos. Preso na Hungria até 1474, Vlad III morreu dois anos depois, tentando recuperar o trono da Valáquia.
Vlad III foi exilado das suas terras por um breve período em 1448, de 1456 a 1462 e por duas semanas no ano da sua morte em 1476.
O trono de Valáquia era hereditário, mas não seguia a lei do primogénito. Os nobres tinham o direito de escolher entre os membros da família real quem seria o sucessor. A família real dos Basarab, fundada por Basarab, o Grande (1310-1352), dividiu-se por volta do final do século XIV. Os dois clãs resultantes, rivais entre si, foram formados pelos descendentes do Voivoda Dan e pelos descendentes do Voivoda Mircea Bătrân, também conhecido por Mircea, o Velho (avô de Vlad III).

A situação política na Valáquia continuou instável depois de Vlad Dracul ascender ao trono em 1436. O poder dos Turcos estava crescendo rapidamente enquanto cada um dos pequenos estados dos Bálcãs se rendiam ao massacre dos Otomanos. Ao mesmo tempo o poder da Hungria atingia o seu apogeu e, assim o faria durante o tempo de João Corvino (Hunyadi János), o Cavaleiro Branco da Hungria, e seu filho, o rei Matias Corvino. Qualquer príncipe da Valáquia teria que balancear as suas políticas precariamente entre esses dois poderosos países vizinhos.

O príncipe da Valáquia era oficialmente um subordinado ao rei da Hungria. Também Vlad Dracul era um membro da Ordem do Dragão, tendo jurado lutar contra os infiéis. Ao mesmo tempo o poder dos Otomanos, desde 1299, parecia não ser possível deter, como de facto não foi, só cairia em 1922 após a 1ª guerra mundial 1914/18. Mesmo no tempo do pai de Vlad II, Mircea, o Velho, a Valáquia era forçada a pagar tributo ao Sultão. Vlad foi forçado a renovar esse tributo e de 1436 a 1442 tentou estabelecer um equilíbrio entre os seus poderosos vizinhos.
Em 1442 Vlad tentou permanecer neutro quando os turcos invadiram a Transilvânia.

Os Turcos foram vencidos e os vingativos húngaros, sob o comando de Hunyadi János forçaram Dracul e a sua família a fugir da Valáquia. Hunyadi colocou um Danesti, Basarab II, no trono valaquiano. Em 1443 Vlad II retomou o trono da Valáquia com suporte dos Turcos, desde que ele assinasse um novo tratado com o Sultão que incluiria não apenas o costumeiro tributo, além de outros favores. Em 1444, para assegurar ao sultão de sua boa-fé, Vlad II mandou os seus dois filhos mais novos para Adrianopla como reféns. Draculea permaneceu refém em Adrianopla até 1448.
Em 1444 o rei da Hungria, Ladislas Poshumous, quebrou a paz e enviou o exército de Varna sob o comando de João Corvino (Hunyadi János) num esforço para manter os turcos longe da Europa.

Hunyadi ordenou que Vlad II cumprisse os seus deveres como membro da Ordem do Dragão e súbdito da Hungria e se juntasse à cruzada contra os Turcos. O Papa absolveu Dracul do compromisso Turco, mas, como político, ainda queria alguma coisa. Ao invés de se unir às forças cristãs ele mandou o seu filho mais velho, Mircea. Talvez ele esperasse que o sultão poupasse os seus filhos mais novos se ele pessoalmente não se juntasse à cruzada.
Os resultados da Cruzada de Varna são bem conhecidos. O exército cristão foi completamente destruído na Batalha de Varna. João Hunyadi conseguiu escapar da batalha sob condições que acrescentaram pouca glória à reputação dos Cavaleiros Brancos.

Muitos, aparentemente incluindo Mircea e seu pai, culparam Hunyadi pela cobardia. Deste momento em diante João Hunyadi foi amargamente hostil em relação a Vlad Dracul e ao seu filho mais velho. Quando em 1447 Vlad Dracul II foi assassinado juntamente com seu filho Mircea, este foi enterrado vivo pelos burgueses e mercadores de Targoviste. Hunyadi que colocaram um candidato, um membro do clã Danesti, no trono da Valáquia.
Em 1448 Draculea conseguiu assumir o trono valaquiano com o apoio turco. Porém, em dois meses Hunyadi forçou Draculea a entregar o trono e fugir para jundo do seu primo, o príncipe da Moldávia, enquanto Hunyadi mais uma vez colocava Vladislav II no trono valaquiano.
Draculea permaneceu em exílio na Moldavia por três anos, até que o Príncipe Bogdan da Moldávia foi assassinado em 1451.

O tumulto resultante na Moldávia forçou Draculea a fugir para a Transilvânia e buscar protecção com o inimigo da sua família, Hunyadi. O tempo era ideal; o fantoche de Hunyadi no trono valaquiano, Vladislov II, instituiu uma política a favor da Turquia, e Hunyadi precisava de um homem mais confiável na Valáquia. Consequentemente, Corvino aceitou a aliança com o filho de seu velho inimigo e colocou-o como candidato da Hungria para o trono da Valáquia. Draculea tornou-se súbdito de Hunyadi e recebeu os antigos ducados da Transilvânia que eram de seu pai, Faragas e Almas.

Draculea permaneceu na Transilvânia, sob a protecção de Hunyadi, até 1456 esperando por uma oportunidade de retomar Valáquia do seu rival.
Em 1453 o mundo cristão chocou-se com a queda final de Constantinopla para os Otomanos. O Império Romano do Oriente que existiu desde o tempo de Constantino, o Grande, e que por mil anos protegeu o resto dos cristãos do Islão não existia mais. Hunyiadi imediatamente planeou outro ataque contra os Turcos.
Em 1456 Hunyadi invadiu a Sérvia turca enquanto Draculea simultaneamente invadiu a Valáquia. Na Batalha de Belgrado Hunyadi foi morto e o seu exército vencido.

Enquanto isso, Draculea conseguiu sucesso em matar Vladislav II e tomando o trono da Valáquia, mas a derrota de Hunyadi tornou a sua protecção, por parte deste, questionável. Por um tempo ao menos Draculea foi forçado a apoiar os Turcos enquanto solidificava a sua posição.
O reinado principal de Draculea estendeu-se de 1456 a 1462. A sua capital era a cidade de Tirgoviste enquanto seu castelo foi erguido a uma certa distância, nas montanhas perto do rio Arges.
A maior parte das atrocidades associadas ao nome de Draculea tomaram lugar durante esses anos. Foi também durante esse tempo que ele lançou o seu próprio ataque contra os Turcos.

O seu ataque foi relativamente bem-sucedido inicialmente. As suas habilidades como guerreiro e sua bem conhecida crueldade fizeram inimigo temido. Entretanto, ele recebeu pouco apoio do seu senhor feudal,  Matthius Corvinus, Rei da Hungria (filho de João Hunyadi) e os recursos valaquianos eram muito limitados para alcançar algum sucesso contra o conquistador de Constantinopla.
Os Turcos finalmente foram bem-sucedidos em forçar Draculea a fugir para a Transilvânia em 1462. Foi dito que a primeira esposa de Draculea cometeu suicídio pulando das torres do castelo de Draculea para as águas do rio Arges ao invés de se render aos Turcos. Draculea fugiu pelas montanhas em direcção à Transilvânia e pediu ajuda a Matthius Corvinus. Ao invés disso, o rei prendeu Draculea e aprisionou-o numa torre por 12 anos.

Aparentemente o seu aprisionamento não foi oneroso. Ele foi capaz de gradualmente ganhar as graças da monarquia húngara, tanto que ele conseguiu casar e tornar-se um membro da família real (algumas fontes clamam que a segunda esposa de Draculea era na verdade a irmã de Matthius Corvinus). Durante o seu aprisionamento Draculea também renunciou à fé Ortodoxa e adoptou o Catolicismo. É interessante notar que a narrativa russa dessas histórias, normalmente favoráveis a Draculea, indicavam que mesmo durante sua prisão Draculea não desistiu de seu passatempo preferido: ele costumava capturar pássaros e ratazanas que torturava e mutilava - alguns eram decapitados, esfolados e soltos, e muitos eram empalados em pequenas lanças.

Em 1476 Draculea mais uma vez estava pronto para atacar. Draculea e o príncipe István Báthory invadiram a Valáquia com uma força mista da Transilvânia, alguns burgueses da Valáquia insatisfeitos e um contingente de moldávios enviados pelo primo de Draculea, Príncipe Estêvão, o Grande da Moldávia. O irmão de Draculea, Radu, o Belo, havia morrido alguns anos antes e substituído por um candidato ao trono apoiado pelos Turcos, Basarab, o Velho, membro do clã Danesti. Enquanto o exército de Draculea se aproximava, Basarab e sua corte fugiram, alguns buscando protecção dos Turcos, outros para os abrigos das montanhas. Depois de colocarem Draculea de volta no trono, Stephan Bathory e as outras forças de Draculea voltaram à Transilvânia, deixando a posição táctica de Draculea muito enfraquecida. Draculea teve muito pouco tempo para ganhar apoio antes que um grande exército turco invadisse a Valáquia determinado a devolver o trono a Basarab.

Aparentemente mesmo os plebeus, cansados das depredações do empalador, abandonaram-no à sua própria sorte. Draculea foi forçado a lutar contra os Turcos com pequenas forças à sua disposição, algo em torno de menos de quatro mil homens.
Draculea foi morto em batalha contra os turcos perto da pequena cidade de Bucareste em Dezembro de 1476. O corpo de Draculea foi decapitado pelos Turcos e a sua cabeça enviada a Constantinopla, onde o Sultão a manteve em exposição numa estaca como prova de que o empalador estava morto.

Ele foi enterrado em Snagov, uma ilha localizada perto de Bucareste. Em 1931, quando arqueólogos escavaram o túmulo, não encontraram nada, apenas ossos de animais, o que contribuiu para o mistério que envolve ainda a lenda do Conde Drácula.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

JOÃO SEM MEDO



A dinastia Capetiana, também Capetíngia, foi a família real que governou a França durante mais de oitocentos anos. Deveu o seu nome à alcunha do fundador, Hugo, Duque de Francia. Hugo era denominado Capeto por causa da capa curta que sempre ostentava por ser abade secular em  St. Martin de Tours. Como se tratava do mais importante vassalo de Luís V de França, Hugo conseguiu fazer-se eleger rei quando da morte de Luís, em 987.

D. Henrique de Borgonha, nasceu em 1066  em Astorga,  foi conde de Portucale desde 1093 até à sua morte. Em Portugal é conhecido, geralmente, por Conde D. Henrique. Pertencia à família ducal da Borgonha, sendo filho de Henrique, herdeiro do duque Roberto I com Beatriz ou Sibila de Barcelona, e irmão dos também duques Odo I e Hugo I. Sendo um filho mais novo, D. Henrique tinha poucas possibilidades de alcançar fortuna e títulos por herança, tendo por isso aderido à Reconquista da Península Ibérica. Ajudou o rei Afonso VI de Leão e Castela a conquistar o Reino da Galiza, recebendo como recompensa pelos seus serviços o casamento com a filha ilegítima do monarca, Teresa de Leão (pais de D. Afonso Henriques, 1º Rei de Portugal)

JOÃO SEM MEDO, duque francês da Borgonha, nasceu a 28 de Maio de 1371, em Dijon, e faleceu a 10 de Setembro de 1419, assassinado na ponte de Montereau. Era filho de Filipe, o Atrevido, duque da Borgonha, e da sua mulher Margarida III da Flandres, pertencendo à Casa capetíngia dos Valois. Teve como irmãos António, duque de Brabante, Filipe, conde de Nevers, Margarida, condessa de Ostrevent, Catarina e Maria. Em 1384 tornou-se conde de Nevers, tendo em 1404 oferecido o título ao seu irmão Filipe. Inicialmente noivo de Catarina de Valois, filha de Carlos V de França, acabou por casar em 1385 com a filha de Alberto da Baviera, Margarida, com quem teve o futuro Filipe III da Borgonha, além de sete filhas: Catarina, Maria, Margarida, duquesa da Guyenne, Isabel, Joana, Ana e Inês.

Foi um dos cruzados que se bateram contra os Turcos de Bayezid I na campanha liderada por Sigismundo da Hungria, tendo sido preso em Nicópolis no ano de 1396 e libertado contra resgate no seguinte ano. Foi no decurso das suas actividades militares que ganhou o cognome com que seria conhecido, "Sem Medo". Voltou a França depois da libertação, tornando-se duque da Borgonha em 1404, com a morte do seu pai, e conde da Flandres e de Artois no ano subsequente, por morte da sua mãe. Cedo se acenderam os conflitos com o irmão mais novo do rei Carlos VI de França, Luis de Orleães, pois a demência do rei exigia que as rédeas do comando fossem entregues a outra pessoa.

João Sem Medo acabou por conseguir a guarda do Delfim francês, o que lhe conferiu um notável poder, e terminou com o seu rival Luís de Orleães em 1407, mandando-o assassinar em Paris. O duque da Borgonha foi perdoado deste crime pelo rei de França no Tratado de Chartres, datado de 9 de Maio de 1409. João I da Borgonha participou nas negociações de paz com o rei Henrique V de Inglaterra, que tinha invadido o território francês, mas não participou na batalha entre as duas facções em Agincourt (1415), onde morreram dois dos seus irmãos, Filipe e António. Em 1417 tomou a cidade de Paris e declarou-se protector do rei Carlos VI, vendo-se o Delfim (futuro Carlos VII) obrigado a fugir. Este pediu um encontro de reconciliação com o duque da Borgonha em 1419, na ponte de Pouilly, encontro este que se seguiria de um outro para firmar a paz também a pedido do Delfim, a 10 de Setembro na ponte de Montereau. Foi neste último que João Sem Medo foi assassinado, tendo sido enterrado na sua cidade natal.