Recordando fragmentos da História:
Portugal com as suas colónias ultramarinas, em guerra, - Angola, Moçambique e Guiné - flutuava no fio da navalha, desde 1962, entre os interesses das duas grandes e poderosas nações do mundo, em plena guerra fria, a União Soviética e os Estados Unidos da América, respectivamente, com os dois blocos militares, do Pacto de Varsóvia e da Nato, desta, fazendo Portugal parte como membro fundador.
História à parte, ainda hoje se comenta, em certos círculos notórios, isentos, que António de Oliveira Salazar, com direito a estatuaria, teria sido, até aos nossos dias, ou para sempre uma grande figura na história de Portugal, sem controvérsia, se em 1945, no término da 2ª guerra mundial tivesse autorizado democraticamente eleições livres, sem cercear Humberto Delgado em 1958. Salazar, de facto, conseguiu, até àquela data, com especial argúcia, negociar durante o conflito com os proeminentes políticos dos mais poderosos países do mundo. Não foi certamente tarefa fácil obter a neutralidade e manter o pequeno rectângulo da Lusitânia com os seus territórios insulares e ultramarinos, fora dos interesses destes senhores da guerra: Hitler “Der Fuhrer”; Churchill; Roosevelt; Estaline; Mussolini “Il Duce” e Franco “El Caudillo”.
O conflito, para Salazar, desenhava-se assim: Hitler, porque tinha em mente a invasão da Rússia – Operação Barbarossa, iniciada a 22/06/41 – na reunião de Hendaye, a 23/10/40, que envolveu os consensos de Ribentrop, Mussolini, Petain e Laval, não autorizou que Franco anexasse Portugal à Espanha; Churchill e Roosevelt queriam de Salazar a Madeira e os Açores para, a partir daí, defenderem o Atlântico Norte dos ataques dos submarinos alemães; a Inglaterra estava em grandes dificuldades e só o insistente fornecimento Americano, por mar, evitou a capitulação. Staline, depois da grande depuração interna, lutava com os aliados contra o poder nazi, mas já delineava, em segredo, a sua política expansionista na Europa Ocidental; Mussolini combatia com o eixo (Alemanha, Itália e Japão - Pacto Tripartite, assinado em Berlim em 27/09/1940) e tentava, em vão, expandir-se em África invadindo a Etiópia (1936/1941).
Sabe-se hoje que Hitler antes de invadir a Rússia, (plano para tomar posse das reservas de petróleo Russo) planeava controlar o Mediterrâneo, invadindo Gibraltar (território Inglês desde 1713) e com a aderência de Franco às “potências do eixo” pretendia controlar o Norte do Atlântico, desde Cabo Verde à Madeira, tomando Portugal. Era essa a “sopa” que Salazar tinha que digerir com as devidas cautelas. Embora, ao lado do Eixo, nunca descurou o seu valor estratégico, o Atlântico.
Salazar, depois do conflito, numa atitude autoritariamente passiva, não aderiu imediatamente ao plano Marshall apresentado em 1947 pelo general Americano George Catlett Marshall. Só em 1948, o governo português decidiria modestamente aderir ao Plano como membro fundador da Organização Europeia de Cooperação Económica.
Salazar desenvolveu a sua política isolacionista, corporativa, (cópia do regime fascista de Mussolini) “orgulhosamente sós”, e imporia assim a sua ditadura. Com o apoio de uma polícia de repressão política, implacável, (PIDE – Polícia Internacional e de Defesa do Estado, DGS, depois, no tempo de Marcelo Caetano) que inevitável e abruptamente se findou aquando da revolução dos cravos iniciada na madrugada de 25 de Abril de 1974, com a canção Grândola Vila Morena de Zeca Afonso, definitivamente, mudaria Portugal.
Sob o desígnio, ““Deus, Pátria, Família: a Trilogia da Educação Nacional””, Salazar conseguiu manter-se durante 40 anos no poder (1930/1970), com um partido único denominado União Nacional, ou Estado Novo, na segunda República.
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