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PORTAL DE AGOSTINHO DA SILVA

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O FILOSOFO DE PORTUGAL

quinta-feira, 5 de maio de 2011

HELIOGÁBALO O IMPERADOR TRAVESTI



Heliogábalo, também conhecido como Elagábalo ou Marco Aurélio Antonino, em latim Marcus Aurelius Antoninus, nasceu no ano de 203 dC; foi imperador romano da dinastia Severa que reinou de 218 a 222, representado por um falo, sendo por esse nome conhecido normalmente. Nascido com o nome, em latim, de Sextus Varius Avitus Bassianus, era sírio, filho de Júlia Soémia e de Sexto Vário Marcelo, um romano da classe equestre (ordo equester) mas foi mais tarde levado a Senador. Durante a sua juventude, Heliogábalo serviu como sacerdote do deus El-Gabal na sua cidade natal, Homs ou Hims, antigamente chamada Emese, Emesa (em grego:  μεσα), ou La Chamelle durante as Cruzadas, é uma cidade a oeste da Síria e a capital do estado de Homs. Encontra-se a 450m acima do nível do mar, e é localizada a 160km de Damasco e 190km de Aleppo. Localiza-se nas margens do rio Orontes. É o ponto de interligação entre as cidades do interior e a costa do Mar Mediterrânico.


Em 217, o imperador Caracala foi assassinado e substituído pelo seu prefeito do pretório, Marco Opélio Macrino. A tia materna de Caracala, Júlia Mesa, instigou com sucesso uma revolta entre a Terceira Legião para ter o seu neto mais velho, Heliogábalo, declarado imperador. Macrino foi derrotado no dia 8 de Junho de 218, na Batalha de Antioquia, depois da qual Heliogábalo, com apenas catorze anos de idade, ganhou o poder imperial e começou um reinado envolto em controvérsias.


Durante o seu reinado, Heliogábalo mostrou profundo desrespeito pelas tradições religiosas romanas e tabus sexuais. Casou-se cinco vezes e diz-se que se prostituía no palácio imperial. Heliogábalo substituiu Júpiter, rei dos deuses no Panteão Romano, com um outro deus, Deus Sol Invictus, e forçou membros importantes do governo de Roma a participarem em rituais que celebravam esta divindade, liderados por ele próprio.


A orientação sexual e identidade de género de Heliogábalo são fonte de muita controvérsia e debate. Heliogábalo casou e divorciou-se de cinco mulheres,  três das quais são conhecidas. A sua primeira esposa foi Júlia Cornélia Paula, a segunda foi a Vestal Júlia Aquila Severa, mas num ano, ele abandonou-a e casou com Annia Faustina, uma descendente de Marco Aurélio e a viúva de um homem que recentemente mandou executar. Voltou para Severa no fim do ano, mas de acordo com Dião Cássio, historiador romano, a sua relação mais estável foi com o auriga da sua quadriga, um escravo louro da Cária chamado Hierocles, a quem Heliogábalo se referia como o seu marido.


A Historia Augusta diz que ele também se casou com um homem chamado Aurélio Zótico, um atleta de Esmirna, numa cerimónia pública em Roma. Dião Cássio diz-nos que Heliogábalo pintava os olhos, depilava o seu cabelo e usava perucas antes de se prostituir em tavernas e bordéis e até no palácio imperial, consta que mandou lhe retirassem o sexo:
“Finalmente, ele reservou um quarto no palácio e lá cometeu as suas indecências, sempre nu à porta do quarto, como fazem as prostitutas, e abanando a cortina pendurada em anéis de ouro, enquanto numa voz doce e comovente se oferecia aos que passavam.”


Herodiano comentou que Heliogábalo mimava a sua beleza natural ao usar demasiada maquilhagem. Foi descrito por ficar "encantado ao ser chamado a amante, a esposa, a rainha de Hierocles" e diz-se que ofereceu grandes somas de dinheiro ao médico que lhe pudesse transplantar genitais femininos. Subsequentemente, Heliogábalo tem sido frequentemente caracterizado por escritores modernos como um transexual, apesar de não ser adequado aplicar termos tão culturalmente específicos a alguém que viveu há quase dois mil anos.
Em 221, as excentricidades de Heliogábalo, particularmente a sua relação com Hierocles, enfurecia cada vez mais os soldados da poderosa guarda pretoriana.


Quando Júlia Mesa se apercebeu que o apoio popular do imperador estava a enfraquecer, rapidamente decidiu que Heliogábalo e a sua mãe, que tinha encorajado as práticas religiosas, tinham que ser obliterados.  Como alternativas, ela virou-se para a sua outra filha Júlia Avita Mamea e o filho desta, Severo Alexandre, o próximo imperador, com treze anos. Convencendo Heliogábalo a apontar o seu primo como herdeiro. A Alexandre foi dado o título de César e partilhou o consulado com o imperador nesse ano. Contudo, Heliogábalo reconsiderou quando começou a suspeitar que a Guarda Pretoriana favorecia o seu primo. Depois do falhanço de vários atentados à vida de Alexandre, Heliogábalo revogou-lhe o título de cônsul e fez circular a notícia de que Alexandre estava perto da morte para ver a reacção dos Pretorianos.


Ele tentou fugir, e teria escapado ao ser colocado numa arca, se não tivesse sido descoberto e assassinado, com a idade de 18 anos. A sua mãe, que o abraçou e se agarrou a ele fortemente, pereceu com ele; as suas cabeças foram cortadas e os seus corpos, depois de serem despidos, foram primeiro arrastados pela cidade, e depois o corpo da mãe foi abandonado, enquanto o dele foi atirado no rio.
A seguir à sua queda, muitos seguidores de Heliogábalo foram mortos ou depostos, incluindo Hierocles e Comazão. Os éditos religiosos de Heliogábalo foram revogados e El-Gabal foi devolvido a Emesa. As mulheres foram banidas de assistirem às reuniões no Senado, e damnatio memoriae (danação da memória):  apagar uma pessoa de toda a recordação pública, foi decretada.


domingo, 1 de maio de 2011

DICTATOR ROMANUS



Ditador do Latim dictator era um cargo político da República Romana, criado em 501 a.C., preenchido apenas em condições excepcionais, sendo portanto uma magistratura extraordinária, isto é, fora do cursus honorum. O conceito estava plenamente integrado no âmbito da estrutura democrática romana e não tem qualquer relação com os requisitos de um ditador moderno, que se encontra normalmente à cabeça de um regime autoritário, se bem que esta noção foi inspirada na realidade romana.
O ditador era nomeado pelos cônsules do ano, autorizados para tal por um senatus consultum emitido pelo senado romano em circunstâncias de crise militar e/ou económica.


O cargo era o único posto da hierarquia política da República que não obedecia aos princípios de colegialidade e responsabilidade, isto é, o ditador não tinha nenhum colega e não era punível perante a lei romana por nenhum dos seus actos. O ditador era atendido por 12 Lictores, na Roma Antiga, eram funcionários públicos encarregados de ir a frente de um magistrado com feixes de varas denominados fasces, abrindo espaço para que esse pudesse passar. O seu número variava de acordo com o grau de importância do magistrado. Este número foi elevado para 24 por Lúcio Cornélio Sula e estava proibido de comandar divisões de cavalaria em campanha.


Para suprir esta falta, e para servir como segundo em comando, o ditador nomeava um Magister equitum "chefe da cavalaria", ou "marechal da cavalaria", em latim, era um cargo político da antiga Monarquia Romana, que agia sob ordens do rex à frente da reduzida cavalaria do exército. O ditador detinha o poder absoluto pelo prazo máximo de 6 meses, tempo de duração, em cada ano, das guerras na antiguidade.
Em condições de perigo militar iminente para a república, o ditador, neste caso designado por dictatores rei gerendae causa, recebia um mandato com duração de seis meses ou enquanto se mantivesse o estado de emergência, qualquer que fosse o período mais curto.
Senatus Populusque Romanus.

Os melhores exemplos de nomeações deste tipo são retirados das Guerras Púnicas com Cartago, sendo Fábio Máximo o mais notável. Numa altura em que o general Aníbal Barca se encontrava na península itálica com os seus exércitos, a necessidade de nomear um ditador emergiu da falta de união entre as facções políticas romanas que tinha sido a causa dos desastres militares da Batalha do Lago Trasimeno, travada na primavera de 217 a.C., nas margens do lago, em Itália. Foi uma batalha da Segunda Guerra Púnica, na qual Aníbal destruiu o exército romano de Caio Flamínio numa emboscada, matando-o.


No fim das guerras púnicas, o cargo de ditador foi abolido por ser considerado perigoso conceder a um único homem tanto poder. Em sua substituição criou-se a figura jurídica do senatus consultam ultimum que concedia aos cônsules, sempre dois, do ano poderes equivalentes ao do ditador para resolver qualquer emergência. A principal diferença é que estes não ganhavam imunidade através da nomeação e não actuavam sozinhos.
O cargo foi reintroduzido em 81 a.C. por Sula, no fim da guerra civil com a facção de Caio Mário, com a designação dictator rei publicae constituendae causa e a nuance de não haver limite de tempo para o mandato.


Sula, porém, não fez uso desta provisão e retirou-se voluntariamente da vida pública dois anos depois. Júlio César foi nomeado ditador romano em 46 a.C., também como corolário de uma guerra civil, desta vez contra os optimates liderados por Pompeu. Para pacificar os seus pares que temiam o seu poderio crescente, César preferiu ser nomeado de acordo com o conceito contemporâneo das Guerras Púnicas, que continha a cláusula limitativa de tempo expandida no entanto para um ano em vez de seis meses. No ano seguinte foi reconduzido pelo senado para mais nove mandatos consecutivos de um ano e em 44 a.C. foi nomeado dictator perpetuus. Caesar não foi longe no cargo de ditador perpétuo pois foi assassinado nos Idos de Março do mesmo ano.
O cargo de ditador foi uma vez mais abolido da lei romana após a morte de Caesar através das iniciativas legislativas de Marco António. O senado ofereceu mais tarde o posto a César Augusto, Gaius Iulius Caesar Octavianus Augustus, que no entanto o recusou, pondo um ponto final na história dos ditadores romanos.