Vitória pírrica ou vitória de Pirro é uma frase utilizada para expressar uma vitória obtida a alto preço, potencialmente acarretadora de prejuízos irreparáveis.
A expressão recebeu o nome do rei Pirro do Épiro, nome de uma das 13 periferias da Grécia, localizada no sudoeste da península balcânica cuja capital é Ioannina.
O exército de Pirro havia sofrido perdas irreparáveis após derrotar os romanos na Batalha de Heracleia, travada no ano 280 a.C. entre os romanos, chefiados pelo cônsul Públio Valério Levino, e as forças aliadas dos gregos do Épiro, Tarento, Túrios, Metaponto e Heracleia, e na Batalha de Ásculo, em 279 a.C., teve como adversários os Romanos, sob o comando de Publius Decius Mus, contra os Tarentinos, Oscos, Samnitas e Epirotas, também sob o comando do rei Pirro.
Esta batalha ocorreu na sequência do conflito entre Tarento e Roma pelo controlo da Magna Grécia, denominação que recebia o sul da península Itálica, região colonizada na Antiguidade pelos gregos. Num sentido mais amplo, inclui também a ilha da Sicília, onde também se verificou o fenómeno de colonização grega. O nome deriva do latim Magna Graecia (em grego, Megale Hellas), "Grande Grécia", porque para os colonos, que vinham de uma Grécia caracterizada pelo seu relevo montanhoso e pelo excesso populacional, as terras da Itália pareciam estender-se infinitamente.
As Guerras Pírricas começaram como um conflito de pouca importância entre Roma e a cidade de Tarento pela violação de um tratado marítimo, cometida pelos romanos. Para complicar a análise histórica do conflito, Pirro também se envolveu nos conflitos políticos internos da Sicília, assim como na luta que mantinha esta ilha contra o domínio cartaginês. Linguisticamente, as Guerras Pírricas são a origem da expressão "vitória de Pirro", um termo para uma vitória conseguida com muito esforço e sacrifício.
Pirro (318-272 a.C.) em grego - Πυρρος - "cor de fogo", "ruivo"; em latim, Pyrrhus, foi rei do Épiro e da Macedónia, tendo ficado famoso por ter sido um dos principais opositores de Roma. Pirro era filho de Eácida do Épiro, e pai de Alexandre II do Épiro, com a sua esposa Lanassa, filha do tirano Agátocles rei da Sicília (304-289 A.C.). Lanassa abandonou Pirro em 291 aC. Por causa dos seus hábitos polígamos.
A infância e juventude de Pirro foram bastante atribuladas. Tinha apenas dois anos de idade quando o seu pai foi destronado. Mais tarde, aos 17 anos de idade, os Epirotas chamaram-no para governar, mas Pirro acabou por ser destronado. Nas guerras entre os diádocos, após a divisão do Império de Alexandre III, tomou parte pelo seu cunhado Demétrio I da Macedónia e lutou a seu lado na Batalha de Ipso (301 a.C.).
Mais tarde, tornou-se refém de Ptolomeu I do Egipto, num acordo entre este e Demétrio. Pirro casou com Antígona, sua primeira esposa, filha de Ptolomeu I. Em 297 a.C. e restaurou o seu reino no Épiro. De seguida, declarou guerra a Demétrio, seu antigo aliado. Em 286 a.C. depôs o seu cunhado e tomou o controlo do reino da Macedónia. Dois anos depois, porém, o seu ex-aliado Lisímaco expulsou-o da Macedónia.
Quando regressou, à Itália e à Grécia, Pirro, travou uma batalha inconclusiva em Beneventum (275 a.C.), na Itália do Sul. Desta vez, não se tratou de uma vitória pírrica.
Pirro abandonou a campanha em Itália e regressou ao Épiro. Apesar da sua campanha no ocidente ter desbastado grande parte do seu exército e da sua riqueza, Pirro lançou-se à guerra: atacou o rei Antígono II Gónatas, vencendo-o facilmente, apossando-se do trono Macedónico.
Em 272 a.C., Cleónimo, um Espartano de sangue real, mas odiado em Esparta, pediu a Pirro que atacasse a cidade e o pusesse no poder. Pirro concordou com o plano, mas tencionava ficar com o controlo do Peloponeso. Inesperadamente, Esparta ofereceu tal resistência que abalou a sua tentativa de assalto. Logo a seguir, surgiu a oportunidade de Pirro intervir numa disputa cívica em Argos. Entrando na cidade com o seu exército, às escondidas, Pirro acabou por ser apanhado numa confusa batalha mesmo nas ruas estreitas da cidade.
Durante a confusão, uma velha que observava do telhado atirou uma telha sobre Pirro, que caiu atordoado, permitindo que um soldado Argivo o matasse (algumas fontes dizem que Pirro foi envenenado por um servo).
Por ter sido um homem impressionantemente belicoso e um líder infatigável, embora não tivesse sido um rei propriamente sábio, Pirro foi considerado um dos melhores generais militares do seu tempo.
Aníbal considerou-o o segundo melhor, a seguir a Alexandre Magno. Pirro era também conhecido por ser muito benevolente. Como general, as maiores fraquezas políticas de Pirro eram a falta de concentração e apetência para esbanjar dinheiro; grande parte dos seus soldados eram dispendiosos mercenários.
O seu nome tornou-se famoso pela expressão "Vitória Pírrica", quando da vitória na Batalha de Ásculo. Quando lhe deram os parabéns pela vitória conseguida a muito custo, diz-se que respondeu com estas palavras: "Mais uma vitória como esta, e estou perdido."
Pirro escreveu ainda Memórias e vários livros sobre a arte da guerra. Os escritos perderam-se, mas sabe-se que foram usados por Aníbal e elogiados por Cícero, este vítima do segundo triunvirato ao mando de Marco António.
As últimas palavras estóicas de Cícero:
"Não há nada correcto no que estás a fazer, soldado, mas tenta matar-me correctamente."
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