Dona Leonor Teles de Meneses, cognominada a Aleivosa, nasceu em Trás-os-Montes, por volta do ano de 1350 e faleceu em Valladolid em 27.4.1386. Foi rainha de Portugal, entre 1372 e 1383 pelo seu casamento com D. Fernando I. Sobrinha de D. João Afonso Telo de Meneses, conde de Barcelos, descendia por seu pai Martim Afonso Telo de Meneses do rei Fruela II das Astúrias e Leão e, por sua mãe Aldonça Anes de Vasconcelos, de Teresa Sanches, filha bastarda do rei D. Sancho I de Portugal.
Ainda muito jovem, casou com João Lourenço da Cunha, filho do morgado do Pombeiro, de quem teve um filho: Álvaro da Cunha. Conta-se que, numa altura em que visitou a irmã Maria Teles, aia da infanta D. Beatriz, (filha de D.Pedro e Inês de Castro) seduziu o rei D. Fernando, cognominado o formoso ou inconstante.
Alegando consanguinidade, foi obtida a anulação do prévio casamento de D. Leonor Teles, o que motivou a reprovação do povo português e a perturbação social e política que gerou um clima de insegurança.
"Elegante, aposta e de bom corpo" como dizia Fernão Lopes, Leonor Teles tinha então o perfil, que alguns diriam hoje, para mulher de sucesso. Amante do rei, quando mulher de João Lourenço.
D. Leonor Teles foi a mais perversa e afortunada amante dos reis de Portugal. Perversa porque foi capaz de tudo para conseguir os seus fins, inclusive provocar a morte da própria irmã, afortunada porque chegou a rainha de Portugal, casando com D. Fernando I.
O casamento com o rei ocorreu secretamente no Mosteiro de Leça do Balio, em 15 de Maio de 1372. Em meados de Fevereiro seguinte nascia a infanta D. Beatriz. Temendo o prestígio do infante D. João, filho de Pedro I e Inês de Castro, que se casara com sua irmã Maria Teles, D. Leonor concebeu o plano de casar o infante com a sua filha D. Beatriz, mas para isso era preciso que D. João eliminasse a sua mulher, acção por que terão sido responsáveis.
Com a morte de D. Fernando em 22 de Outubro de 1383, D. Leonor assumiu a regência do reino e o seu amante galego, João Fernandes Andeiro, passou a exercer uma influência decisiva na corte. Esta ligação e influência desagradaram manifestamente ao povo e à burguesia e a alguma nobreza, que odiavam a regente e temiam ser governados por um soberano castelhano.
D. João, Mestre de Avis, apoiado por um grupo de nobres, entre os quais Álvaro Pais e o jovem D. Nuno Álvares Pereira, foi incentivado pelo descontentamento geral a assassinar o conde de Andeiro. A acção ocorreu no paço, a 6 de Dezembro de 1383, e iniciou o processo de obtenção da regência em nome do infante D. João.
D. Leonor abandonou Lisboa, fiel ao Mestre de Avis, e refugiou-se em Alenquer e depois em Santarém, cidades fiéis à causa da rainha, onde tentou manobrar politicamente a sua continuidade no poder. No entanto, com o desenvolver do conflito entre o Mestre de Avis e o rei castelhano, a regente perdeu espaço de manobra e acabou por ser constrangida a abdicar da regência.
Com a vitória do partido de D. João I, Mestre de Avis, na guerra civil e contra Castela na batalha de Aljubarrota, este tornou-se regente e depois rei.
D. João I de Castela, genro de Leonor, logo em 1384, pouco depois dela ter renunciado á regência, havia-a internado no Mosteiro de Tordesilhas, perto de Valladolid, onde, segundo alguns historiadores, veio a falecer em 1386. No entanto, referências do cronista castelhano Lopez de Ayala, seu contemporâneo, dão-na como viva em 1390 e em data ainda mais tardia.
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