Páginas

domingo, 20 de junho de 2010

A IDADE MÉDIA E A IGREJA

A Igreja católica era uma das principais instituições da Idade Média. A sua influência exercia-se sobre todos os sectores da sociedade, estava presente em cada costume e em cada acto da vida dos cristãos. Regulamentava as relações entre as pessoas (casamentos, doações de feudos...), definia o que devia ser feito em cada hora: tempo de orações, de jejum, de guerra e de paz. A mentalidade do homem era totalmente dominada pela religião. Aqueles que se afastassem das suas normas sofreriam punições: penitências, exigência de peregrinações e excomunhão. Com o aparecimento de novas religiões e o enfraquecimento da Igreja, foi criada a Inquisição, um tribunal religioso que julgava e condenava os acusados de heresias; aqueles que não seguiam os preceitos cristãos (leia-se A Inquisição, neste Blogue). Sendo tão rica e temida a Igreja detinha também grande poder político: os papas interferiam na política dos reis e imperadores, muitas vezes criando conflitos entre uns e outros. Durante quatrocentos anos o Império Romano deu unidade e segurança à Europa e ao mundo mediterrânico. Com a queda de Roma, em 476, a Igreja passou a dar unidade à Europa. O papa demonstrou ser mais poderoso que os reis bárbaros. Perante todos, ele afirmava a sua autoridade de sucessor do apóstolo Pedro, a quem, segundo a Bíblia, Cristo confiara a chefia da Igreja: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja".

Em tempo mais remoto, em Roma, a religião cristã foi apenas uma entre as religiões. Entretanto, o número de cristãos foi aumentando e com isso, criaram conflitos com os governantes romanos por não aceitarem adorar o imperador e seus deuses pagãos.
Milhares de cristãos morreram pela sua fé, perseguidos pelos romanos.
O Imperador Constantino
 Em 313, o imperador Constantino concedeu liberdade de culto aos cristãos e em 391, o imperador Teodósio consolidou o cristianismo como a religião oficial do Império Romano.
O Imperador Teodósio
A direcção da Igreja católica pertencia ao papa e aos bispos. Cada bispo administrava um território denominado: Diocese.
Os bispos eram auxiliados nessa tarefa pelos cónegos.
As dioceses eram formadas por várias paróquias, e cada uma delas tinha um padre (chamado pároco) para administrá-la.
A Igreja, portanto, estava organizada como um verdadeiro Estado, mais poderoso até que os reinos medievais. Até hoje a Igreja é organizada praticamente da mesma forma.

A Igreja foi a instituição mais poderosa da sociedade medieval do Ocidente. As magníficas catedrais construídas na Europa nos séculos XII e XIII são sinais impressionantes desse poder.
Naquela época não existiam oficinas, fábricas, bancos nem máquinas. O importante era a terra. A riqueza era medida pela quantidade de terra que alguém possuía. A Igreja chegou a ser proprietária de dois terços das terras de toda a Europa. Era uma instituição poderosíssima, a "grande senhora feudal". Alguns mosteiros medievais eram verdadeiros feudos, enormes e com numerosos servos.
Todos os bispos eram proprietários de terras. Aliás, ser bispo era um grande negócio na Idade Média. Veja o que diz um bispo do século IX:
"Para ordenar um padre, cobrarei em ouro; para ordenar um diácono, cobrarei um monte de prata (...). Para chegar a bispo, paguei bom ouro, mas agora hei-de rechear a bolsa".
Essa mentalidade demonstra como os membros da Igreja na Idade Média deixaram-se seduzir pelos bens materiais. Arcebispos, bispos e abades eram os equivalentes aos duques, barões e condes e em geral viviam no luxo.
Nem todos os cristãos aceitavam que bispos e padres vivessem no luxo. Inspirados nos exemplos e nos ensinamentos de Jesus Cristo, alguns fiéis, ao longo da Idade Média, retiraram-se para lugares isolados, a fim de levar uma vida autenticamente cristã, longe dos prazeres em que viviam muitos cristãos. Surgiram assim, as ordens monásticas, fundadas por homens que dedicavam a vida à oração, ao estudo e muitas vezes ao trabalho manual.
Em 525, São Bento fundou na Itália o Mosteiro de Monte Cassino e criou a Ordem Beneditina. De acordo com as normas estabelecidas por São Bento, os monges deveriam viver na pobreza, estudar, trabalhar e obedecer ao abade, chefe do mosteiro.
Esse movimento de renovação espiritual da Igreja prosseguiu nos séculos seguintes. Várias ordens religiosas foram fundadas com o objectivo de eliminar a corrupção, os interesses materiais e o acúmulo de riquezas de toda a Igreja. Essas ordens queriam abolir o controlo dos senhores feudais sobre o clero. Combatiam, principalmente, práticas pouco cristãs como a compra e venda de cargos da Igreja.

No século XIII, apareceram os frades. Originalmente não eram membros do clero, mas leigos. Ao invés de se trancarem em mosteiros, preferiam o trabalho beneficente, a pregação e o ensino. Uma figura muito importante foi São Francisco de Assis (1182-1226), fundador da primeira ordem de frades - a ordem franciscana.

 Outra ordem religiosa importante foi a ordem dominicana, fundada por São Domingos, um nobre espanhol.
 O papel dos monges, na Idade Média, foi muito importante em vários aspectos. No aspecto religioso, eles contribuíram para converter os povos germânicos ao cristianismo. No aspecto económico, contribuíram para melhorar os métodos de produção agrícola. No aspecto cultural, foram os responsáveis pela conservação do conhecimento antigo. Os mosteiros possuíam bibliotecas, onde podiam ser encontrados muitos textos da Antiguidade.
Havia também os monges copistas, que copiavam textos clássicos romanos e gregos.
Wesrminster
Na Idade Média foram fundadas algumas grandes abadias, que se tornaram muito famosas. Algumas existem até hoje, como a de Melk, na Áustria.
A abadia é o nome que se dá à residência de monges ou monjas governados por um abade ou abadessa. 
As abadias medievais assemelham-se a pequenas cidades. Tinham geralmente diversas igrejas, grandes bibliotecas, muitos quartos para os seus moradores, oficinas para a produção e conserto de ferramentas e carroças, estrebarias e cocheiras, cozinhas, etc.
Localizavam-se sempre no centro de uma grande propriedade. Nela eram cultivados: trigo, cevada, centeio, videiras, frutas, etc. Eram também criados porcos, galinhas, perus, patos, bois, vacas, cavalos, etc.
Os próprios monges trabalhavam no cultivo e na criação. Alguns, porém, passavam o tempo na biblioteca, copiando em livros novos as obras dos grandes escritores antigos,
 sobretudo gregos e romanos. Eram os monges copistas. Outros produziam verdadeiras obras de arte, utilizando um tipo de letra bastante enfeitada, chamada letra gótica. Nas margens das páginas, desenhavam enfeites diversos, chamados iluminuras. Graças aos monges copistas, grande parte das obras antigas foi preservada até hoje.
Nas abadias, além do trabalho, boa parte do tempo era dedicada à oração e ao canto sacro.

As abadias contavam em geral com um grande número de servos, que executavam os trabalhos mais pesados. Funcionavam como grandes propriedades feudais.
Havia abadias imensas, como a de Cluny, na França. Havia outras menores, espalhadas sobretudo pela Bélgica, França, Itália, Espanha, Áustria e Alemanha.
As Ordens Combatentes na Terra Santa.




Em 1184 no Concílio de Verona, foi criado o Tribunal da Inquisição, ou Tribunal do Santo Oficio.
O Papa Gregório IX, em 20 de Abril de 1233 editou duas bulas que marcam o reinício da Inquisição “Licet ad capiendos” a qual foi confiada à recém-criada ordem dos Pregadores, os Dominicanos Inquisidores.
Nos séculos seguintes, ela julgou, absolveu ou condenou e entregou ao Estado, para que as penas fossem aplicadas a vários dos seus inimigos propagadores de heresias. 

Sem comentários:

Enviar um comentário

A HISTÓRIA É A IDENTIDADE DE UM POVO. QUANDO SE ESQUECE, SE DESTRÓI OU SE OCULTA ALGO, PERDE-SE A ANALOGIA.