Páginas

quarta-feira, 13 de julho de 2011

TRIESTE O SÍMBOLO VIVO DA HISTÓRIA


Trieste é uma cidade do nordeste da Itália, no Mar Adriático que é uma parte do mar Mediterrâneo, um golfo muito alongado fechado ao norte que banha o norte e o leste da Itália e o oeste da península balcânica; comuna italiana da região do Friuli-Venezia Giulia, província de Trieste, com cerca de 209.520 habitantes. Estende-se por uma área de 84,49km², tendo uma densidade populacional de 2.479,8 hab/km². Faz fronteira com as comunas italianas de Duino-Aurisina, Monrupino, Muggia, San Dorligo della Vallee Sgonico e com a Eslovénia .


Trieste foi uma importante cidade do Império Austro-Húngaro, do qual era o principal porto marítimo.
Em tempos antigos (século II a.C.), Trieste tornou-se colónia romana com o nome de Tergeste, prosperou sob o domínio romano e, depois da queda do Império Romano do Ocidente, ficou sob o controle de Bizâncio até 788, quando passou ao controle dos francos.


No século XII tornou-se uma cidade livre e depois de séculos de batalhas contra a rival Veneza, Trieste pôs-se sob a protecção (1382) do duque da Áustria conservando porém uma certa autonomia até ao século XVII.
No ano de 1719 tornou-se porto franco e, como única saída para o mar do Império Austríaco, Trieste foi objecto de investimento e desenvolvimento tornando-se, em 1867, capital da região do Litoral Adriático do império. Apesar do seu estado privilegiado de único porto comercial da Cisleitana e principal porto da Áustria-Hungria, Trieste manteve sempre em primeiro plano, nos séculos, os elos culturais e linguísticos com a Itália; de facto, embora o alemão fosse a língua oficial da burocracia, o italiano, ou melhor o dialecto triestino, que no curso do século XVIII substituiu o antigo dialecto friulano, idioma da família reto-românicas falado na região do Friuli-Venezia Giulia, uma região da Itália dividida em quatro províncias:


Udine, Pordenone, Gorizia e Trieste, onde permaneceu sempre a língua falada pela maioria dos habitantes.
Trieste foi, junto com Trento, o centro do irredentismo, movimento que buscava a anexação à Itália de todas aquelas terras habitadas há séculos por populações de cultura italiana ou itálica, mas que ainda não faziam parte da Itália da época (terras irredentas”). Trieste, Gorizia, Ístria e Dalmácia, viviam, e vivem ainda hoje, como também outras populações étnicas de eslovenos e croatas. Em 1918, depois da Primeira Guerra Mundial, Trieste e a sua província foram anexadas à Itália com grande alegria e festa da população italiana ainda que aquele momento coincida com a perda de importância da cidade que, de segunda cidade e porto mais importante de um império, se torna uma das tantas cidades medianamente importantes da Itália. Começaram, então, para a população eslovena e croata, tentativas de nacionalização e de absorção cultural pela parte italiana. Nasceu assim nesta terra o assim chamado "Fascismo de fronteira", precursor daquilo que seria depois o fascismo a nível nacional.


No período que vai do Armistício com a Itália, assinado em 3 de Setembro de 1943 e a declaração publica, cinco dias depois, durante a Segunda Guerra Mundial, entre a Itália e as forças armadas Aliadas, que foram, então, ocupando o extremo sul do país, sem o que implicaria a  capitulação da Itália, é também conhecido na Itália como o Armistizio di Cassibile a partir do local em que foi assinado ou o Armistizio dell' 8 Settembre . Na realidade, não era exactamente uma trégua, mas uma genuína rendição incondicional pós-guerra. Trieste foi o centro de uma série de vinganças que marcaram profundamente a história da cidade e da região circundante que suscitam ainda hoje acesos debates. Durante a ocupação nazi a Risiera di San Sabba - hoje Monumento Nacional - utilizada como campo de prisioneiros e de passagem para os deportados para a Alemanha e Polónia e campos de detenção e eliminação de partigiani italianos e eslavos, dissidentes políticos e judeus.


A Risiera foi único campo de concentração na Itália e na Europa Meridional, munido de forno crematório, posto em funcionamento em 4 de Abril de 1944. Na era triestina a primeira mensageira partigiana da Itália deportada para Auschwitz foi Ondina Peteani.
Em 30 de Abril de 1945 insurgiu-se o Comité de Libertação Nacional CLN de Trieste, apenas um dia antes da chegada das forças jugoslavas de Tito. As tropas alemãs resistiram até à tarde de 2 de Maio, rendendo-se somente quando chegaram à cidade os primeiros soldados neozelandeses. O exército jugoslavo manteve o controle de Trieste até o dia 12 de Junho (os quarenta dias de Trieste), durante os quais ocorreram execuções sumárias.


Não apenas os cadáveres mas também os vivos eram atirados nas foibe, cavidades cársticas, tipo de relevo geológico caracterizado pela corrosão das rochas, que leva ao aparecimento de uma série de características físicas, tais como cavernas, vales secos, vales cegos, cones cársticos, paredões rochosos expostos, etc. O relevo cárstico ocorre predominantemente em terrenos constituídos de rocha calcária, mas também pode ocorrer em outros tipos de rochas carbonáticas, como o mármore e rochas dolomíticas, abundantes na região, para que ali morressem de fome.
Posteriormente os Aliados assumiram o controle da cidade.


As reivindicações jugoslavas e italianas bem como a importância do porto de Trieste para os Aliados foram o motivo em 1947, sob a égide da ONU, a instituição do "Território Livre de Trieste" (TLT), na prática um Estado em si. Pela impossibilidade de nomear um Governador escolhido com o acordo entre anglo-americanos e soviéticos, o TLT permaneceu dividido em duas zonas de ocupação militar: a Zona A administrada pelos Aliados e a Zona B administrada pelos jugoslavos. Esta situação continuou até 1954 quando o problema foi resolvido simplesmente dividindo o território livre de Trieste segundo as duas zonas já designadas: assim, a Jugoslávia chega até aos montes da periferia da cidade. Tal situação provisória só foi definitivamente resolvida em 1975, com o Tratado de Osimo entre a Itália e a então República Socialista Federal da Jugoslávia.


Alguns movimentos locais relembram porém que os artigos do Tratado de Paz, firmado e ratificado pela Itália e por 21 nações envolvidas no Tratado de Paris (1947), que instituíram o TLT, de jure jamais foram revogados. Recentemente, respondendo a uma das suas petições, o Secretariado das Nações Unidas confirmou por escrito que até agora qualquer país membro da ONU poderia requerer à mesa a ordem do dia com a designação do Governador do Território Livre.


Sem comentários:

Enviar um comentário

A HISTÓRIA É A IDENTIDADE DE UM POVO. QUANDO SE ESQUECE, SE DESTRÓI OU SE OCULTA ALGO, PERDE-SE A ANALOGIA.