Revolução Neolítica é a expressão criada pelo arqueólogo inglês Gordon Childe para designar o movimento dado na Pré-História, que marcou o fim dos povos nómadas e o início da sedentarização do homo sapiens, com o aparecimento das primeiras vilas e cidades. No Período Paleolítico, os grupos nómadas não possuíam moradias fixas. No Neolítico, as sociedades humanas desenvolveram técnicas de cultivo agrícola e passaram a ter condições de armazenar alimentos o que levou a que grupos humanos se fixassem por mais tempo numa determinada região e se deslocassem com menor frequência.
Essa foi a fase da evolução cultural em que se deu a passagem do ser humano "de parasita a interveniente activo na natureza". Foi uma transformação que levou o homo sapiens a fixar-se definitivamente num local e a adapta-lo às suas necessidades, tendo por base uma economia produtora. O processo de transformação da relação do ser humano com os animais e plantas proporcionou um maior controle das fontes de alimentação.
Durante milhares de anos os grupos humanos viveram deslocando-se de um lugar para o outro, procurando o alimento necessário para a sua sobrevivência. Em outras palavras, eram nómadas. Até o final do período Paleolítico, os humanos dependiam da caça de animais e da colecta de frutos e vegetais.
O nomadismo na economia recolectora era motivado pela deslocação das populações que, na procura constante de alimentos, acompanhavam as movimentações dos próprios animais que pretendiam caçar, procuravam os locais onde existiam frutos ou plantas a recolher ou necessitavam pars se defender das condições climáticas ou dos predadores. Este tipo de nomadismo manteve-se entre as comunidades que persistiram no modo de produção recolectora.
Os instrumentos fabricados por esses grupos eram, na maioria, de pedra e osso. Alguns eram lascados para formar bordas cortantes e facilitar a obtenção de alimentos e de defesa. A alimentação era composta basicamente de frutos, raízes, ervas, peixes e pequenos animais capturados com a ajuda de armadilhas rudimentares.
No Período Paleolítico, as pessoas abrigavam-se em cavernas (trogloditismo) ou em espécies de choupanas feitas de galhos e cobertas de folhas. A sociedade é comunal, já possuem uma certa organização social e a família já tem importância. Descobrem e dominam o fogo, possuem uma linguagem rudimentar, indícios de rituais funerários e desenvolvem as primeiras práticas de magia, devido à descoberta do fogo.
No Paleolítico Médio, o humano fez uma descoberta muito importante: o fogo, em cujo período surgem os primeiros concheiros, encontrados principalmente nas regiões litorais da América do Sul, devido ao facto do homem ser nómada, e se alojar num determinado local até se esgotarem os alimentos; amontoavam conchas, fogueiras e restos de animais. Eram também nesses locais que enterravam os mortos e junto com estes os seus pertences e adornos: colares, vestes, ferramentas e cerâmicas.
A sociedade era formada por pequenos clãs, que dividiam as tarefas entre os sexos e idades. Havia apenas um líder, que servia como conselheiro. Este poderia ser o mais forte ou o mais velho. Do nomadismo resultavam doenças frequentes, cansaços e obrigação de descanso aos necessitados. Os índices demográficos eram baixos e estáveis; a média da idade de sobrevivência era por volta dos 30 anos.
A primeira actividade agrícola ocorreu entre 9000 e 7000 a.C. em certos lugares privilegiados da Sírio-palestina, no Sul da Anatólia e no Norte da Mesopotâmia. Aconteceu também na Índia, há 8 mil anos; na China há 7 mil, na Europa há 6.500; na África Tropical há 5 mil anos e na América, México e Peru, há cerca de 4.500 anos. Em 3000 a.C., a revolução neolítica já tinha atingido a Península Ibérica e grande parte da Europa.
Os produtos cultivados variavam de região para região, mas geralmente consistiam em cereais: trigo; cevada e milho. Raízes: batata-doce; mandioca. O arroz, principalmente nos países asiáticos. O Homem foi aprendendo então a seleccionar as melhores plantas para a semeadura e a promover o enxerto de variedades.
Além dos conhecimentos práticos referentes a tipos de solo, plantas adequadas e épocas de cultivo, foram desenvolvidas invenções importantíssimas e práticas como a cerâmica, a foice, o arado, a roda, o barco à vela, a tecelagem e a cerveja. A condição de nómada começou a ser abandonada bem como o desenvolvimento da agricultura.
Plantar alimentos foi um passo decisivo para o domínio da natureza e para o processo de fixação da sedentarização dos grupos humanos.
Há cerca de 10 mil anos, durante a Pré-história, no período do neolítico ou período da pedra polida, alguns indivíduos, de povos caçadores recolectores notaram que alguns grãos que eram colectados da natureza para a sua alimentação, poderiam ser "semeados" a fim de produzir novas plantas iguais às que os originaram.
As pesquisas têm revelado que as primeiras actividades agrícolas ocorreram na região de Jericó, num grande oásis junto ao mar Morto, há cerca de 12 mil anos. Por meio de difusão ou movimentos independentes, supõe-se que o fenómeno se tenha desenvolvido também na Índia, há 8 mil anos; na China há 7 mil; na Europa há 6.500; na África tropical há 5 mil e na América há 4.500.
Essa prática permitiu o aumento da oferta de alimento, as plantas começaram a ser cultivadas muito próximas uma das outras. Isso porque elas podiam produzir frutos, que eram facilmente colhidos quando maturassem, o que permitia uma maior produtividade das plantas cultivadas em relação ao seu habitat natural. As frequentes e perigosas buscas à procura de alimentos foram abandonadas. Com o tempo, foram seleccionados entre os grãos selvagens, aqueles que possuíam as características que mais interessavam aos primeiros agricultores, tais como tamanho, produtividade e sabor.
No Médio Oriente os agricultores que haviam sido pioneiros na vida sedentária e no cultivo de cereais criaram uma ampla variedade de animais domésticos: ovelhas, cabras e gado bovino. Viajavam rumo aos Balcãs, através da Anatólia, em busca de terras férteis e de boas pastagens.
Por volta de 6.000 a.C., alguns grupos humanos descobriram a técnica de produção de cerâmica pelo aquecimento da argila. Na mesma época aprenderam a converter fibras naturais em fios e estes em tecidos. Aos poucos começaram a trabalhar com metais para produzir instrumentos. Os indivíduos que trabalhavam com cerâmica, metais e tecelagem tornaram-se artesãos. Eram os primeiros sinais de mais uma divisão social do trabalho (antes apenas entre homens e mulheres). A diversidade na produção, a especialização do trabalho e as novas funções na sociedade contribuíram para que algumas comunidades de agricultores se transformassem em vilas e cidades, constituindo o que alguns historiadores chamaram de “Revolução Urbana”.
A sedentarização, causada pela agricultura, provocou uma verdadeira revolução no modo de vida da humanidade. Um dos acontecimentos mais importantes relacionados a isso foi o desenvolvimento das povoações.
Em geral, as vilas desenvolveram-se em regiões onde os solos eram férteis e propícios à agricultura. Elas tinham inúmeras funções. Na América, por exemplo, estavam associadas a cultos religiosos, mas podiam também servir de abrigo para artesãos e de espaço de troca de produtos. Dessa forma, o surgimento das vilas e cidades facilitou a prática do comércio e o desenvolvimento de novas técnicas, como a da olaria e da metalúrgica.
Assim, percebe-se que o processo de consolidação das vilas está associado ao aumento da organização social. Em outras palavras, está relacionado com a prática da religião e do comércio, com o aumento da população e com a diversificação das actividades produtivas.
Uma das mais antigas cidades do mundo é Çatal Huyuk que foi descoberta em escavações no centro sul da Turquia. As casas dessa cidade eram feitas de tijolos e construídas lado a lado, sem espaço de circulação entre elas. O acesso às casas era feito por aberturas nos telhados e os habitantes circulavam de um lugar a outro caminhando sobre as casas.
As escavações realizadas em Çatal Huyuk podem mostrar muito da vida dos grupos humanos que habitaram essa região entre 12 mil e 7 mil anos atrás. A economia da cidade, cuja população era cerca de 5 mil habitantes, baseava-se na agricultura, além de ter importante comércio de pedra vítrea de vulcão, (obsidiana).
A descoberta da cerâmica também foi um grande marco deste momento, bem como assim a arte do domínio do fogo.
Para além da agricultura, a criação de animais foi outro passo muito importante para a alteração do modo de vida das comunidades, pois deu-lhe não só a possibilidade de não ter de se deslocar para obter a carne e peles necessárias à sua alimentação e conforto, mas também o leite e, com a domesticação do boi, uma força de tracção.
A domesticação deve ter surgido espontaneamente em vários locais, resultado da evolução natural de aproximação e observação dos animais no decurso das caçadas. O primeiro animal domesticado foi o cão (o lobo), cuja associação com o homem era simbiótica, seguindo-se animais para a alimentação, como a cabra, o carneiro, o boi e o cavalo.
O aumento da produção criou excedentes e permitiu as trocas de produtos, que deram origem ao comércio de troca. Privativamente a actividade do comércio fez-se de comunidade para comunidade por intermédio dos seus chefes. Pouco a pouco, porém, formou-se um grupo de indivíduos especializados em vender e comprar mercadorias. O comércio, por sua vez, aproximou vendedores e compradores, favorecendo o desenvolvimento das cidades.
Desde o início da Pré-história, o homem tem procurado os rios para se orientar no espaço e obter água. Foi ao longo dos rios que floresceram, no começo da História, as civilizações agrícolas, as primeiras a submeterem o espaço terrestre e a natureza às suas necessidades. Foi junto aos grandes rios da antiguidade que se desenvolveram as civilizações que deram um novo rumo à história da humanidade, por vezes chamadas de Civilizações Fluviais, porque foram os rios o factor decisivo para o desenvolvimento agrícola.
As grandes civilizações fluviais, que eram economicamente dependentes das culturas irrigadas e contavam com uma população numerosa e em grande parte urbanizada, floresceram nas planícies aluviais formadas pelas enchentes de um dos dois grandes rios. Assim, os berços das civilizações: chinesa, indiana, sumério-babilónica e egípcia foram, respectivamente, os rios: Amarelo; Indo; Ganges; Tigre; Eufrates e Nilo.
As primeiras plantações agrícolas deram-se, portanto, nos vales, as regiões férteis que margeiam os rios. Cidades como Çatal Huyuk, Dura Europos, Ur, Urak e muitas outras que, das primeiras sociedades sedentárias, se formaram ao longo dos rios, devido à necessidade da fertilidade do solo para as práticas agrícolas.
Com o surgimento da agricultura, surgiram mudanças não só nos instrumentos de trabalhos e na formação de cidades, mas também nas relações sociais entre os homens. No início, a produção agrícola era um empreendimento familiar: pai, mãe, filhos e filhas de diversas idades, cada qual passou a trabalhar a terra com determinados deveres fixados por tradição.
O investimento de muito trabalho no cultivo da terra, porém, levou ao desejo de posse territorial e à criação do direito de herança. O primogénito herdava a terra e os mais jovens, sem possuírem terras próprias, passavam a servi-lo, ou, então, a servir a outros.
As sociedades dos agricultores e criadores de gado organizaram-se em tribos. A tribo era um grupo maior que a horda. Era constituída por um conjunto de famílias que viviam na mesma região e que provinham de um tronco comum. As famílias eram chamadas de clãs.
A fabricação e o uso de instrumentos de metal provocou o grande salto na produção agrícola. Os novos instrumentos permitiram produzir mais e melhor em menos tempo. Com isso as comunidades primitivas começaram a produzir mais do que necessitavam. Essa produção a mais chama-se: excedente.
Com o aumento da produção apareceu também a propriedade privada de terra, de ferramentas, animais, etc. Instalava-se com isso a desigualdade entre os homens e entre as tribos. Os proprietários passaram a explorar o trabalho dos outros. Surgiu a escravidão. Pela primeira vez, a sociedade dividiu-se em partes opostas: os donos de escravos e os escravos. O mundo passou a ter um novo modo de produção baseada no esclavagismo e em novas relações sociais baseadas na desigualdade.
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