Clicar no Título e na imagem
A batalha das Termópilas, travada no contexto da II Guerra Médica, decorreu no Verão de 480 a.C., no desfiladeiro das Termópilas, na Grécia Central. Ali, de acordo com a tradição veiculada pelo historiador Heródoto de Halicarnasso, trezentos espartanos, sob o comando do rei Leónidas, enfrentaram centenas de milhares de persas liderados por Xerxes, filho de Dário.
Leónidas, sabendo-se perdido, teria ordenado a retirada dos não espartanos, com 300 compatriotas teria combatido o colosso persa.
A grande disparidade numérica entre os combatentes levou a que a batalha terminasse, aparentemente, com uma vitória persa - muito embora os Gregos, antes de serem totalmente aniquilados, tenham conseguido infligir um elevado número de baixas e retardar consideravelmente o avanço dos Persas.
A intervenção dos Gregos, para além de os levar a morrer como homens livres, e não como escravos, foi decisiva para o futuro do conflito, pois atrasou o avanço persa por três dias, assim permitindo a salvação de Atenas e, por conseguinte, a nascente e actual Civilização Ocidental.
As Termópilas, do grego: ερμοπύλαι, thermopylai, significando “portas quentes” são um desfiladeiro situado bem no centro da Hélade, encravado entre as cadeias montanhosas do monte Eta (a), em grego “Όρος Οίτη”, é uma montanha no Sul da Grécia Central, que forma uma fronteira entre os vales dos rios Esperqueu e do Cefisso beócio.
A 2.160 metros de altitude, faz parte da cadeia dos montes Pindo. Na sua parte Oriental, chamada de Calídromo, chega próximo ao mar, deixando apenas uma passagem estreita, conhecida como o famoso passo das Termópilas. Havia também um passo elevado, a Oeste do Calídromo e um braço de mar, o golfo de Mália, situando-se na fronteira entre as regiões da Fócida a Sudoeste, da Ftiótida a Noroeste, da Lócrida a Nordeste e da Beócia a Sudeste. Devem o seu nome ao facto de no seu interior existirem fontes sulfurosas, sendo que o estreito, uma simples faixa de areia entre o mar e o desfiladeiro era, em três dos seus troços, as famosas “portas”, às quais o estreito foi buscar o seu nome, esse estreito tinha por volta de apenas 10 metros de largura.
Tratava-se de uma região relativamente estéril, apta somente para o pastoreio; por esse motivo e também pela sua intrincada orografia, bem conhecida dos Gregos, foi o local estrategicamente escolhido pelas forças da Liga Helénica para deter o ímpeto persa, por se situar relativamente longe das bases de apoio que estes tinham na Tessália, tal dificultaria e eventualmente frustraria a sua investida.
De facto, os Helenos compreenderam que apenas teriam possibilidade de deter o avanço persa numa região montanhosa. Se tivessem decidido dar batalha aos Persas na vasta planície da Tessália, teriam sido derrotados muito mais facilmente, pois ver-se-iam de imediato rodeados pela vasta massa humana do inimigo e liquidados ante a desproporção dos números; de resto, foi questão muito discutida, entre os defensores da Grécia, saber qual a melhor localização para deter o avanço persa, se nas Termópilas, se no Istmo de Corinto; porém, acabou por vingar a primeira posição, muito pela pressão que Atenas colocou: se as forças gregas se concentrassem em Corinto, Atenas ficaria desprotegida e sujeita ao embate directo com o inimigo.
Nos começos de Agosto de 480 a.C., as forças da Liga helénica posicionaram-se no interior do estreito, com Leónidas no supremo comando, tendo este, no entanto, que fazer face à tentativa de deserção dos Tebanos, acusados de simpatizarem com os Medos, ter-se-ão eventualmente deslocado às Termópilas apenas para que não recaísse sobre a sua cidade a inimizade e o opróbrio dos restantes membros da Liga, e tendo já provavelmente a secreta intenção de se furtarem a meio do combate, como viria, de facto a suceder e aos pedidos dos seus aliados do Peloponeso, que desejavam que as forças se concentrassem no Istmo de Corinto. O rei espartano respondeu com mão de ferro e colocou os Fócios a guardarem a retaguarda do estreito, por forma a evitar qualquer ataque de surpresa.
Ao mesmo tempo, os Persas aproximavam-se do desfiladeiro, tendo Xerxes montado o seu acampamento no topo de uma colina sobranceira, em Mália, onde instalou o trono donde observou, durante dias, o confronto armado entre os seus homens e os irredutíveis Helenos.
Durante quatro dias, Xerxes aguardou em vão que os Gregos dessem luta aos seus homens, mas como tal não se verificasse decidiu ele mesmo atacar, na madrugada do quinto dia; os seus homens, armados somente com um pequeno escudo e uma lança de menores dimensões que a dos hoplitas - Hoplita, do grego ὁπλίτης, era, na Era Clássica da Grécia antiga, um soldado de infantaria pesada. O seu nome provém do grande escudo levado para as batalhas, o hóplon. Gregos, cujo armamento, elmo, couraça, escudo e grevas, um componente das armaduras antigas, que se utilizava para protecção das canelas e joelhos;
tinham ainda uma lança e uma pequena espada que lhes dava, nesta fase do confronto, uma superioridade decisiva. Ao tentarem penetrar no desfiladeiro, os persas, viram-se completamente rechaçados, pois as falanges gregas facilmente destruíram as suas lanças, desarmando-os.
Xerxes, que observava o espectáculo, teria dito, segundo Heródoto, ter “muitos homens, mas poucos soldados”. De fato, embora Xerxes dispusesse de superioridade numérica, as condições do estreito impediam-no de tirar partido dessa vantagem, designadamente, pela impossibilidade de fazer aí atacar a sua célebre cavalaria.
Quando Xerxes ordenou que os archeiros medos disparassem as suas setas, os longos escudos dos Gregos protegeram-nos. É nesse contexto que Plutarco, nos seus “Apotegmas dos Espartanos”, atribui a Leónidas uma célebre afirmação, em resposta a um soldado que dissera que as flechas dos Medos tapavam o Sol: “Melhor, pois se os Medos taparem o Sol, combateremos à sombra”. Heródoto, porém, reporta esta afirmação a um tal Dieneces, tido como um dos mais bravos soldados de Esparta. Plutarco afirma ainda que Xerxes procurou evitar o combate por todos os meios, tendo enviado cartas ao rei espartano, dizendo-lhe que lhe atribuiria o governo da Satrapia da Grécia se este depusesse as armas e se passasse para o lado persa, ao que Leónidas teria respondido, muito laconicamente, como era característico dos Lacedemónios: «Vinde buscá-las!». Como estas estratégias não davam resultados, Xerxes ordenou enfim que avançassem os 10 000 imortais, comandados por Hidarnes.
Tratava-se do corpo de elite da infantaria persa, o qual, de acordo com a tradição, devia o nome ao facto de, assim que morria um dos seus combatentes, este ser imediatamente substituído, perfazendo dessa forma um total constante de dez mil, por isso mesmo tidos como «imortais». Embora mais bem treinados e equipados que o resto do exército, esta estratégia não surtiu o efeito desejado, não tendo sido capazes de amover os Gregos da sua posição no interior do estreito. Inclusive, o rei, sentado no seu trono no alto da colina, viu morrer um irmão no confronto.
Os Gregos infligiram um elevado número de baixas no exército persa dezenas de milhares de homens, isto para além de reterem a sua marcha durante vários dias; os homens e o tempo perdido nas Termópilas foram cruciais para o subsequente fracasso de Xerxes, pois nesse lapso de tempo possibilitou a evacuação da população de Atenas.
As Termópilas constituem o exemplo, em termos de estratégia militar, de como um pequeno grupo de soldados bem treinados pode ter, em circunstâncias de desigualdade numérica, um grande impacto sobre um número de inimigos muito maior, tal como sucedeu também, por exemplo, no Álamo; contudo, esta estratégia só é eficaz num terreno desfavorável ao inimigo (campo fechado), pois, como foi dito, se a batalha tivesse sido travada numa planície, facilmente os Gregos sairiam derrotados.
(a) Na mitologia grega o Eta é celebrado principalmente como palco da morte do herói Heracles (Hércules para os romanos). Pronto para morrer, ele subiu o monte, onde preparou uma pira funerária com árvores, deu o arco e as flechas a Peias, pai de Filocteto, e deitou-se sobre ela, com a sua cabeça apoiada no bastão e, coberto pela sua pele de leão, ordenou então a Filocteto que ateasse fogo à pira.
Sem comentários:
Enviar um comentário
A HISTÓRIA É A IDENTIDADE DE UM POVO. QUANDO SE ESQUECE, SE DESTRÓI OU SE OCULTA ALGO, PERDE-SE A ANALOGIA.