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domingo, 12 de setembro de 2010

DO ABSOLUTISMO AO LIBERALISMO


A partir da Baixa Idade Média, o cenário político europeu sofreu transformações que romperam com o carácter local que o poder assumia durante o auge das relações feudais. O aparecimento de novos grupos sociais e as crises que se desenvolveram nesse mesmo período abriram caminho para um gradual processo de centralização política que ampliou o papel exercido pela autoridade monárquica. Os senhores feudais tinham, antes disso, uma autonomia que fazia com que os reis fossem meras figuras decorativas.

Para que pudessem reafirmar o seu poderio, muitos reis contaram com o expresso apoio da burguesia local, que tinha uma série de interesses por de trás da ascensão do regime absolutista. Com a presença de um Estado centralizado, seria possível implementar uma série de padrões monetários e fiscais que permitiriam a ampliação das actividades comerciais. Além disso, a formação de exércitos também viabilizaria uma situação mais segura para que os deslocamentos comerciais fossem realizados.

Na medida em que a autoridade do rei ganhou força, diversos pensadores surgiram e passaram a reflectir sobre esse novo tipo de experiência. Muitos desses intelectuais concordavam com a existência de um rei que estivesse acima do restante da população. Entre estes, podemos citar pensadores como Nicolau Maquiavel, Thomas Hobbes e Jacques Bossuet. Dessa maneira, o regime absolutista passou a ganhar base científica necessária para que as monarquias europeias tivessem o seu poderio legitimado.

Segundo o pensamento absolutista, o rei deve ter a capacidade de equilibrar devidamente as suas acções mediante a constante necessidade de fortalecer o Estado e, ao mesmo tempo, obter o reconhecimento do poder por ele exercido. Sob tal aspecto, as doutrinas absolutistas acreditam que o monarca deve habilmente distinguir a moral das “razões do Estado” para que pudesse alcançar os seus objectivos.
Outro tipo de justificativa que também marca o absolutismo trata das condições históricas que legitimavam esse tipo de governo. Segundo as teorias de Hobbes, a falta de uma instituição que pudesse mediar os possíveis conflitos entre os homens, poderia levar uma determinada sociedade à sua própria ruína. Dessa forma, o Estado deveria organizar uma espécie de “contrato social” que pudesse limitar os direitos do indivíduo a favor do bem de toda a sociedade.

Sendo uma teoria política condizente com o seu tempo, o absolutismo também buscou justificativas de natureza religiosa para defender a necessidade de um organismo político centralizado. Sob tal aspecto, o “direito divino dos reis” dizia que a ascensão do monarca ao trono condizia com a manifestação de uma vontade de Deus. Dessa forma, quando os súbditos iam contra as leis e ordens estabelecidas pelo rei, cometiam uma ofensa contra os desígnios teológicos.

Historicamente, o absolutismo viveu o seu auge durante os três primeiros séculos da era moderna. Ao chegarmos ao século XVIII, as doutrinas estabelecidas pelo pensamento liberal e as diversas crises do poder monárquico foram responsáveis pela queda do absolutismo na Europa. Para exemplificar tal mudança, podemos apontar a Revolução Francesa, em 1789, como um dos mais expressivos episódios que deflagram a queda do absolutismo.

Porem a história do liberalismo abrange a maior parte dos últimos quatro séculos, começando na Guerra Civil Inglesa e continua após o fim da Guerra Fria. O liberalismo começou como uma doutrina principal e esforço intelectual em resposta às guerras religiosas, segurando a Europa durante os séculos XVI e XVII, embora o contexto histórico para a ascensão do liberalismo remonte à Idade Média.

A primeira encarnação notável da agitação liberal veio com a Revolução Americana, e do liberalismo explodiu um movimento global contra a velha ordem durante a Revolução Francesa, que marcou o ritmo para o futuro desenvolvimento da história humana.

Liberais clássicos, que em geral destacaram a importância do livre mercado e as liberdades civis, dominaram a história liberal no século após a Revolução Francesa. O início da Primeira Guerra Mundial e a Grande Depressão, porém, aceleraram a tendência iniciada no final do século XIX na Grã-Bretanha para um novo liberalismo que enfatizou um maior papel para o Estado melhorar as condições sociais devastadoras.

No início do século XXI, as democracias liberais e as suas características fundamentais de direitos civis, liberdades individuais, sociedades pluralistas e o estado de bem-estar haviam prevalecido na maioria das regiões do mundo; o liberalismo, resumidamente, defendia a descentralização política.


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