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quinta-feira, 17 de junho de 2010

A RECONQUISTA CRISTÃ NA IBÉRIA


Por volta do ano 711 toda a Península Ibérica seria invadida por hordas berberes, comandadas por Tarik ibn-Ziyad,
obrigando os visigodos a recolherem-se principalmente nas Astúrias, uma região no Norte da Península, que, pelas suas características naturais, colocava grandes dificuldades ao domínio muçulmano. 
Além disso, os muçulmanos estavam mais interessados em atravessar os Pirenéus e derrotar os Francos, visto terem como objectivos conquistar todos os territórios à volta do Mediterrâneo, o que acabou por não acontecer, pois foram derrotados pelos Francos
O período compreendido entre 711 e 1492 foi marcado, na Península Ibérica, entre outros factos, pela presença de governantes muçulmanos. Em nome da recristianização da região, ocorreu um longo processo de lutas, considerado por alguns como parte do movimento de cruzadas, resultando finalmente na completa reconquista do território por parte dos cristãos. 
Durante esta fase, dá-se o nascimento do Reino de Portugal e de outros diversos reinos na Península Ibérica. Enquanto Portugal já em 1250 tinha os seus limites muito próximos dos actuais, a unificação da Espanha deu-se desde o reinado de Fernando e Isabel (os Reis Católicos), de forma gradual, embora, até hoje ainda existam manifestos movimentos separatistas.
     
O primeiro reino cristão foi o das Astúrias, fundado por Pelágio, e mais tarde de Reino de Leão. Nos princípios do século X a província de Navarra tornou-se independente, formando o Reino de Navarra.
Os Reis Ásturo-leoneses foram alargando os domínios cristãos que atingiram o rio Mondego  (Afonso III de Leão, e, ao mesmo tempo, iam repovoando terras e reconstruindo igrejas e mosteiros, ficando célebre na parte ocidental o Mosteiro de Guimarães  – com grandes propriedades rústicas e muitos castelos por todo o norte do país. 
Porém, já no século X, as discórdias entre os chefes cristãos enfraqueceram o reino, e Almançor tomou a ofensiva destruindo Leão, a capital, e reduzindo o reino cristão ao último extremo. 
No século XI, Sancho de Navarra, rei de Navarra, anexou o condado de Castela e, por sua morte, os seus estados foram divididos pelos três filhos, sendo nessa altura os condados de Aragão e de Castela elevados à categoria de reinos. O reino de Castela coube a Fernando I, o Magno, mas este em breve apoderou-se também do reino de Leão.
Fernando, rei de Leão e Castela, notabilizou-se na luta contra os muçulmanos recuperando muitas terras, entre as quais Coimbra  (1064), alargando assim definitivamente os limites da reconquista até ao Mondego. Este monarca desenvolveu o território entre o Douro e Mondego, o qual aparece designado por Portucale, separadamente dos outros territórios da Galiza, com dois distritos ou condados – Portugal e Coimbra – gozando de autonomia administrativa, com magistrados próprios.
Fernando I, ao falecer (1065), repartiu os seus domínios pelos filhos: Sancho ficou com Castela,  Afonso com Leão e Astúrias, e Garcia com a Galiza (e portanto com o condado de Portugal), transformando-o em reino independente. Depois de varias lutas entre os irmãos, morto Sancho e destronado Garcia, Afonso VI de Castela reúne novamente todos os estados de seu pai, tornando-se assim rei de Leão, de Castela e de Galiza.
Afonso VI, aproveitando as lutas entre os principados muçulmanos após a desagregação do califado de Córdova  (1031), prosseguiu a guerra contra os infiéis e conquistou Toledo, onde fixou a capital. Face às vitórias cristãs, os emires pedem auxilio aos Almorávidas da Mauritânia, e estes, vindo à Península, derrotam os exércitos cristãos na Batalha de Zalaca  (1086).
Porém, a Oeste, os nobres galegos e do condado portucalense, tomam Santarém e a seguir Lisboa e Sintra (1093), estendendo assim a Reconquista até ao Tejo. Contudo, em 1110, uma reacção mais forte dos Sarracenos trouxe-os de novo até junto de Santarém e após um longo assédio a cidade rendeu-se, diminuindo de extensão o poder dos leoneses. Santarém permanece então no poder dos mouros até ser reconquistada definitivamente por D. Afonso Henriques em 1147.
Acudindo aos apelos de Afonso VI, entre os cavaleiros de além-Pirenéus, vem Raimundo, filho do conde de Borgonha, que casaria com D. Urraca, filha do rei de Leão e recebe deste (1093) o governo de toda a Galiza até ao Tejo. No ano seguinte chega à Península Ibérica, D. Henrique, irmão do Duque de Borgonha e primo de Raimundo, que recebe a mão de D.Teresa, filha ilegítima de Afonso VI e recebe, depois, o governo da província portucalense que fazia parte do Reino da Galiza - terra que o seu filho Afonso Henriques  (revoltando-se contra ela e o seu padrasto Fernão Peres de Trava) alargou e tornou em reino independente. Assim, a formação do reino de Portugal foi uma frutuosa consequência das Cruzadas do Ocidente.
O reino da Galiza passou a ser unicamente aquele ao Norte do rio Minho, ficando, com o tempo, mais dependente do poder do Reino de Castela, limitada por Leão a Este e por Portugal a Sul, a Galiza assumia assim a sua fronteira e Portugal seria o único a constituir um estado independente do poder castelhano.
Depois de D. Afonso VI de Leão, o último grande reconquistador espanhol até aos reis católicos, a reconquista contra os Almóadas foi prosseguida pelos reis de Portugal, Castela, Aragão e pelos condes de Barcelona.

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