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domingo, 18 de abril de 2010

PORTUGAL E AS GUERRAS COLONIAIS NO ULTRAMAR

Depois da segunda Guerra Mundial, o despertar do continente africano e a generalização dos movimentos de independência exerceram o seu impacto também nas colónias portuguesas. Tanto em África como na Metrópole surgiram vários grupos, mais ou menos clandestinos, de unidade africana. Na década de Cinquenta, alguns estudantes negros e mulatos das universidades de Lisboa gritaram aos poucos um plano de independência num enquadramento africano. Perseguidos pela polícia, tiveram de saír de Portugal e de buscar refúgio no exílio.

O seu movimento era sobretudo intelectual, e escassos os contactos com as populações indígenas. Mergulhada numa vida tribal, primitiva, a esmagadora maioria dos africanos não tinha condições para reagir a activistas intelectuais nem podia compreender os seus objectivos. Mau grado as expressões enfáticas dos defensores da independência, havia pouca consciência nacional em torno de conceitos como Angola ou Moçambique, criações artificiais de finais do século XIX.

Os povos da África portuguesa, divididos por diferenciações tribais e linguísticas, dificilmente poderiam ir além dos seus horizontes agrícola e pecuários de cunho local. Uma maneira possível de promover rebeliões entre eles seria fomentar ódios étnicos (de negro contra branco) ou explorar descontentamentos contra violências físicas por parte dos colonos. Outra possibilidade mais remota estava na junção de forças com os movimentos anti-salazaristas, no fito de desencadear uma revolução geral contra o colonialismo.

Esta hipótese parece ter sido aceite por alguns grupos oposicionistas portugueses - sobretudo entre os exilados - embora se pergunte até que ponto esses grupos aceitariam a aliança para além de uma mera estratégia política que derrubasse o Estado Novo.

Os movimentos em S. Tomé começaram depois dos massacres de Batepá, em que exército e colonos mataram centenas de nativos.

Na Guiné em 1959 depois das reivindicações salariais de marinheiros e estivadores em Bissau, reprimidas pela polícia de que resultaram mortos e feridos.

Em Angola. Em Fevereiro de 1961 algumas centenas de filiados no M.P.L.A., passavam ao ataque armado de prisões, quartéis e a estação emissora de Luanda. Em Março de 1961, tribos do norte de Angola com o auxílio ou instigação de congoleses, massacrando selvaticamente centenas de colonos e suas famílias.

Toda esta situação levou à repressão violenta por parte das autoridades e dos próprios colonos, apoiados por elas, aliás com o auxílio de não poucos indígenas.

Difundiram-se amplamente relatórios das atrocidades que se diziam cometidas pelos Portugueses. O caso português atraiu a atenção mundial.

Contudo, os insurgentes, como as nações estrangeiras em geral e outros e muitos dentro do País, subestimaram a tenacidade do Governo e a capacidade da própria Nação em tentar resolver o problema por via militar e também por outros meios

Mau grado um acordo táctico entre o MPLA e a FNLA em 1972, é possível dizer-se que Angola se achava próximo de pacificação total por ocasião do 25 de Abril e que Portugal dominava praticamente todo o território da colónia.

Em Moçambique, um incidente catalisador, o chamado massacre de Mueda em 1960, que foi uma repressão contra os que protestavam contra as cooperativas que o governo colonial procurava impor. Essa repressão foi violenta, e segundo fontes dificilmente controláveis, teria causado centenas de mortos entre os trabalhadores contestatários.

Em 1974, perto de 80.000 soldados portugueses brancos actuavam nos três territórios. Além deles, havia que contar com, pelo menos, outros tantos soldados negros. Eram no entanto, raras as confrontações abertas, e a maioria dos militares regressava à Pátria sem nunca ter visto nem ouvido o inimigo. O resultado traduzia-se no seu número relativamente pequeno de baixas de morte, avultando, em contrapartida, as baixas por desastre e os feridos.

No golfo da Guiné, as formas armadas da recém-criada República do Dahomey, expulsaram os poucos residentes portugueses da fortaleza de S. João Baptista de Ajudá, depois do gesto romântico do seu comandante, que deitou fogo ao edifício antes de se render ( 1961 ).

Na Índia, em 1954, os dois pequenos enclaves de Dadrá e Nagar-Avely foram permanentemente ocupados pelos indianos. Em Dezembro de 1961, tropas indianas invadiram Goa, Damão e Diu. Completamente submergidos por forças várias vezes superiores às suas, os Portugueses ofereceram apenas uma resistência simbólica, acabando o governador Vassalo e Silva ( depois condenado e banido do exército , em Lisboa ) por ordenar uma rendição geral.

Em Macau, a oposição entre a ideologia oficial portuguesa e a ideologia marxista chinesa levou à intervenção da China e à sua quase ocupação da cidade. Na década de sessenta, a propaganda maoísta inundou a pequena colónia.

Quando as autoridades procuraram resistir e obstar ao facto, a China fomentou um levantamento popular (1966), que obrigou o governo local e o governo de Lisboa a submeterem-se a todas as exigências chinesas.

Macau passou a ser, em grande parte, controlada pela China e foi definitivamente entregue em 20 de Dezembro de 1999 à República Popular da China.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Colonial_Portuguesa

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