A construção das caravelas eram executadas à beira do Tejo, na Ribeira das Naus, junto ao Palácio Real, onde trabalhavam os mestres de carpinteiro, os quais não se serviam de planos, nem de desenhos técnicos, motivo por que são ainda, em grande parte, desconhecidas as técnicas de construção naval daquele tempo.
Porém com as suas experiências, “...saber de experiência feito...” sabiam exactamente as medidas mais equilibradas e como deviam proceder na construção, para que o navio funcionasse com perfeição. Eles dirigiam grupos de trabalhadores que eram compostos por aprendizes, carpinteiros e calafetes, competindo a estes a aplicação da estopa e do betume entre as tábuas, para a sua impermeabilização. Os ferreiros e fundidores que fabricavam as peças e os objectos de metal; os veleiros que manufacturavam as velas; os cordoeiros que fabricavam os cabos e cordas e os tanoeiros que cuidavam da construção das pipas para o transporte da água, dos vinhos, dos alimentos e grande parte da carga. O material empregue na construção das caravelas eram os seguintes: Para o casco, eram utilizadas as madeiras de pinho, carvalho, castanheiro e sobreiro; para a calafetagem do casco era empregue a estopa, breu, pez, resina e alcatrão; para os mastros eram empregues as madeiras de pinho não resinado, chamada “riga”, do norte da Europa; as velas eram confeccionadas em linho ou lona, as cordoarias eram feitas com esparto ou linho e nas peças fundidas eram empregues os metais como o ferro, aço, chumbo, bronze, estanho, cobre e latão.
A caravela tinha um casco estreito e fundo, motivo por que era dotada de uma grande estabilidade em mar aberto; por baixo do convés havia um espaço que servia para transportar os mantimentos. No castelo de popa, era onde se situavam os aposentos do capitão e do escrivão. Porém a grande novidade deste navio foi a utilização das velas triangulares ou latinas que em mar aberto, permitiam que a caravela, ou qualquer navio do nosso tempo, avançasse “à bolina cerrada” em ziguezague a 35º contra o vento. As caravelas não possuíam os mesmos tamanhos; as pequenas levavam entre vinte e cinco a trinta homens e as maiores chegavam a levar a bordo cerca de cem homens. Geralmente a tripulação era formada por marinheiros muitos jovens, os capitães podiam ser rapazes entre os vinte e trinta anos de idade; eles eram “o chefe máximo” que comandavam e tinham a competência e a responsabilidade de organizar a vida a bordo e tomar todas as decisões incontestadas, necessárias durante as viagens; o escrivão tinha a competência de registar por escrito o rol da carga e outras ocorrências de maior importância.
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