HISTÓRIA DO TEMPO EM QUE
OS ANIMAIS FALAVAM:
Um macaco vagabundo que andava fugido do bando,
dissidente político, cansado de caminhar, sem destino, encontrou um burro
amarrado a uma árvore à borda da estrada, matreiro, disse-lhe: “Olá burro, se
me levares montado, ficas liberto dessa escravidão”…
Saturado de ser burro de carga, toda a vida, o burro que sonhava ser livre,
acedeu ao convite do insinuante símio e de bom grado, felizes, partiram os dois
em perfeita simbiose. O macaco montado no burro com a corda a servir de rédea.
“Arre burro” dizia o macaco enquanto se balançava, incitando a marcha.
Andaram por caminhos íngremes, montes e vales mas, ao atravessarem um deserto, sedentos, encontraram uma árvore, alta, com frutos suculentos. Oh! que bom, disse o burro, mas não posso ir lá acima. Logo o macaco respondeu ao burro: “vou lá eu acima buscar a fruta, mas só a carrego se continuar montado em ti”. Tá bem disse o asinino, e assim continuaram … o macaco montado no burro a comer a fruta; em três que comia, só dava uma ao asno, porque era “burro” e não dava conta.
Mais longe encontraram a pele de um leão. O astuto macaco disse ao burro: “veste a pele do leão que a gente vai aí a uma quinta procurar comida”. Assim fizeram, o obediente burro vestiu a pele do leão e o macaco continuou montado nele. Arre burro dizia o macaco. Calcorrearam muito, até ao por do sol e, por fim, chegaram a uma grande quinta, onde pediram guarida. No dia seguinte pela manhã, o macaco reuniu todos e disse à assembleia da bicharada: “Oi gente, meu povo, o leão tem fome! Se não nos derem de comer ele mata algum”. O porco que era governador, com medo de ser o primeiro, deu ordens de serviço e providenciou bastante comezaina, com o devido arraial, com danças e cantares da bicharada. A porca, sua mulher, apreensiva pediu uma audiência ao macaco e indagou-o receosa, se num dia de fome o leão não comeria algum leitãozinho da sua prole. Não, isso talvez nunca aconteça, respondeu o macaco, o leão come carne mas também é vegetariano. A notícia espalhou-se de boca em boca e foi publicada no jornal da quinta, e assim toda a bicharada ficou tranquila, pois sendo assim, um leão devorador mas também vegetariano não era preocupante.
Ali ficaram, muito tempo, no ripanço da boa vida, o burro disfarçado de leão como presidente e o macaco como ministro sem pasta da administração interna. Como a vida é boa diziam os malandros, refastelados.
Um dia o burro distraiu-se dos cuidados recomendados pelo macaco e um rato que era jornalista, fisgou-o pela fresta da porta e viu o burro a despir-se da pele do leão. Não perdeu tempo foi logo dali contar na rádio da bicharada. Organizaram uma assembleia geral que, por unanimidade, deu numa violenta revolução. De imediato correram à procura dos meliantes de pau na mão, à cacetada aos dois malandros que se puseram em fuga, a galope, sem olharem para trás.
Em debandada, o macaco, como sempre, montado no burro, dava às “esporas” e gritava: Arre burro! Foge, foge burro…!
MORAL DA HISTÓRIA: Burro não confia em macaco nem veste a pele de leão.
Autoria da história e adaptação antropomórfica: O próprio.
“Arre burro” dizia o macaco enquanto se balançava, incitando a marcha.
Andaram por caminhos íngremes, montes e vales mas, ao atravessarem um deserto, sedentos, encontraram uma árvore, alta, com frutos suculentos. Oh! que bom, disse o burro, mas não posso ir lá acima. Logo o macaco respondeu ao burro: “vou lá eu acima buscar a fruta, mas só a carrego se continuar montado em ti”. Tá bem disse o asinino, e assim continuaram … o macaco montado no burro a comer a fruta; em três que comia, só dava uma ao asno, porque era “burro” e não dava conta.
Mais longe encontraram a pele de um leão. O astuto macaco disse ao burro: “veste a pele do leão que a gente vai aí a uma quinta procurar comida”. Assim fizeram, o obediente burro vestiu a pele do leão e o macaco continuou montado nele. Arre burro dizia o macaco. Calcorrearam muito, até ao por do sol e, por fim, chegaram a uma grande quinta, onde pediram guarida. No dia seguinte pela manhã, o macaco reuniu todos e disse à assembleia da bicharada: “Oi gente, meu povo, o leão tem fome! Se não nos derem de comer ele mata algum”. O porco que era governador, com medo de ser o primeiro, deu ordens de serviço e providenciou bastante comezaina, com o devido arraial, com danças e cantares da bicharada. A porca, sua mulher, apreensiva pediu uma audiência ao macaco e indagou-o receosa, se num dia de fome o leão não comeria algum leitãozinho da sua prole. Não, isso talvez nunca aconteça, respondeu o macaco, o leão come carne mas também é vegetariano. A notícia espalhou-se de boca em boca e foi publicada no jornal da quinta, e assim toda a bicharada ficou tranquila, pois sendo assim, um leão devorador mas também vegetariano não era preocupante.
Ali ficaram, muito tempo, no ripanço da boa vida, o burro disfarçado de leão como presidente e o macaco como ministro sem pasta da administração interna. Como a vida é boa diziam os malandros, refastelados.
Um dia o burro distraiu-se dos cuidados recomendados pelo macaco e um rato que era jornalista, fisgou-o pela fresta da porta e viu o burro a despir-se da pele do leão. Não perdeu tempo foi logo dali contar na rádio da bicharada. Organizaram uma assembleia geral que, por unanimidade, deu numa violenta revolução. De imediato correram à procura dos meliantes de pau na mão, à cacetada aos dois malandros que se puseram em fuga, a galope, sem olharem para trás.
Em debandada, o macaco, como sempre, montado no burro, dava às “esporas” e gritava: Arre burro! Foge, foge burro…!
MORAL DA HISTÓRIA: Burro não confia em macaco nem veste a pele de leão.
Autoria da história e adaptação antropomórfica: O próprio.
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