Procurava meditando se para além da morte, no etéreo imaterial, se exibisse uma visão da vida terrena; um significado teúrgico, criacionista da própria existência. Um paradigma universal que iluminasse um ideal anacrónico: Caos ou ordem (cosmos) acaso ou necessidade (anarquia), espiritualidade. Seria lúcido, humano, utópico pensar que o ser humano existe para além da vida? Que a vida devia ser cumprida com a moral vigente - qual duvidosamente instituída - mas com a humanidade solidária de que devíamos estar conscientes, e que uma existência incorpórea, extemporânea, cósmica, nos daria uma visão crítica da vivência terrena interrompida?...! Todas as filosofias ou religiões que nos absorvem a mente coincidem num ponto, gnóstico, negativamente ou não, na ordem espiritual, transmutável, etérea, do corpo a espírito. Se formos darwinistas, materialistas, subjectivamente nietzscheanos, os humanos, como todos os outros seres terrenos irracionais, são simples consequências dum acaso ou necessidade, matéria ou selecção natural evolutiva e o espírito fina-se quando o corpo falece, como consequência de uma efémera passagem terrena. Sonhos de uma existência imaterial. O espírito é o suporte consistente ou imaterial, incorpóreo? Mas algo, de uma forma ou de outra, nos consciencializa e cumpre, obriga, racional e peremptoriamente enquanto viventes, a uma existência comum, embora diferenciada, livre, fraterna, solidária, igualitária e sem dogmas.
POESIA, PARA TODA A ETERNIDADE:
Quando deixar de sonhar, ficar quieto,Sem mais réstia de espírito criador,
Quedar-me no infinito do espaço, no tempo...
Quando não mais respirar um sopro de vida.
Quando fisicamente morrer por fim.
Quando o meu corpo, hirto, frio, inerte,
Consumido pelo fogo da pira, então purificado;
Transformar-se em pó, cinza lançada no Mar,
Pousada, diluída, na areia branca do fundo.
No imenso, belo, mundo azul do silêncio.
Aí sim, quero sonhar de novo, eternamente...
José Douradinha
"...Meu estro vai parar desfeito em vento..."
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