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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A ARMADA INVENCÍVEL (vídeo)


Poderosa frota com a qual Filipe II, em 1588, tentou invadir a Inglaterra pelo Canal da Mancha. Apesar da significativa superioridade numérica espanhola, a armada foi derrotada pelos navios ingleses. Esta vitória abriu caminho ao poderio naval e colonial da Inglaterra. Filipe II, rei de Espanha, Portugal e dos Países Baixos, filho de Carlos V e de Isabel de Portugal, desde sempre se afirmou como fervoroso católico, defendendo a sua fé mais pela força das armas do que por qualquer via mais pacífica.

Aliando-se constantemente às mais diversas facções de cariz católico, intrometeu-se por diversas vezes na política interna de outros países em nome da luta contra o protestantismo ou da fidelidade a Roma, tendo como objectivo a pretensão a tronos europeus. Esta aspiração imperialista lançou a monarquia espanhola numa rota de colisão com uma potência emergente na Europa, governada por uma rainha dura e arreigadamente protestante, à procura do domínio geopolítico do mundo: a Inglaterra de Isabel I.

Após a feroz perseguição de Isabel de Inglaterra aos católicos e a extinção ou abolição dos privilégios e instituições destes nos seus domínios, cuja expressão máxima foi a execução de Maria Stuart e do conde de Essex, aliados das nações fiéis a Roma, aliadas à imposição do anglicanismo como religião oficial no seu país, para além do apoio militar que deu - sem sucesso - aos revoltosos protestantes das províncias dos Países Baixos sob jugo espanhol, Filipe II lança-se contra a soberana britânica.

Outras razões motivam, porém, este seu ódio: a marinha inglesa, em crescendo militar, era um obstáculo cada vez mais forte ao domínio absoluto dos mares por parte dos espanhóis; corsários, como Drake ou Hawkins, perseguiam e saqueavam constantemente os ricos galeões espanhóis e portugueses, no Atlântico ou no Índico. Drake terá chegado à provocação de atacar a frota espanhola baseada em Cádis, infligindo danos e afrontando a orgulhosa monarquia espanhola.

A Inglaterra ganhava uma posição cada vez mais preponderante, Filipe II decide conquistar o reino de Isabel I. Na sequência da morte no cadafalso de Maria Stuart, manda aparelhar uma gigantesca armada, como antes nunca se vira. Ao todo cerca de 200 navios, dos quais 31 eram portugueses, com perto de 20 000 homens, concentrados em Lisboa sob o comando do duque de Medina Sidónia. A esta imensa armada auguravam-se os mais retumbantes êxitos na guerra contra a Inglaterra.

A frota zarpa do Tejo a 27 de Maio de 1588, chegando em Julho ao Canal da Mancha.
Grande parte dos pilotos, marinheiros e soldados da Invencível Armada eram portugueses, apesar de serem comandados por espanhóis. Tal facto gerou controvérsia na altura, dado que os portugueses, de certo modo, não se sentiam à vontade a combater em navios do seu país e serem comandados por espanhóis, alegando uma certa ignorância dos capitães da armada espanhola quanto às artes da guerra no mar.

Os ingleses, pelo seu lado, conseguiram tomar maior proveito dos seus navios de guerra. Cada esquadra era comandada de acordo com a nacionalidade dos capitães, homens e navios. Desta forma, evitavam-se motins ou outras acções de insurreição.
No porto de Portsmouth esperava-a a armada inglesa, capitaneada por Lord Effingham, à frente de 170 velas, com cerca de 6000 homens.


No final daquele mês, iniciam-se os combates entre Portsmouth e a ilha de Wight, nos quais os espanhóis tentam impor a força do número, na expectativa da chegada de um contingente suplementar às ordens de Alexandre Farnésio, aliado de Filipe II. Nestes recontros navais, os ingleses, conhecedores do litoral da Mancha, procuram manter uma certa distância da armada espanhola, dela se esquivando de forma a evitar trocas de artilharia ou abordagens que lhes poderiam ser fatídicas, tal era o poderio bélico da frota de Filipe II de Espanha.

Alguns recontros esporádicos e mais ou menos isolados do grosso das esquadras terão ocorrido, durando esta situação sete dias. Todavia, na noite de 6 para 7 de Agosto de 1588, os ingleses comandados pelo célebre corsário Sir Francis Drake, lançam embarcações com combustível a arder contra os barcos espanhóis, conjugando o seu poder de destruição com uma previsível alteração meteorológica: de facto, caem sobre a armada de Filipe II ventos fortes que intensificam a deflagração dos incêndios e a sua propagação a outras embarcações, lançando o pânico e vulnerando a frota, com os barcos cada vez mais separados e descomandados, perante as eventuais arremetidas dos ingleses.

Estes, aliás, atacam e incendeiam os galeões espanhóis que tinham ficado incólumes à tempestade e aos incêndios, devastando ainda mais a já de si destruída frota comandada por Medina Sidónia, que se terá mostrado pouco conhecedor da guerra naval, a par de uma certa indecisão e falta de audácia que lhe eram características.
A maior parte dos efectivos militares da Armada Invencível morre ou desaparece, regressando apenas 53 embarcações a Espanha, o que deita por terra os desejos de conquista de Inglaterra por parte de Filipe II.

À destruição da maior parte do efectivo naval espanhol, tão importante para a manutenção e defesa do império ultramarino e dos seus rentáveis circuitos económicos, junta-se um grande descontentamento popular. Os ingleses, por seu lado, perdendo talvez só um navio tripulado, conquistam uma posição de força que lhes servirá de rampa de lançamento para o domínio crescente dos mares e a construção de um império que tocará todos os continentes e oceanos da Terra. Com a derrota da Armada Invencível, caía também por terra o velho princípio ibérico do “mare clausum”, pelo qual o mundo se dividia em duas partes iguais, destinado cada uma delas a um dos reinos peninsulares, que desde 1580 eram um só...

O “mare liberum” triunfa, tal como a legitimação do corso inglês, holandês e francês e a oportunidade de aparecerem novos projectos nacionais de expansão ultramarina.
A esquadra espanhola perdia assim a coesão e via-se reduzida a menos de metade dos navios, que conseguiriam escapar contornando as costas da Escócia e Irlanda, uma atribulada viagem que sofreu as tempestades de Setembro, típicas na região, que contribuíram para a decadência da frota. Esta humilhante derrota teria também grandes repercussões para Portugal.

No aspecto ultramarino como no campo meramente naval, a participação portuguesa nesta aventura filipina constituiu uma grande adversidade. Para além da constante ameaça às suas colónias e entrepostos comerciais afro-asiáticos e brasileiros desde a união ibérica de 1580. Neste confronto com os ingleses Portugal terá perdido na frota lusa a maior parte dos seus navios e centenas dos seus homens embarcados, de onde resultou o empobrecimento do reino em dinheiro e em gentes, e sofrimento prolongado devido a uma situação na qual não tínhamos qualquer responsabilidade.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A DINASTIA TUDOR



Os Tudor foram uma dinastia de monarcas britânicos que reinou em Inglaterra entre o fim da Guerra das Rosas em 1485 e 1603.
A família Tudor tem a sua origem no século XII, com Ednyfed Fychan de Tregarnedd (1179-1246), mordomo-mor do Príncipe de Gwynedd, Llewelyn ap Iorwerth. O primogénito dos seus 12 filhos, Gorowny, teve um filho, Tudur Hem, conhecido posteriormente como “o velho”, que viveu de 1245 a 1311. Dele descendem os Tudor.
No início do século XV viveu Owain ou Owen Tudor (1400-1461), filho de Maredudd ou Meredith Tudor, que se casou com Catarina de Valois, filha do rei Carlos VI, o Louco, princesa de França e viúva de Henrique V de Inglaterra.

Desta união nasceu Edmundo Tudor, Conde de Richmond, que casou com Margarida Beaufort, neta de João de Gant, pais do rei Henrique VII de Inglaterra. A condição de Edmundo à data do seu nascimento era incerta, dado que os seus pais ou não eram casados ou o casamento era ilegal, uma vez que rainhas consortes estavam proibidas por lei de voltar a casar.
As pretensões de Henrique VII à coroa baseavam-se no facto de ser trineto do rei Eduardo III, embora por duvidosa via feminina, ilegítima. Para cimentar a sua posição, o primeiro soberano Tudor decidiu casar com a princesa Isabel, herdeira da Casa de York, filha do rei Eduardo IV e da sua consorte Isabel Woodville.

É também a única mulher na história de Inglaterra a ter sido filha, irmã, mulher e sobrinha de monarcas reinantes. Foi considerada uma das beldades do seu tempo.
A Dinastia Tudor governou a Inglaterra num período relativamente pacífico, depois da sucessão de guerras com a Escócia, da Guerra dos Cem Anos e da Guerra das Rosas. A economia e o comércio prosperaram apesar dos conflitos internos que marcaram o período, resultantes do repúdio da autoridade papal da Igreja Católica Romana e da fundação da Igreja de Inglaterra chefiada pelo próprio rei. Era o início dos movimentos protestantes, luteranos, na Europa.

Por altura do fim do reinado de Isabel I, a Rainha Virgem, dita Gloriana e Boa Rainha Bess, última monarca Tudor, a Inglaterra era uma das maiores potências navais europeias após a derrota naval espanhola denominada de Armada Invencível, poderosa frota com a qual Filipe II de Espanha, em 1588, tentou invadir a Inglaterra pelo Canal da Mancha.

Os Tudor foram sucedidos pela Casa de Stuart, a dinastia reinante de monarcas escoceses, depois de Isabel I morrer em 1603 sem descendência directa, sucedeu-lhe Jaime I, em inglês, James I; foi rei da Inglaterra e da Irlanda (1603-1625), sendo antes disso rei da Escócia, com o título de Jaime VI (1567-1625).