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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A ORIGEM DA ESCRITA


Para estudarmos o fenómeno doas origens da civilização, na Ilha de Creta, nela os dados apresentam-se mais abundantes e o progresso é contínuo: vê-se o homem avançar, desde os primeiros tempos até uma época em que já mora nos esplêndidos palácios de Cnosso e Festo e navega pelos mares, negoceia, funda colónias e inventa artifícios de beleza comparáveis aos nossos tempos mas, devido ao facto de só agora terem começado a serem decifradas as escritas pré-helénicas, cumprirá recordar que o conhecimento da organização política desses povos se baseia em simples conjecturas.

Não se pode dar um “texto” completo. As referências são de poemas posteriores em que se notam sobrevivências de um passado muito antigo. O homem, como indivíduo, o génio, o herói, o monarca, o chefe de Estado, não surgiram diferenciados.

Minos era apenas um nome, como Teseu, Dédalo, Ariadne. Esta circunstância é devida também à falta de textos. Quem sabe as surpresas que surgirão quando se chegar a ler e a compreender integralmente os hieróglifos Cretenses.

Acredita-se que a escrita fonética começou a surgir por volta do ano 3.500 a.C., a partir da escrita cuneiforme dos sumérios, a qual misturava elementos de carácter fonéticos e pictográficos.

Ainda não se sabe com certeza absoluta, porém, a primeira escrita apareceu na região entre os rios Tigres e Eufrates, na Mesopotâmia, locais onde surgiram as primeiras civilizações urbanas, cidades de Lagash, Umma, Nippur, Ur e Uruk, entre o sexto e o primeiro milênio AC.

Estas civilizações estavam formadas por pequenas comunidades sob a autoridade de um soberano e ante a necessidade de controlo administrativo; surgem os primeiros registos da escrita que foram os registos contáveis relacionados com as quantidades de sacos de grãos ou cabeças de gado. Este tipo de contas estava reservado a um grupo privilegiado: os escribas, que ocupavam também importantes cargos sacerdotais. Esses registos contáveis realizavam-se sobre tábuas de argila, que uma vez escritas eram secas ao sol.
Utilizavam para escrever, objectos de metal, osso e marfim, largos e pontiagudos em uma das extremidades e de outra, plano, em forma de paleta com a finalidade de poder cancelar o texto, alisando o material arranhado ou errado.
Em princípio, as tábuas só serviram para registos contáveis, posteriormente foram utilizadas para inscrições votivas, comemorativas, narrações históricas, relatos épicos, exemplo disso são as estrelas babilónicas e o código de Hammurabi e o poema de Gilgamesh, estes elaborados com material muito mais duradouro.

Essas informações chegaram até nós, em virtude do descobrimento da biblioteca de Ebla (cidade próxima a Ugarit), que constava de duas salas. Uma onde se encontravam os documentos administrativos, legais, históricos e religiosos e outra onde se encontravam os documentos económicos. As tábuas estavam guardadas em cestos e caixas de madeira ordenadas com inscrições para poderem ser localizadas.
O mais extraordinário das primeiras escritas é que elas puderam adaptar-se às outras línguas: suméria, acádia, hitita e persa. Assim, entre o terceiro e primeiro milénio AC., a escrita cuneiforme estendeu-se até ao sul da Palestina e norte da Arménia, sem esta extensão teria sido impossível decifrá-la.
Os hieróglifos foram usados durante um período de 3500 anos para escrever a antiga língua do povo egípcio.

Existem inscrições desde antes de 3000 a.C. até 394 d.C., data aparente da última inscrição hieroglífica, numa parede no templo de Ilha de File.
Constituíam uma escrita monumental e religiosa, pois eram usados nas paredes dos templos, túmulos, etc. Existem poucas evidências de outras utilizações.

Durante os mais de três milénios em que foram usados, os egípcios inventaram cerca de 6900 sinais. Um texto escrito nas épocas dinásticas não continha mais do que 700 sinais, mas no final desta civilização já eram usados milhares de hieróglifos, o que complicava muito a leitura, sendo isso mais um dos factores que tornavam impraticável o seu uso e levaram ao seu desaparecimento.

UMA DAS PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES


Faraó era o título atribuído aos reis com estatuto de deuses no Antigo Egipto. Tem a sua origem imediata do latim tardio Pharao-onis, por sua vez do grego Φαραώ e este do hebraico Parōh, termo de origem egípcia que significava propriamente "casa elevada", indicando inicialmente o palácio real. O termo, na realidade, não era muito utilizado pelos próprios egípcios. No entanto, devido à inclusão deste título na Bíblia, mais especificamente no livro do "Êxodo", os historiadores modernos adoptaram o vocábulo e generalizaram-no.

A imagem que o grande público tem, geralmente, dos faraós, vem, em grande parte, daquela que nos é dada pelas grandes produções cinematográficas de Hollywood, os chamados filmes bíblicos dos anos cinquenta do século XX, onde o Faraó aparece como um monarca todo-poderoso que governa de modo absoluto, rodeado de uma corte de servos e obrigando uma multidão de escravos a construir monumentos em sua honra, como nos filmes Land of the Pharaohs “A Terra dos Faraós de Howard Hawks de 1955 ou em The Ten Commandments "Os Dez Mandamentos" de Cecil B. DeMille de 1956.

Mas, ainda que muitos dos faraós tenham sido, sem dúvida, déspotas a ideia da monarquia absoluta tem aqui os seus primórdios. A verdade é que este termo abrange uma grande variedade de governantes, de índoles e interesses diversos. Em cerca de três mil anos de tradição faraónica, passaram pelo trono do Egipto homens e algumas mulheres com aspirações bem diferentes.

Desde os misteriosos construtores das pirâmides de Gizé, ao poeta místico Akhenaton, passando pelo lendário Ramsés II, encontramos toda uma diversidade de indivíduos que, no seu conjunto, governaram uma das primeiras civilizações da humanidade.
É difícil de determinar datas precisas na história dos faraós, já que os testemunhos desta época são escassos, além de virem numa época em que a própria história estava nos seus primórdios, isto é, a escrita ainda estava nos seus inícios.

A tradição egípcia apresenta Menés ou Narmer, em grego, como sendo o primeiro faraó a unificar o Egipto, até então dividido em dois reinos. Segundo a história, este seria o primeiro governante humano do Egipto, a seguir ao reinado mítico do deus Hórus. Documentos históricos, como a Paleta de Narmer, parecem testemunhar essa reunificação sob o faraó Menés, cerca de 3150 a.C, ainda que os egiptólogos pensem que a instituição faraónica seja anterior. Por isso, se fala também de uma dinastia zero.

Quanto ao último dos faraós, todos estão de acordo em dizer que se tratou de Cesarion, Ptolomeu XV, filho de César e Cleópatra VII, pertencente à Dinastia Ptolomáica ou Lágida.

Ptolemeu XV Casear, nascido a 23 de Junho de 47 a.C. e assassinado em Agosto de 30 a.C., foi o último faraó da Dinastia ptolemaica do Egipto. Também conhecido como Caesarion “pequeno César”. Caesarion foi elevado ao estatuto de faraó pela sua mãe a 2 de Setembro de 44 a.C., quando tinha apenas três anos. É pouco provável que tenha tido algum papel político relevante dada a sua jovem idade e comparativamente à anterior sagacidade política de Cleópatra, sua mãe.

Após o assassinato de César nos Idos de Março em 44 a.C. a qualidade das relações diplomáticas entre a casa faraónica do Egipto e a República de Roma começou a deteriorar-se. O auxílio prestado por Cleópatra a Marco António, rival de Octávio Augusto,  na guerra civil, foi o pretexto encontrado por Roma para invadir o Egipto após a batalha naval de Actium. Cleópatra enviou Caesarion para um local seguro e suicidou-se em seguida, antes de ser apanhada pelos romanos. Octávio Augusto, no entanto, necessitava de eliminar Caesarion, uma vez que este era o único filho que César gerara, e mandou matar o jovem faraó pouco tempo depois da anexação do Egipto concretizada a 1 de Agosto do ano 30 a.C.
“Mapa-múndi", segundo a Geografia de Cláudio